Barroso da Fonte |
De
acordo com a mais antiga tradição Afonso Henriques nasceu em Guimarães, em 25
de Julho de 1111. E terá nascido naquela que foi a residência condal de
Mumadona Dias.
Um
grupo de cidadãos de todas as cores ideológicas, desde 2011, vem assinalando
essa data, em cada novo dia de Santiago, patrono do 25 de Julho para o mundo
católico.
A União das três Juntas de Freguesia da
cidade: Oliveira, Sampaio e S. Sebastião, conjuntamente com a Associação Cívica
Os 20 Arautos de D. Afonso Henriques, entenderam conjugar esforços para
que o 25 de Julho seja recordado como data do nascimento do nosso I Rei. Ao
mesmo tempo, relembram-se os 875 anos da
Batalha de Ourique.
É
consensual entre os historiadores mais recuados que foi em 25 de Julho de 1139,
que Afonso Henriques venceu os cinco
reis mouros, naquela que ficou conhecida pela Batalha de Ourique. Rezam os mais
antigos documentos que nesse recuado dia 25 de Julho completava Afonso
Henriques 28 anos de vida.
O
programa constou da apresentação do livro «Contos e Lendas da Fundação de
Portugal», da autoria de Fernando Capela Miguel, com ilustrações de Salgado
Almeida. A sessão decorreu na sede dos 20 arautos de D. Afonso Henriques,
associação cívica vocacionada para celebrar as datas históricas, nomeadamente:
Batalha de S. Mamede em 24 de Junho; 25 de Julho, data de nascimento do nosso I
Rei e dia 1 de Dezembro, data da restauração de Portugal.
Foi neste último dia 25 de Julho que a
primeira capital histórica de Portugal reuniu a União das três freguesias da
cidade e a direcção da colectividade Os vinte arautos de D. Afonso Henriques
para comemorar, de ora em diante, mais esta efeméride histórica.
No
Histórico de Guimarães, teve lugar uma ceia medieval, com animação a cargo
do Trovador Luso Galaico e Lourenço Viegas.
Sábado, dia 26 abriu ao público uma exposição de Salgado Almeida sobre
Lendas da Fundação. Às 11 h teve lugar uma concentração no Largo da Oliveira com um cortejo até à Colina Sagrada, sendo
depositado um ramo de flores aos pés da escultura do nosso I Rei.
Recorde-se que em 24 de Junho último
foi apresentada no Paço dos Duques de Bragança, uma reedição, traduzida do
latim, pelo professor Américo Augusto Ferreira, da tese de doutoramento
elaborada pelo padre José Pinto Pereira, em Roma, no ano de 1728 . Nessa obra
se demonstra em dez argumentos que
Afonso Henriques foi pio, beato e santo. E também nessa fonte se confirma que
nasceu em Guimarães, em 25 de Julho.
Esta síntese historiográfica
perturbou, entre 1990 e a presente data, a opinião pública portuguesa.
E
ficou a dever-se ao facto de ter o medievalista A. de Almeida Fernandes, nos
seus últimos escritos aflorado uma teoria
totalmente contrária àquela que havia defendido ao longo de mais de meio
século de investigação. De facto na sua
vasta e profunda obra Almeida Fernandes sempre pugnou pela tradição que reza: o
nosso I rei nasceu em Guimarães, em 25 de Julho, no ano de 1111. E tudo
teria continuado se esse Autor não tivesse forjado a data de 5, 6 ou 15 de
Agosto e em Viseu. Para impor essa data invocou, erradamente, um parágrafo do
Prof. José Mattoso numa biografia escrita em Timor, sobre Afonso Henriques.
Mattoso apressou-se a esclarecer, publicamente essa má interpretação. Só que a
Academia Portuguesa de História, não cuidou da averiguar a veracidade desse tal parágrafo, antes veio manifestar
apoio à versão do entretanto falecido Almeida Fernandes,
sugerindo
a alteração dos manuais escolares. Tamanha contradição e incoerência fizeram
com que os 900 anos do nascimento de Afonso Henriques, em vez de contribuírem
para a união do espírito histórico em torno da figura do Fundador de Portugal,
acabaram por criar um cisma, espécie de cataclismo universal no império da
Lusofonia. Esse cisma envolveu todos os órgãos de Soberania e a opinião pública
ficou mais baralhada e confundida do que já andava por causa da crise económica
e política em que o país mergulhou.
É preciso recomeçar, de novo, voltando
aos bancos da escola pré-primária,
explicando aquilo que as gerações mais velhas aprenderam e ensinaram. De
facto não foram, até hoje, encontradas provas documentais que permitam alterar
a tradição. Chegou a propor-se à Ministra da Cultura, do tempo, para reabrir,
pela quarta vez, o túmulo de Afonso Henriques para que a antropologia Forense,
estudasse os restos mortais à base daquilo que o ADN já permite aprofundar. Não
só não foi autorizada essa abertura, como nenhum organismo público mexeu uma
palha que fosse para justificar qualquer alteração. A única coisa que se fez
foi uma estátua sem rosto numa Rotunda junto ao palácio do Gelo, nos arredores
de Viseu. Mas até os mentores desse
monumento foram infelizes, ao propalarem aos quatro ventos que Afonso Henriques
foi um rei sem rosto. Uma afronta ao nosso Primeiro Rei porque sempre teve
rosto nos nove séculos de História. Esse rosto é Portugal.
Barroso da Fonte
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