domingo, 6 de março de 2016

Falar de livros e de autores Transmontanos

 
BARROSO da FONTE
1.  Dia 21 de Fevereiro último decorreu em Vila Pouca de Aguiar o V Encontro de Livreiros e de livros. Para haver livros e livreiros tem de falar-se de autores. Sem autores não há livros, nem se justificam os livreiros. Mas todos são úteis à cultura que se propaga através de gerações. Eles nos ensinam, nos tiram dúvidas e abrem horizontes. São amigos que devemos respeitar e dar a conhecer.
No recente encontro de Vila Pouca viram-se e ouviram-se alguns livreiros que devemos honrar e difundir. Alguns são melhores mestres do que alguns que saem das universidades com o mestrado. Estes chegam ao mercado com teoria. Aqueles são pragmáticos, transmitem-nos a experiência, que eu valorizo mais do que a teoria.  Não estive neste encontro mas vi e ouvi, o que lá se disse, no pequeno vídeo posto a circular nas redes sociais. Acusaram as televisões sobre a prepotência contra os criativos de todas as artes. Implicitamente acusam-se os recensores e os palcos que eles ocupam para outros temas. Falam, invariavelmente, sempre dos mesmos, do que resulta, não se recomendarem os melhores, mas aqueles que recebem as bênçãos dos regimes, as proteções dos deuses, das maçonarias e dos conluios sociais. É a crise das crises no seu esplendor...

2. Em solidariedade com o espírito desse grupo de amigos do livro, dos livreiros e dos autores, deixo nesta rubrica a referência a três títulos já saídos do prelo, em 2016. Naturalmente já foram editados muitos outros por esse país fora. Mas estes chegaram-me à mão e deles deixo registo.
 A História de Barroso -polémicas. Em 196 páginas o autor José Dias Baptista, licenciado em História e Inspetor do ensino secundário, celebrou em 2015 as bodas de ouro de autor. Sempre foi tido como historiador do seu tempo, mesmo tratando temática desde os primórdios da nacionalidade com predominância nas terras de Barroso. Um dos temas preferenciais teve a ver com a toponímia da sede e das freguesias e lugares habitados do concelho a que pertence. Nomeadamente das Terras de Barroso. Logo a começar avisa, a todos aqueles que o não seguem: «quem escreve «história» não faz a História! - lê apenas ( e ler é interpretar) os documentos) os documentos é que são, esses, sim, a própria História». Com esta advertência, José Dias Baptista procura recordar a quantos dele discordam da evolução semântica, da origem do topónimo que desde o tempo medieval, empresta o nome às Terras de Barroso. Um ano antes o medico Fernando Calvão publicara um outro livro onde divergia de Dias Baptista. Há outras divergências, mas esta é relevante para a região.

3. Manuel Gonçalves de Barros (1882-1965) nasceu em 24 de Fevereiro de 1882, lugar de Stº André (Montalegre). Era neto paterno de Manuel Gonçalves de Barros e de Teresa Vaz e materno de José Damião José Vaz e de Balbina Gonçalves, do mesmo lugar. Quando nasceu havia escola primária em Stº André que em 1706 tinha 100 e cerca de 400 habitantes. Em 1890 ter-se-ão encontrado nos bancos da mesma escola (rara para o tempo), este Manuel Barros e Artur Maria Afonso (que nasceu no mesmo ano, na casa da Corujeira em Montalegre e que viria a ser pai de Nadir Afonso). Essa escola funcionava graças ao padre José Maria Moutinho que fora contratado pela Câmara por 120 mil réis por ano. Nessa altura a média de alunos/ano era de 40 matriculados e 17 a frequentarem com regularidade as aulas. Em 1902 Manuel Barros foi para Lisboa e alistou-se na Armada Portuguesa. Em 1932 media 1,62 e passou a ter bilhete de Identidade civil, emitido em Lisboa em nº502476, em 31-8-1932. Em 1930 era já 1º sargento. Deu a volta ao mundo, prestou serviço em dezanove embarcações diferentes da Armada, teve vários louvores, conheceu todos os oceanos. Em 1933 passou à reforma. Rui Rosado Vieira, licenciado em história e natural de Campo Maior, acabe de editar «Um Barrosão com História», onde biografa, em 124 páginas, o percurso de vida deste ilustre Barrosão de Santo André. Foto da capa do neto Domingos de Barros.

Forno de Parafita
4. O Juiz conselheiro Custódio Pinto Montes, jubilou em 2010. Ele que desde os primeiros tempos de estudante era Orfeonista e cantor de fados de Coimbra, revelou-se poeta insofismável em 2013, com a publicação do livro Vivências. Nascido em Parafita -berço do qual nunca se desprendeu - , fixou residência em Braga, onde sua Mulher sempre lecionou e onde seus filhos nasceram, cresceram e constituíram Família. A Família, a Terra e a Poesia (do melhor que por aí se publica nos últimos anos) são os seus três amores de cada dia. Depois desta trilogia, são os confrades do seu Grupo de Fados de Coimbra, a ocupar os anos do entardecer deste Barrosão que tem o dom de fazer amigos e de partilhar o lado bom da vida no espaço geográfico, entre o Barroso e Braga. Acaba de publicar o segundo volume de poemas a que chamou Outono, ambos com capa da autoria do seu confrade Dr. Domingos Mateus. Muito se irá falar desta obra poética já com apresentações marcadas para o Salão Nobre da sua Câmara Natal e Casas Regionais Transmontanas de Braga e do Porto.

                                                                                Barroso da Fonte

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