quinta-feira, 22 de maio de 2014

Costa Pereira - Um pedaço de Portugal suspenso no alto-mar-VI


Costa Pereira
Portugal, minha terra.
Fartos e bem dormidos saímos do hotel direitinhos à Sé Catedral, igreja do Santíssimo Salvador, obra em três naves "edificada a partir de 1570 por ordem do Cardeal D. Henrique sobre a interior igreja paroquial construída  por Álvaro Martins Homem (c.1461). Nela está sepultado entre outros, o provedor das Armadas Pero Anes do Canto. De estilo renascentista e "chão" foi seu mestre de obras Luís Gonçalves. Voltada a Norte, contraria o costume antigo da Igreja com a capela mor virada a Jerusalém.- Do primitivo altar mor conservam-se os painéis da vida de Cristo (pintura sobre madeira séc.XVI);- Testemunho precioso dos Açores como pólo de encontro de culturas: estante de leitura ao estilo indo - português, em jacarandá do Brasil, com marfim de baleia e executada nos Açores;-Rico exemplo de ourivesaria terceirense, o frontal de altar de prata feito entre 1702 e 1720 por Manuel Carneiro de Lima para a Confraria do Santíssimo".- Muito danificada pelo sismo de 1980, quando já estava quase restaurada sofreu novo contratempo com um incêndio que, criminosamente provocado por um operário doente mental, destruiu parte do seu riquíssimo património cultual e artístico. Dado que em Angra está sediada, desde a sua criação, em 1534, a Diocese dos Açores, a igreja do Santíssimo Salvador é a igreja mãe de todo o arquipélago açoriano, actualmente confiada a D. António Braga, um ilustre prelado da Região.
Nas traseiras da Sé, na Rua da Rosa, desperta a atenção de quem passa, um belo edifício de arquitectura barroca, dos finais do séc.XVII, princípios do séc. XVIII, com algumas alterações que não afectaram a beleza original da sua arquitectura. É um bom exemplo das casas solarengas de Angra do Heroísmo. De notar que "na fachada principal podemos admirar um rico pórtico lavrado em cantaria da região, constituído por duas colunas salomónicas encimadas por capiteis compósitos e arquitrave e uma ampla cartela que envolve a pedra de armas da família que aqui viveu - a família Bettencourt".- Nele está instalada a Biblioteca e Arquivo de Angra. Ao lado, na Rua da Carreira dos Cavalos, fica outra vistosa casa solarenga construída no terreno de que se diz: D. João III "cedeu "para todo o sempre" o paço que aqui ficava para uso e serviço dos Bispos de Angra constituído por casas, cozinhas, quintal e pombal".- A pesar de apalaçada, da sua arquitectura original nada resta; actualmente designado Paços da Junta Geral, nela funciona a Secretaria Regional da Educação e Cultura. E daqui descendo pela frente do Palácio Bettencourt, vamos regressar, pela Rua do Salinas à Rua da Sé, para uma vez mais admirar a vertical escadaria que em cantaria dá acesso ao patamar da entrada principal da Sé e que uma estatua de São João Paulo II ali erecta, assinala a visita de Sua Santidade à Terceira, pouco depois do sismo de 1980. Está praticamente feita a apresentação do património arquitectónico e paisagístico que integrado na chamada zona central da urbe angrense ocupa, com o antigo vulcão do Monte Brasil, uma área protegida de cerca de seis quilómetros quadrados.
 Intencionalmente deixamos para ultimo lugar esta parte que vamos tratar, pois não obstante a sua importância histórica sempre nos faz recordar um período menos bom em que fomos dominados por estrangeiros, mas isso já lá vai...Subimos então pela Rua da Sé até ao Alto das Covas e ali, ou mais uns metros à frente, vamos voltar à nossa esquerda tomando a direcção do Relvão ou do Bailão e compenetrados atravessar a entrada das muralhas do fortificado Monte Brasil, mas sem antes de iniciarmos a incursão até ao Pico das Cruzinhas (205m) fazermos primeiro uma visita á igreja de São João Baptista que o Rei D. João IV mandou construir logo após a rendição das tropas espanholas, e ao que resta desta fortaleza que dizem os bisbilhoteiros nela estiveram detidos entre outras figuras D.Afonso VI, Gungunhana e até um leiriense que foi pai de Mário Soares. Dum mapa-guia da cidade transcrevemos o que referente ao Castelo de S. Filipe / S. João Baptista do Monte Brasil consta mencionado: "Iniciado à volta de 1592 por ordem de Filipe II de Espanha, I de Portugal, envolve todo o Monte Brasil, controlando os ancoradoiros de Angra e do Fanal e destinado primordialmente à protecção dos navios das Índias Ocidentais (América Espanhola) é muito provavelmente a maior fortaleza construída por Espanha, em todo o Mundo. Cerca de 400 peças de artilharia; 4 km de muralha; 3 km2 de área, 1500 homens de 1ª linha ao tempo de Filipe III de Espanha e II de Portugal; a mais antiga fortaleza continuadamente ocupada por tropas portuguesas; o torreão da bandeira, onde pela primeira vez foi hasteado o pavilhão de monarquia constitucional da Senhora D. Maria II; a primeira igreja a ser construída em Portugal depois da Restauração (1645); um dos poucos locais onde ambos os impérios coloniais ibéricos deixaram marcas, são algumas referências a não esquecer".- Falam bem melhor que nós os testemunhos em itálico.

Costa Pereira

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