MIRANDELA |
Jorge Lage |
2- A
área pedonal da rua da República – Mirandela está servida de bons locais de
estacionamento pela cidade. Bons locais porque ficam num raio de 500 metros do
centro. A meu ver, a cidade deve ser mais para os peões e os carros utilizam-se
quando se precisa mesmo. Num dia de feira, depois do almoço, vi vários carros
que paravam e passavam pela zona pedonal da rua da República, entre a rotunda
da Ponte Nova e o cruzamento com a rua Alexandre Herculano. Poucos o
justificavam a carga ou descarga do quer que fosse. Era mais para serem vistos.
Tendo Mirandela uma esquadra da PSP que gosta de mostrar o seu lado pedagógico,
era bom que alguns condutores retribuíssem com a mesma moeda ao mostrarem-se
colaborantes. É uma falta de civismo e educação transgredir por «esperteza
saloia». É de pouca inteligência utilizar a viatura para pequenas deslocações
de 200 ou 300 metros na cidade, que se fazem bem a pé. Ganha a carteira que
poupa no combustível, Ganha o país que deixa de consumir petróleo que importa.
Ganha o Ambiente que fica menos poluído de CO2. Ganha, ainda, a saúde porque
faz bem andar a pé.
3-
Naquele tempo… – É, muitas vezes, com «naquele tempo» que assim começa qualquer
trecho do Evangelho do dia. Pensava eu que o Evangelista narrava assim os
factos. Mas, a verdade é que as habituais palavras «naquele tempo» são um
acrescento, com o intuito de nos «fazer voar» para 2.000 ano atrás. Não seria
por isto que algum mal poderá ter vindo ao mundo da verdade cristã. Já o mesmo
não poderei dizer quando se acrescentam excertos inexistentes nos originais dos
Evangelhos escritos em aramaico ou hebraico ou grego. Por um lado, o
evangelista narrador já acaba por lá colocar muita da sua emoção e inspiração e
por outro Jesus Cristo falava, como soía no seu tempo, muito por parábolas e
hipérboles, exercitando-se a dialética e a reflexão. Além dos acrescentos, há a
tradução deturpada de palavras-chave que sonegam a verdade e nos empurram para
um «calvário» que não merecemos e nada fizemos para o ter, nem Cristo no-lo
deseja. Algumas vezes, o que Cristo disse, não é bem o mesmo que quis dizer,
temos que contextualizar as palavras para ficarmos mais perto da verdade. Por
exemplo, quando se diz, que Jesus subiu ao cimo de um monte e se transfigurou,
qualquer um se pode transfigurar de um momento para o outro e de deprimidos ou
de cabeça perdida, pode o nosso rosto ganhar uma expressão alegre e de
esperança. O que os Apóstolos terão tido foi uma visão, enquanto Jesus orava.
Visão que os fortalecia mais na Verdade e na nova Doutrina. Curioso é verificar
que o monte de que se tem falado, o Monte Tabor (de 600 metros) não é certo,
poderá ser o Hebron, com altitudes entre os 600 e os 1.000 metros, ou outro.
Certo é que Jesus regressava duma viagem evangélica às cidades de Sídon e Tiro
da antiga Fenícia e passara pela Cesareia (de Filipe), no Norte.
4-
Parabéns a Pires Cabral pelos 40 anos de vida literária – O ilustre escritor
trasmontano, A. M. Pires Cabral, teve a 3 de Abril uma merecida homenagem, sob
o título «Nos 40 Anos de Algures a Nordeste: Uma Jornada sobre Pires Cabral», e
organizada pelas Letras da UTAD que, também, comemora 40 anos. No auditório da
biblioteca da UTAD, a celebração abriu com a estreia do documentário «A. M.
