segunda-feira, 26 de maio de 2014

COSTA PEREIRA - Um pedaço de Portugal suspenso no alto-mar- VII



COSTA PEREIRA
Portugal, minha terra.
Depois de subirmos, agora vamos descer do Pico das Cruzinhas, pelo lado poente da caldeira do extinto vulcão do Monte Brasil, em direcção ao pórtico da fortaleza. Mas nunca despedirmo-nos deste amuralhado aspecto paisagístico, sem antes repetirmos a visita aos fossos, masmorras, igreja e palácio da fortificação que Filipe II, de Espanha, denominou de São Filipe, e após o fim do domínio espanhol, D. João IV, de Portugal, baptizou de São João Baptista. Aqui se o engenho e arte do ser humano se fizeram notar, já quanto ao pico e veredas deste sedutor parque de receio e reserva florestal e zoológica que acabamos de percorrer, foi a omnipotência do Criador a manifestar-se de forma admirável: ora na singularidade geográfica que deu ali ao relevo, ora no adorná-lo com uma flora e fauna muito peculiares. De facto o panorama que lá do cimo se desfruta e se nos oferece apreciar sobre a cidade de Angra é indescritível! Aquele cenário paisagístico que, envolvendo o Ilhéu das Cabras, a poucos metros afastado da orla, as verdejantes e coloridas veredas e picos da Ribeirinha, Cabritos, Bagacina e Santa Barbara, no interior da ilha, não tem paralelo, visto como pano de fundo duma cidade costeira, a nossos pés. Valendo ainda acrescentar que a poente dali, em pleno Atlântico, também se avista, ao longe, a ilha de São Jorge e na mesma direcção, a sul, um pedaço da ilha do Pico, que lhe fica à retaguarda. Fora da fortaleza, que deixamos confiada à guarda da instituição militar (Exército) ali aquartelada, chegou o momento de darmos por concluída esta visita a pé...através de todo este encantador e histórico espaço que faz parte da zona classificada de Angra, para daqui, entre a baía de Angra e a do Fanal, avançarmos com um breve resumo monográfico das freguesias que formam o concelho de Angra do Heroísmo:
Comecemos então pela primeira de todas aquelas que a Oeste da cidade nos ficam à nossa esquerda, como é o caso de São Mateus da Calheta, uma das mais importantes povoações piscatórias da ilha, com uma população residente de 3343 habitantes. Para além do seu aglomerado de casas, compacto e irregular, distingue-se pela sua imponente igreja do séculos XVI e XVII e cujo padroeiro, São Mateus, dá o nome à localidade. Continuando pela orla temos São Bartolomeu dos Regatos, uma antiga localidade actualmente com 1569 habitantes e cuja a agricultura é a principal ocupação. Tem como patrono da sua igreja São Bartolomeu. E logo a seguir temos Cinco Ribeiras cujo topónimo resulta do numero de cursos de água que a partir de Angra se contam até lá. Também é conhecida por freguesia Branca, devido à cor das suas casas. Consagrada a Nossa Senhora do Pilar, desde o século XVII, deve o facto a uma primitiva ermida dessa invocação que os jesuítas ali mandaram erguer. Por ser a mais próxima do epicentro do sismo de 80 foi também das terras que então mais danos materiais sofreu. Na Canada do Pilar, nº.5, é muito visitada uma pequena industria artesanal de queijo, o "Queijo Vaquinha", pertença do Sr. João Henrique Melo Cota, o qual aos visitantes que por lá passarem além de brindar com uma tradicional prova regada com "vinho de cheiro", faculta que através dum envidraçado, para o efeito montado, observem algumas das principais tarefas da confecção do queijo. Pelo census/2001 a freguesia tem 684 habitantes. Outra freguesia é Santa Bárbara, que goza do privilégio de ser a primeira paróquia criada ainda no tempo e jurisdição do capitão do Donatário Jácome de Bruges. Tem igreja do século XV, consagrada a Santa Bárbara, e uma população de 1366 habitantes. Doze Ribeiras, nome que também resulta da contagem dos cursos de água, é freguesia consagrada a São Jorge, e a igreja paroquial data do século XIX. Tem 559 habitantes, muito bairristas. A freguesia da Serreta, com 374 habitantes, tem como padroeira Nossa Senhora dos Milagres e cujas festas que em sua honra ali decorrem nos primeiros dias de Setembro fazem então juntar na Serreta milhares de peregrinos vindos de toda a ilha, sobretudo jovens. Dos miradouros da sua famosa mata florestal e parque de recreio e lazer, avistam-se ao largo, em pleno atlântico, as ilhas de São Jorge e Graciosa. Ao que tudo indica não vai demorar muito (?) tempo que entre São Jorge e a Serreta surja uma nova ilha, visto estar em actividade um fenómeno sísmico que aponta nesse sentido. O Raminho é outra freguesia rural, criada em 1880, hoje com 550 habitantes, e cuja igreja paroquial é consagrada a São Francisco Xavier. Altares é, do lado Oeste, a última freguesia do concelho de Angra e também das mais antigas da ilha Terceira. A igreja primitiva é do século XVI e a actual também com São Roque por patrono é simples e de construção recente. Tem uma população de 884 habitantes. O percurso entre São Mateus da Calheta e São Roque dos Altares é sedutor, oferecendo ao visitante um delicioso passeio com locais de paragem obrigatória como: Ponta de São Mateus, Porto Negrito, Negrito, com piscina natural, Ponta das Cinco, com parque de campismo e piscina natural, Ponta Rubra, Ponta do Queimado, com pesqueiro e farol, Fajã e Ponta do Raminho, com caminhos pedonais e miradouros junto à falésia. Das demais freguesias a Este da cidade falaremos a seguir.

Costa Pereira

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