A legislação sinodal portuguesa do final do século XVI e do século
XVII, referencia os contornos
contra-reformistas. O mecenato impôs aos artistas o respeito por determinadas
composições italianas e flamengas. Seguindo aliás, as determinações da igreja
contra-reformista. Estas impunham que as colecções de gravuras se norteassem
por regras de “decoro” artístico e de “rigor” litúrgico, dentro dos cânones
impostos por Trento. Estas concepções estéticas foram difundidas em todo o
mundo cristão. Além das disposições de “decoro”, havia um objectivo didáctico
que, como lembra Umberto Eco, já havia sido sancionado pelo sínodo de Arras em
1025, segundo o qual, o que os humildes não podiam aprender através da escrita
devia ser-lhes ensinado através das figuras.
Contudo, o simbolismo e a complexidade do Livro de Tobias, não se
adequam a estas directivas. Por essa razão só em condições excepcionais o ciclo
de Tobias foi representado pela arte do Renascimento , em determinados círculos
culturais. E é escasso na arte portuguesa, como Vitor Serrão já assinalou com
propriedade, indicando as suas diminutas iconografias. Ao contrário dessas, o
programa iconográfico de Lobrigos
pretende ressaltar os cinco painéis centrais sobre a vida de Cristo e os
painéis dos anjos do Apocalipse que, à primeira vista, parecem ser distribuídos arbitrariamente , juntamente com
alguns relacionados com o Arcanjo São Miguel e a Anunciação.
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