Qualquer
livro que respeite os princípios básicos da Comunhão entre os Homens, e,
da mesma forma, o principio fundamental da democracia – a Liberdade -, deve,
como um dia disse o professor Óscar Lopes,
ser acarinhado por duas razões:
1 –
porque acrescenta sempre algum conhecimento às comunidades que trata;
2 –
porque representa o sonho do seu autor. E o sonho de um homem deve ser poupado
à mesquinhez humana do “pelintra” porque, como diz a canção, “o sonho comanda a
vida!”.
E este
livro de Pires Brás, é um sonho de há muito guardado na gaveta da memória.
Esta
breve narrativa, é o retrato de uma vila rural, de província. Num tempo em que
as desigualdades sociais (e de sexo) eram acentuadas. Um tempo em que os
comportamentos, ditados pelo padre e pelo seu séquito beato, reprimiam e
adulteravam a personalidade dos indivíduos.
A trama
local, escrita para gente da terra, inicia-se com Alfredo Pimenta, um
comerciante abastado, casado com Corina (menina de gente rica) que a dada
altura conhece Maria do Céu, uma jovem de 17 anos.
O enredo
percorre este relacionamento “proibido” que se alonga por um período de 70
anos. E nele são expostos os segredos de toda a família: de Corina que havia
casado grávida de outro, da filha Angélica e das suas tragédias, do filho
Zeferino, o “alampado”, como era conhecido na vila, intriguista e invejoso.
O autor,
deambula pelos cantos da antiga vila transmontana, Valpaços, e vasculha a condição humana no mais intimo
da sua alma.
Sem comentários:
Enviar um comentário