quinta-feira, 10 de março de 2016

O discurso do Presidente (Marcelo)


Ainda não tivemos um minuto para ler na integra o discurso do Presidente da República agora empossado. Deve estar disseminado na internet e no site da presidência. Do mesmo apenas conhecemos alguns rasgos deste ou daquele escrevinhador, ou algumas notas daqueloutro comentador. Contudo, num país em que a corrupção está generalizada ao nível do Burkina Fasto não é de bom senso confiar nessas “iluminarias”.
Das mais confiáveis sabemos que o Presidente citou Torga, o escritor transmontano. E, como bom Cristão e Católico que é, que apelou ao apaziguamento dos portugueses.
Citar o poeta e prosador (também médico) transmontano merece boa nota (talvez um 19!), e apelar ao apaziguamento também.
Em nosso entendimento esperamos muitíssimo (normalmente não usamos o superlativo) mais do presidente Marcelo, até porque a sua formação académica é de Direito. E é exactamente isto que o país precisava neste momento – um Presidente com formação em Leis (não em “leis”).
E é de um presidente com este tipo de formação académica (à qual se junta a sua formação moral católica e cristã) que em futuros discursos gostaríamos de ouvir uma palavra simples – Ética.
O país, segundo dados recentes da OCDE foi assolado desde 2005 por uma onda corrupta que continua a imperar nas instituições que compõem o Estado. Os lugares de chefia onde medraram os corruptos da Administração Pública em 2005, floresceram até 2011 e mantiveram-se até hoje. Ninguém lhes tocou, mas eles continuaram (e continuam) a prejudicar as pessoas decentes, o Estado e o país (Tempo Caminhado: Portugal corrupto).
O governo da direita (como gostam de dizer as manas e a dona Catarina) não corrigiu este pormenor (tentou apenas). Ou porque não soube, ou porque não quis, ou porque não teve tempo. Estas coisas demoram anos (ou décadas). Há, porém, singularidades que, para quem tem decência, demoram minutos ou horas, quanto muito dias. E por essa razão pagou o preço respectivo a quatro de Outubro de 2015.
O afilhado do Professor Marcelo Caetano sabe tão bem como Macróbio que “À medida que se depravam os costumes, multiplicam-se as leis” (foi o que sucedeu no tempo de José Sócrates), ou como Tácito, “Quanto mais corrompido é o Estado mais numerosas são as suas leis”. E como o “profeta” da liberdade, Stuart Mill, também sabe que “As leis nunca se tornariam melhores se não houvesse homens cuja moral é maior do que as leis existentes”; ou como Séneca: “O que a lei não proíbe, proíbe a decência”.              Armando Palavras

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Uma ideia peregrina