segunda-feira, 26 de maio de 2014

Virgilio Gomes - Carpaccio

carpaccio1

A parecer o tradicional...
Virgilio Gomes
Insurjo-me frequentemente pela designação menos correta que é atribuída a alguns pratos. Por muito que custe aos improvisadores de culinária, há receitas que têm princípio, e uma história. A sua história.
Não temos o hábito de considerar uma criação nova como algo sujeito a um registo, a uma patente. O problema é que essa criação culinária é muitas vezes alvo de grande sucesso e as execuções nem sempre são as corretas ou de acordo com a receita original. Isto não é pecado só de nós portugueses. Viajo um pouco pelo Mundo e tenho encontrado vários surpresas e, lamentavelmente, quase sempre pela negativa. A pior de todas foi num país tropical, com muito calor pedir um “Carpaccio” acompanhado de uma salada e, depois, comeria apenas uma sobremesa. Indignação do “maître” por este cliente pindérico, mas eu aguentei a sua má disposição. Quando chegou o “Carpaccio” eis que me apresentam umas fatias de carne bem cortadas e cruas mas completamente cobertas por um molho à base de mostarda (que não deixava sequer ver a carne) e uma imensidão de alcaparras! Chamei o “maître” que, ainda mais mal disposto, não entendeu a minha exclamação e respondeu que naquele restaurante era assim e que nunca ninguém tinha reclamado. Aquilo era o legítimo carpaccio. E virou-me as costas.
Tentei rapar o máximo do molho. O essencial no “Carpaccio” é a qualidade da carne e do seu corte. Ora, o molho tão forte não dava para sentir a carne. O “Carpaccio” é também daquelas iguarias de que se conhece o nascimento e a sua história.


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