BARROSO da FONTE |
O
jornalismo, como eu o conheci nos anos cinquenta, foi chão que deu uvas. Por
isso cresce a corrupção, aumenta o caos e
medra o compadrio. Se eu ainda tivesse a liberdade que tive no tempo da
«censura» do Estado Novo, descobriria a careca a alguns camafeus que entraram
na política com as calças na mão e, sempre enlameados, remaram a favor da
corrente, chegando a deuses do reino da sua própria «ambição».
Os
mais sensatos dizem-me que acabe com este tipo de jornalismo porque não
endireito o mundo. Pelo contrário: serei ostracizado, perseguido, vítima da
minha ingenuidade.
Talvez opte pelo silêncio. Mas nunca me
juntarei a eles porque prefiro morrer de pé.
À
falta de jornais onde possa exprimir as minhas mágoas contra este estado de
vegetação, vou-me valendo de alguns blogues com os quais me identifico. Sempre
em defesa dos valores supremos que preconizo e defenderei enquanto tiver alguma
lucidez. Aos jornais que resistem, desejo longa vida.
Há uma década poucos sabiam o que era um blogue.
Hoje haverá cerca de 250 mil. Um estudo internacional diz-nos que Portugal é um
dos países onde mais gente escreve em blogues. E uma sondagem da Nielsen,
diz-nos que mais de 20% dos cibernautas portugueses visitam diariamente
blogues, facto que representa o dobro da média europeia. Essa mesma sondagem
leva-nos a concluir que os países europeus com mais baixos índices de escrita e
leitura de blogues são os escandinavos, enquanto aqueloutros países em que a
blogosfera se mostra mais ativa são, além de Portugal, a Grécia e a Itália.
Possuir um blogue nos primeiros tempos para
quem quisesse criar uma página na Internet tinha de conhecer bem a linguagem de
programação «html» (Hyper Text Markup Language) e tinha de pagar o alojamento
do seu site. Hoje qualquer pessoa mesmo pouco adestrada, com a informática,
pode abrir e alimentar um blogue sem pagar, seja o que for.
No dia em que escrevo esta crónica recebo um mapa em permanente
atualização da Biblioteca Municipal do Porto, através do qual se verifica que
em 29 de Agosto deste ano estavam registados 36.063 títulos de periódicos, em
Portugal, entre os quais 1. 109 jornais do Porto e 2.981 revistas. Já Lisboa, na mesma data, tinha 1997
jornais e 10 567 revistas. Braga tem no
mesmo estudo: 523 jornais e 995
revistas. Vila Real conta com 188 jornais periódicos e 310 revistas.
Este mesmo mapa permite-nos saber que nos
países lusófonos há, proporcionalmente, muito menos periódicos, trate-se de
revistas, trate-se de jornais. Moçambique publica 82 jornais e 245 revistas;
Angola edita 75 periódicos e 327 revistas; Brasil publica apenas 41 periódicos e 304 revistas.
Em síntese: em língua portuguesa nos diferentes espaços da lusofonia, de acordo
com este registo da Biblioteca Municipal do Porto estão registados 36063 títulos, sendo 9.087 em formato de jornal e
26976 em formato de revista. Parabéns
Adriano da Silva!
Os
blogues ainda não mereceram um estudo científico, como as publicações regulares
ou periódicas. Mas envolve muitas mais tribunas, muito maior universo de
cibernautas e uma maior liberdade de exercício porque se olha mais à quantidade
da escrita do que à qualidade. Uns impuseram-se pelo pioneirismo outros pela
fama dos seus criadores, outros ainda pela força dos seus mentores. O Insurgente, Abrupto, Corta-fitas. Estado Civil, Tempo caminhado,
Farrapos da memória, Aquimetem, NetBila, Observador, Portugal, Minha terra, são
alguns dos muitos milhares. Foi pena
acabar com a maior parte da imprensa regional. Com o estrangulamento dessas
tribunas medram os opinadores, políticos, técnicos, sindicalistas e outros
equilibristas que se movem e removem, se culpam e desculpam, nas televisões,
rádios e jornais diários. Assim se «matou» a liberdade de imprensa que era a
menina mimada da democracia, em nome da qual tantas injustiças se propagam
contra os indefesos.
Barroso da Fonte
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