Pires Cabral na primeira pessoa» (de Leonel de Brito) e seguiram-se comunicações
sobre a sua vida e obra: «Os dois rostos de um escritor» (J. Bigotte Chorão),
«Um artista dos sete ofícios» (Ernesto Rodrigues), «A condição poética em Pires
Cabral» (J. C. Seabra Pereira) e com Pedro Mexia, Vítor Nogueira e Isabel Alves
uma mesa-redonda sobre a poesia de Pires Cabral. Ao fim da tarde, foi feita uma
visita à exposição «A. M. Pires Cabral: 40 anos de vida literária», na
Biblioteca Municipal (Vila Real), seguida de leitura de textos seus por alunos
da UTAD. É autor de vasta obra de vários géneros – poesia, romance, conto,
texto dramático, crónica, ensaio e monografia. Foi distinguido e premiado pelo
Círculo de Leitores (1983 - romance Sancirilo), Casa de Mateus - Prémio D.
Dinis (2006 - Douro: Pizzicato e Chula e Que Comboio é este), DST - Grande
Prémio de Literatura (2008 - O Cónego), Prémio Pen Clube de Poesia (2009 –
Arado) e APE/Câmara Municipal de V. N. de Famalicão - Grande Prémio de Conto
«Camilo Castelo Branco» (2010 - O Porco de Erimanto). A livraria Traga-Mundos,
em Vila Real, disponibiliza a sua obra.
5- Jorge
Golias na História do 25 de Abril – Foi com grande prazer e orgulho que há anos
sugeri a vinda a Mirandela, do Tenente-Coronel Eng. Jorge Golias, para uma
comunicação sobre o 25 de Abril. Achava que esta figura incontornável do
Movimento das Forças Armadas e dos Capitães de Abril não podia ser esquecida na
sua terra. Bastou-me ter uma conversa ou outra para me aperceber da sua imensa
cultura. Posso dizer com certeza, que este ilustre Capitão de Abril, é dos
mirandeleses mais cultos. Nos tempos leves que correm é, também, no seu modo de
ser e estar, dos mais simples. Sobre os 40 anos do 25 de Abril, está a
publicar, no Notícias de Mirandela artigos, sob o título «25 de Abril – 40 anos
depois» e que fazem História, já que Jorge Golias é autor e, também, foi actor,
pelo que aconselho atenta leitura. Pelos 40 anos do 25 de Abril foram,
publicados 8 volumes, distribuídos pelo jornal «Correio da Manhã», da colecção
«Os Anos de Abril», com importante galeria de autores e actores, incluindo o
nosso ilustre mirandelense, com textos seus no volume 8 sobre a ex-Guiné
Portuguesa. Todos os que escrevem citam Jorge Golias pelo papel na génese do
MFA e a sua actuação na Guiné no período de transição de poderes. Com nome na
História, foi sempre chamado a participar nas datas redondas dos 10, 20, 30 e
agora 40 anos. A sua modéstia e estatura moral e cívica, levaram-no a abdicar
dos direitos de autor e oferecê-los à Associação 25 de Abril. Mais ninguém teve
este gesto. Parabéns, Jorge!
Jorge
Lage – jorgelage@portugalmail.com
– 02ABR2014
– 02ABR2014
Provérbios
ou ditos:
Alta ou baixa, em Abril vem a Páscoa.
Abril frio traz pão e vinho.
Burro velho não toma andadura e se a
toma pouco dura.
Responso
a Santa Bárbara contra as trovoadas
se
vestiu e se calçou
suas
santas mãos lavou
Jesus
Cristo encontrou
e o
Senhor perguntou:
- onde
vais Bárbara?
-
Senhor, eu ao Céu vou.
-Vai,
Barbarinha, vai
manda
esta trovoada
para
onde não haja pão nem vinho,
nem bafo
de menino pequenino.
Onde só
haja uma serpente
sem nada
que lhe dar
senão
aguinha da fonte
e areias
do mar.
Pelo
poder de Deus
e da
Virgem Maria,
um Padre
Nosso e
uma ave
Maria.
(Barroso da Fonte in «55 Orações Marianas» -
2013, de Manuela Morais)
Nota:
Numa má hora da tormenta podia ir toda a colheita. Para os lados das Lamas tem deixado um rasto
de morte.
Sem comentários:
Enviar um comentário