João
Lemos Esteves - jornal SOL
opiniao@newsplex.pt
1.Pois
bem, os nossos media e os comentadores do sistema (que têm medo de perder os
respectivos empregos por criticar a esquerda) têm prosseguido nos últimos dias
a saga da TSU. Continuam sem perceber a posição do PSD, inventando argumentos,
sendo protagonista da maior fraude institucional e hipocrisia política das
últimas décadas.
Julgávamos
que os limites já tinham sido todos ultrapassados: estávamos enganados. A
geringonça veio introduzir um novo padrão anormalmente mínimo de seriedade e de
ética. Na política e naquela imprensa portuguesa que serve essa política.
2.Perante
a falta de argumentos racionais e credíveis para criticar a posição do PSD, eis
que se lembraram do argumento histórico: o PSD, em 2012, estando no Governo,
defendeu a redução da TSU para incrementar a produtividade da economia
portuguesa. E, portanto, o PSD agora só poderia votar favoravelmente,
viabilizando mais uma medida da “geringonça”.
Este
argumento (como não poderia deixar de ser) teve a sua origem nos comentários de
Luís Marques Mendes, devidamente inspirados por Marcelo Rebelo de Sousa.
3.Querem
invocar o argumento histórico? Então, olhemos lá para o argumento histórico.
Primeiro:
se a história vale para forçar o PSD a votar favoravelmente à descida da TSU,
então, também vale para criticar os jornalistas e fazedores de opinião que, em
2012, eram tão, tão críticas dessa medida do Governo Passos Coelho e até
organizaram uma grande manifestação da “maioria silenciosa” contra essa mesma
medida – e agora parecem ser os defensores de primeira linha da redução da
carga fiscal para os “diabólicos” patrões!
Então,
a medida era terrível quando aprovada por Passos Coelho – mas é fantástica
quando aprovada por António Costa? Os mesmos que saíram à rua contra a redução
da TSU em 2012 – são os mesmos que crucificam Passos Coelho por recusar
viabilizar a mesma medida, com argumentos políticos irrefutáveis, em 2017? Mas,
claro, são todos muito coerentes (não é, senhor director do DN, Paulo
Baldaia?).
4.Mais
concretamente, passemos a analisar o que defendiam os mesmos doutos Marcelo
Rebelo Sousa e Marques Mendes em 2012.
4.1.
Quanto a Marcelo, o então comentador da TVI foi letal na análise que fez à
medida de Pedro Passos Coelho – considerando mesmo que o “Primeiro-Ministro
dava a sensação de que achava que era bestial e os portugueses eram umas
bestas”.
Para
Marcelo, a TSU era uma medida incompreensível porque “em nenhum país do mundo
há uma medida destas”. Reduzir a TSU, o imposto dos patrões? – não lembrava ao
careca, para o nosso actual Presidente
da República.
Mais:
a medida de Passos Coelho era um “ataque à justiça social”, pois ainda “há
espaço para aumentar a tributação sobre o capital e os rendimentos mais
elevados”. Ou seja: para Marcelo, em 2012, a redução da TSU era puro darwinismo
social – a solução era aumentar impostos. Como sempre…
Mais
ainda: para Marcelo, em 2012, a redução da TSU levantava problemas de
inconstitucionalidade, porque “a medida não é excepcional e não dá nada ao
Orçamento de Estado”. Então, agora o Presidente promulga a medida, lendo a
correr o diploma, sem pensar na questão da inconstitucionalidade?
Dir-se-á
que a medida de António Costa é excepcional – mas não é.
É
que embora se repute como excepcional, a verdade é que o diploma legal não fixa
qualquer limite temporal para a vigência da solução legal! A excepcionalidade
da lei não resulta nem do seu texto, nem da sua estrutura, nem do seu espírito,
ao contrário do que é referido pelo Presidente da República!
E o que dá esta medida ao Orçamento de Estado,
Senhor Presidente? Então aplicando o seu critério não é inconstitucional? O
Marcelo comentador e constitucionalista de 2012 virou-se contra o Marcelo
Presidente de 2017? Qua é a diferença: é que, em 2012, a medida era de Passos
Coelho; em 2017, a medida é de António Costa. Para Marcelo, só o PSD é que
governa contra a Constituição…
4.2.
E Marques Mendes? Marques Mendes, no essencial, já então, seguiu o comentário
de Marcelo Rebelo de Sousa, replicando-o no seu espaço às quintas feiras na TVI
24, com Paulo Magalhães (por acaso, assessor de comunicação de Marcelo em Belém
actualmente).
Em
que termos? Que a redução da TSU era um disparate, nunca testada em país nenhum
e que voltaria os portugueses contra Passos Coelho. Perguntamos: então e agora
a redução da TSU não vira os portugueses contra António Costa, Dr. Luís Marques
Mendes? Só vira quando é o PSD a aprovar a mesma medida?
Mais
tarde, quando Passos Coelho recuou na medida, Marques Mendes congratulou-se por
Passos o ter ouvido e não ter sido teimoso. Ou seja: Marque Mendes puxou para
si os méritos de a redução da TSU nunca ter entrado em vigor. Agora, o mesmo
Luís Marques Mendes quer a redução a TSU!
Isto
não é incoerência, Luís Marques Mendes? Isto não é ser catavento mediático,
Marques Mendes?
Nem
se diga que, desta feita, a medida resultou da concertação social. Não: a
medida, segundo o número dois do Governo geringonçado, resultou da “feira de
gado”…E, pelo que lemos na imprensa, já há muitos candidatos a “vacas voadoras”
para salvar (mais uma vez) António Costa desta…
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