Barroso da Fonte |
Desde 24 de Junho de 1128 até 1415, o
país teve o encargo de fixar as fronteiras com a vizinha Espanha, entre a foz
do Rio Minho e Vila Real de Santo António. Desde a Batalha de S. Mamede até à
Tomada de Ceuta, decorreram 287 anos. Não foi fácil subtrair o antigo Condado
Portucalense à Península Ibérica. O reino da Galiza, o mais antigo da Ibéria,
nascera em 411 chefiado pelo Rei Hermerico.
Até 868 Braga foi capital desse Reino que registara a presença dos
Romanos, dos Suevos, dos Godos e dos Visigodos. Após o êxito de Vímara Peres na
reconquista Cristã, foi-lhe confiado o Condado Portucalense que se situava
entre os Rios Douro e o Minho. Em 1071, na Batalha de Pedroso, Nuno Mendes que
governava esse pequeno reino, sob a influência da Galiza, manteve-se fiel ao
Rei Garcia que desafiado por Nuno Mendes, este, não só foi morto, como o reino
foi reintegrado na Galiza. Até 1096, ano do casamento de D.Teresa com o Conde
D. Henrique, o I condado Portucalense
foi reabsorvido pelo Reino galego.
Dia 24 de Junho de 1128, ocorreu a
«primeira tarde Portuguesa». Na Batalha de S. Mamede, aquele território que se
chamara Condado Portucalense passou a ter domínio português. E, embora só em
1179, fosse reconhecido esse novo país, os 57 anos, em que Afonso Henriques
reinou (1128-1185), todo esse tempo foi
preciso para fixar as fronteiras entre a foz do Rio Minho e a Foz do Guadiana.
Em 21 de Agosto de 1415, D. João
I, seus filhos mais velhos: D. Duarte,
D. Pedro e D. Henrique, mais D. Afonso, filho bastardo mas já perfilhado
e seu sogro D. Nuno Álvares Pereira, fizeram o assalto à fortaleza do norte de
África, cidade de Ceuta. Era o primeiro ensaio para a grande odisseia dos
Descobrimentos em que Portugal se notabilizou como império mundial.
Esta efeméride deveria ser motivo
de celebração nacional, por troca com festas, festinhas, romarias, sardinhadas
e festivais pagãos que apenas são pretexto para entreter o povo que anda
acorrentado, anestesiado e iludido com charlatães que em nome de uma democracia
corrupta, corrompida e desnorteada, faz do povo aquilo que convém aos
interesses do novo-riquismo.
Desagradavelmente perdeu-se o respeito
pela história de Portugal. Se não fosse a cultura informática a dar às jovens
gerações a ideia que têm uma cultura sólida, as mentalidades seriam mais
tacanhas do que no Salazarismo mais severo.
A morte lenta, cruel e irreversível da
verdadeira informação que provinha do jornalismo interventivo, denunciador e
incorruptível, foi hipotecada às televisões, às rádios nacionais e seus
satélites. Os grandes grupos económicos
compraram todos os sistemas noticiosos, promoveram legislação apropriada aos
seus interesses e, sob a capa de estatísticas académicas e científicas,
trocou-se o saber fazer, pelo saber viver.
As datas históricas de Portugal foram
riscadas dos mapas e calendários das faculdades de História, das redações da
imprensa escrita, falada ou vista. Queimaram-se os manuais escolares que
inseriam cronologias escorreitas, conhecimentos sólidos, saber pragmático,
testado e recomendado. Em seu lugar investiram-se dinheiros públicos, em
comboios de manuais caríssimos que atormentam os alunos, mas engordam os
livreiros, os empresários, os gananciosos que se multiplicam por cada nova lei
decretada, mesmo que contrária aos interesses do povo.
Recentemente foram extintos alguns
feriados de índole histórica. O 1º de Dezembro teve um deputado nacionalista
que pela sua influência, tugiu e mungiu. Teve algum mérito e, embora não
tenha resultados práticos, serviu para comprovar que, até quem faz as leis e
por elas se bate, ignora a importância dos factos históricos.
Então o dia 24 de Junho de 1128
não é mais importante do que o 1º de Dezembro de 1640? Se Portugal não tivesse
nascido (em 24 de Junho de 1128), como poderia ter sido restaurado (em 1 de
Dezembro de 1640)?
Se qualquer país, velho ou novo,
comemora o dia da sua fundação, por que motivo só Guimarães celebra o dia 24 de
Junho, data da Batalha de S. Mamede? Não deveria ser feriado nacional?
E que sensibilidade cultural têm os
programadores das televisões, rádios e jornais diários, se nem sequer mencionam
nos seus noticiários, datas históricas como: dia 24 de Junho, (dia UM de Portugal), 25 de Julho (nascimento
do nosso I rei), 14 de Agosto (Batalha de Aljubarrota), etc. etc.?
Vivemos cada vez mais num país de
gatunos, de corruptos, de ignorantes, de Chico-espertos, de mentirosos, de
troca-tintas, de oportunistas, de sanguessugas do esforço comunitário.
Esteja o leitor atento para ver
se no próximo dia 21 (Agosto), alguma
televisão, jornal diário ou rádio nacional se refere aos 600 anos da Tomada de
Ceuta pelos portugueses.
Barroso da Fonte
Sem comentários:
Enviar um comentário