BARROSO da FONTE |
Rendo-me ao mérito dos blogues que vieram
preencher o vazio das revistas cor-de-rosa e dos jornais que vendem o crime
como se fosse o erotismo dos antropófagos. O universo entrou em erupção a
começar pelos seres humanos que se julgam donos de quanto a vista alcança e o
sonho ficciona. A informática
agigantou-se perante o que o poder da mente atingira como explicável. Na
viragem do século XX para o XXI, o progresso científico marcou o fim do ciclo
empírico para o qualitativo, cujos sortilégios ofuscam os homens que se
consideravam deuses. A estação espacial das novas gerações, ainda não foi
localizada porque a mente humana, cedeu à ambição dos mais ousados.
O blog é hoje a ferramenta mais usada para
cruzar o globo e para incendiar o planeta que nos foi colocado debaixo dos pés,
como palco de todas as veleidades científicas.
Desde que troquei o cajado de pastor pela
lapiseira, viciei-me na arte de formar e de informar. É esta a definição
do jornalismo com o qual noivei aos catorze anos. Foi em 1953 que contraí esse
vício. Faz 65 anos no próximo dia 24 (de Janeiro). O calendário informa que o
ano tem: 365,242199 dias. Se multiplicar estes
365,242199 (dias) por 65 anos, sendo certo que todos os dias escrevi, em média,
um artigo, confirmará que fui autor de, pelo menos: 23.9740 742. É óbvio que,
simultaneamente, colaborei em diversos jornais, regionais e nacionais, diários,
semanários, quinzenários e mensários. De uns fui mero colaborador, de outros,
chefe de redação, de mais alguns fundador e diretor.
Se menciono estas minúcias
no intróito do blog tempocaminhado@gmail.com é para lembrar aos mais novos que nestes meus 65 anos de
«cabouqueiro» da imprensa regional (e não só), é porque o jornalismo atravessou
diversas fases até chegar ao estado em que o vemos perder o impacto que teve
entre os séculos XX e o XXI.
Nos últimos 50 anos do
século passado era o tempo do chumbo. Existiam as muitas tipografias que tinham
os tipos (daí o nome de tipografia) no tabuleiro. Os tipógrafos, encostados às
mesas com esses tabuleiros, com o texto manuscrito ou dactilografado à sua
frente, por ordem alfabética das letras de cada palavra, compunham as colunas e
as páginas, pesadas e inamovíveis. A seguir vieram as grandes rotativas que
através de elevadas temperaturas transformavam o chumbo, em linhas uniformes
que depois de arrefecidas em água, alinhavam nas colunas e com estas páginas.
As fotografias tinham que ser fundidas em zinco-gravuras. No Porto havia, pelo
menos, uma casa especializada no tratamento dessas chapas que vinham coladas
num soco de madeira, com a altura da página.
A quarta fase trouxe-nos a
geração do offset que aboliu a zinco-gravura e evitou as viagens
apressadas ao Porto. A geração mais recente é a edição digital em que tudo se
faz com um computador, equipado com programas para realizar todas as tarefas
inerentes às publicações. Deixaram de ser precisas ferramentas, como: o
estêncil, o telex e o fax.
A internet simplificou centenas
de anos, porque a era da informática e da internet revolucionaram tudo quanto
se usara no mundo da informação.
Aquilo que por muitos anos
se chamava jornalismo, passou a chamar-se comunicação audiovisual no sentido
lato do termo. O vocábulo jornalismo era restrito à imprensa escrita. É um
francesismo que se usava para divulgar as notícias do dia.
Podemos hoje, tratar por tu:
a comunicação escrita, falada e vista. Ou aquilo que se escreve, se fala ou se
vê: jornal, rádio e televisão. Outros chamam ao trio: os audiovisuais.
A generalização destas
ferramentas, dividiram a sociedade em duas metades: antes e depois da internet.
Pessoalmente resisti ao
salto para o uso da nomenclatura informática. Uso-a pela certeza de que é
irreversível. Veio para ficar. Da minha geração para trás quem não se integrar
ficará isolado. Na linguagem falada, na utilização dos meios tecnológicos, no acesso
aos sortilégios do desenvolvimento, na equidade aos meios sociais, na fruição
dos bens da natureza. Na era do áudio não sou exemplo para ninguém. Mas dá para
reconhecer que o defeito é meu e não da complexidade tecnológica em que todos
estamos envolvidos.
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