BARROSO da FONTE |
O atual governo tinha prometido reverter,
praticamente, tudo aquilo que o governo anterior fizera.
Um
governo que faz promessas desse estilo revela mais ódio do que bom senso.
Porque mexe com pessoas, com serviços, com estruturas que custam balúrdios ao
erário público e, para desfazer o que foi mal feito, destrói trabalho, esbanja
o que estraga e consome, com vinganças, novas somas de dinheiro que seria muito
mais útil em serviços inexistentes. Esse hábito de desfazer quem chega, o que o
anterior deixou feito, é, declaradamente, um grave erro. É um erro pior do que
aquele que pretende corrigir.
Recentemente
a Câmara de Lisboa resolveu inutilizar a ampla Avenida da República e
introduzir um novo figurino que, a avaliar pelos testemunhos que os media repercutiram,
não facilita a circulação de pessoas e de viaturas. A centenas de milhões que
ali foram investidos dariam melhores frutos se investidos na construção de
casas para os sem-abrigos. Só que as eleições na apetecida Câmara de Lisboa não
se ganham com a resolução de situações sociais, mas materiais. Têm que ser
espaços de fachada opulenta e com um centro propício à colocação de uma placa
vistosa para esculpir o nome do político que ordenou esse seu desejo.
O exemplo de Lisboa simboliza o que se passa
em qualquer vila ou cidade de outras zonas do País.
Em
Guimarães, onde vivo, com os 111 milhões destinados à realização da Capital
Europeia da Cultura, deu-se um reboliço
que mexeu com todos. Cometeram-se dezenas de erros urbanísticos de toda
a ordem. Esse programa europeu ficou na retina de quem viu e gostou de dois
espetáculos primorosos: a inauguração e o encerramento. Tudo o mais foi
fachada, maquilhagem, confusão urbanística e um amontoado de ideias e de
projetos, dos quais resultaram frustrações, falências, logros, numa palavra: um
fiasco.
Em
2009, quando foi feito o anúncio da CEC, Guimarães vibrou de euforia. Quando se
soube que viriam 111 milhões, anunciados pela então ministra da Cultura Isabel
Pires de Lima, todos os comensais da área do poder, esfregaram as mãos de
contentes porque tanto dinheiro nunca mais acabaria. A cidade acordou como se tivesse
acontecido algo de fantástico. Tal desarrumação durou até 2012. E para qualquer
reclamação vinha a desculpa: tenham paciência, isto é por causa da CEC.
Ora da CEC ficaram na retina apenas dois
momentos: a inauguração e o encerramento. Dois espetáculos de excelência que
iludiram milhões de tele-espetadores. No meio desses programas e programinhos
houve quem vendesse prédios urbanos, devolutos, condenados a ruínas de longo
curso, para museus, casa de estudantes, laboratórios da paisagem, albergue de
arquitetura, casa da memória...
De
Lisboa, Porto e arredores chegaram técnicos, formaram-se orquestras,
editaram-se mais de uma centena de livros e publicações cor-de-rosa.
Seis anos depois ainda há processos de
indemnização para resolver. Só um desses reclama 400 mil euros- A viatura do
Presidente da CEC, apodrece num parque da Oficina. Foi o JN que a mostrou.
Meia
dúzia de mamarrachos às moscas. A Casa da (triste) Memória, já tem montões de
queixas.
O
gabinete de imprensa para liderar essa opulenta comandita funcionava em Lisboa.
Constituiu-se uma Fundação para gerir essa panóplia de intenções. O partido do
poder que já tinha poderes a mais, reforçou essas lideranças. Toda a gente
ganhava dinheiro pelas vindas à cidade para a qual traziam ideias e levavam
prémios. Dizia-se à boca cheia que a CEC publicou mais de uma centena de
livros. Esses livros terão vindo e voltado com quem os coordenou. Nós que somos
pessoa de livros quisemos comprar uma coleção dessa centena. Nunca soubemos
onde encontrá-los.
Soubemos
que uma boa parte desses livros estiveram armazenados, ao longo de anos.
Publicava-se um ou outro. Mas ninguém tinha acesso a eles. Só para os amigos.
João Serra que foi o chefe da Casa Civil do
Dr. Jorge Sampaio, quando este foi PR, terá ficado desempregado. E o chefe, por
solidariedade, deve tê-lo convidado a acompanhá-lo. Como A. Magalhães, ao seu
estilo ditatorial, saneou Cristina Azevedo, da Presidência da CEC, por esta ter
admitido o Dr. Ricardo Rio por um contrato de seis meses, ela deixou o lugar
para o Prof. João Serra. Sempre a família política a gozar com o dinheiro de
todos. Volvidos seis anos esse processo do saneamento, na altura mediado pelo
Dr. Jorge Sampaio, com a sua capa partidária, diluiu a gravidade do
despedimento selvagem. Cristina voltaria para a CCRN e a CEC pagaria a
diferença de salário. Só que como disse ao JN o vereador da Cultura, de
Guimarães, o dinheiro da CEC (ou da Câmara), guardado para essa indemnização,
entretanto, foi gasto noutros fins. E Cristina Azevedo, é, desde aí, colunista
residente do JN. Exige ela 400 mil euros para que Magalhães e o Conselho de
Opinião durmam sossegados. O diferendo prossegue, na exata dimensão da CEC que
tem meia dúzia de mamarrachos às moscas nos quais gastou muitos milhares de
Euros.
Apesar destas cumplicidades de muitos
implicados, José Serra, no flash do JN de 21 de Janeiro veio elogiar a CEC e o
Vereador da Cultura da Câmara de Guimarães.
Num corajoso gesto de agradecimento político, não se coibiu de defender
o passado cultural de Guimarães ao afirmar que «foi (a CEC) uma excelente
aposta, bem como a Casa da Memória». Disse mais: «Penso que a CEC foi um
momento que potenciou, pelo menos, duas décadas de política cultural
consistente».
O 2º Presidente da CEC, nos cerca de 3 anos
que esteve em Guimarães, não investigou a verdade. Investigou apenas aquilo que
lhe interessou dizer pelo emprego que lhe entregaram por causa do saneamento da
sua antecessora. Irei demonstrar isso em livro em preparação.
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