sábado, 2 de agosto de 2014

Barroso da Fonte - O rosto de Afonso Henriques é Portugal

                                               O rosto de Afonso Henriques é Portugal

Barroso da Fonte
De acordo com a mais antiga tradição Afonso Henriques nasceu em Guimarães, em 25 de Julho de 1111. E terá nascido naquela que foi a residência condal de Mumadona Dias.
Um grupo de cidadãos de todas as cores ideológicas, desde 2011, vem assinalando essa data, em cada novo dia de Santiago, patrono do 25 de Julho para o mundo católico.
 A União das três Juntas de Freguesia da cidade: Oliveira, Sampaio e S. Sebastião, conjuntamente com a Associação Cívica Os 20 Arautos de D. Afonso Henriques, entenderam conjugar esforços para que o 25 de Julho seja recordado como data do nascimento do nosso I Rei. Ao mesmo tempo,  relembram-se os 875 anos da Batalha de Ourique.
É consensual entre os historiadores mais recuados que foi em 25 de Julho de 1139, que Afonso Henriques venceu  os cinco reis mouros, naquela que ficou conhecida pela Batalha de Ourique. Rezam os mais antigos documentos que nesse recuado dia 25 de Julho completava Afonso Henriques 28 anos de vida.
O programa constou da apresentação do livro «Contos e Lendas da Fundação de Portugal», da autoria de Fernando Capela Miguel, com ilustrações de Salgado Almeida. A sessão decorreu na sede dos 20 arautos de D. Afonso Henriques, associação cívica vocacionada para celebrar as datas históricas, nomeadamente: Batalha de S. Mamede em 24 de Junho; 25 de Julho, data de nascimento do nosso I Rei e dia 1 de Dezembro, data da restauração de Portugal.
 Foi neste último dia 25 de Julho que a primeira capital histórica de Portugal reuniu a União das três freguesias da cidade e a direcção da colectividade Os vinte arautos de D. Afonso Henriques para comemorar, de ora em diante, mais esta efeméride histórica.
  No  Histórico de Guimarães, teve lugar uma ceia medieval, com animação a cargo do Trovador Luso Galaico e Lourenço Viegas.  Sábado, dia 26 abriu ao público uma exposição de Salgado Almeida sobre Lendas da Fundação. Às 11 h teve lugar uma concentração no Largo da Oliveira  com um cortejo até à Colina Sagrada, sendo depositado um ramo de flores aos pés da escultura do nosso I Rei.
 Recorde-se que em 24 de Junho último foi apresentada no Paço dos Duques de Bragança, uma reedição, traduzida do latim, pelo professor Américo Augusto Ferreira, da tese de doutoramento elaborada pelo padre José Pinto Pereira, em Roma, no ano de 1728 . Nessa obra se demonstra  em dez argumentos que Afonso Henriques foi pio, beato e santo. E também nessa fonte se confirma que nasceu em Guimarães, em 25 de Julho.
  Esta síntese historiográfica perturbou, entre 1990 e a presente data, a opinião pública portuguesa.
E ficou a dever-se ao facto de ter o medievalista A. de Almeida Fernandes, nos seus últimos escritos aflorado uma teoria  totalmente contrária àquela que havia defendido ao longo de mais de meio século de investigação. De  facto na sua vasta e profunda obra Almeida Fernandes sempre pugnou pela tradição que reza: o nosso I rei nasceu em Guimarães, em 25 de Julho, no ano de 1111. E tudo teria continuado se esse Autor não tivesse forjado a data de 5, 6 ou 15 de Agosto e em Viseu. Para impor essa data invocou, erradamente, um parágrafo do Prof. José Mattoso numa biografia escrita em Timor, sobre Afonso Henriques. Mattoso apressou-se a esclarecer, publicamente essa má interpretação. Só que a Academia Portuguesa de História, não cuidou da averiguar a veracidade  desse tal parágrafo, antes veio manifestar apoio à versão do entretanto falecido Almeida Fernandes,
sugerindo a alteração dos manuais escolares. Tamanha contradição e incoerência fizeram com que os 900 anos do nascimento de Afonso Henriques, em vez de contribuírem para a união do espírito histórico em torno da figura do Fundador de Portugal, acabaram por criar um cisma, espécie de cataclismo universal no império da Lusofonia. Esse cisma envolveu todos os órgãos de Soberania e a opinião pública ficou mais baralhada e confundida do que já andava por causa da crise económica e política em que o país mergulhou.
  É preciso recomeçar, de novo, voltando aos bancos da escola pré-primária,  explicando aquilo que as gerações mais velhas aprenderam e ensinaram. De facto não foram, até hoje, encontradas provas documentais que permitam alterar a tradição. Chegou a propor-se à Ministra da Cultura, do tempo, para reabrir, pela quarta vez, o túmulo de Afonso Henriques para que a antropologia Forense, estudasse os restos mortais à base daquilo que o ADN já permite aprofundar. Não só não foi autorizada essa abertura, como nenhum organismo público mexeu uma palha que fosse para justificar qualquer alteração. A única coisa que se fez foi uma estátua sem rosto numa Rotunda junto ao palácio do Gelo, nos arredores de Viseu. Mas até  os mentores desse monumento foram infelizes, ao propalarem aos quatro ventos que Afonso Henriques foi um rei sem rosto. Uma afronta ao nosso Primeiro Rei porque sempre teve rosto nos nove séculos de História. Esse rosto é Portugal.
                                                                                         Barroso da Fonte            





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