Como toda a gente informada sabe
a União Nacional que se começou a organizar em Julho de 1930, tornar-se-ia no
partido da situação (salazarista). Mas era composto por um leque diversificado
de antigos militantes de diferentes áreas: católicos, republicanos e
monárquicos. Pretendia-se que legitimasse popularmente a ditadura então
implantada. Serviu ainda para enquadrar a massa humana que iria controlar a
máquina administrativa do Estado. Mas ao contrário dos modelos fascistas, a
União Nacional caracterizava-se por adesões fluidas e sem praticamente
motivação ideológica. Não monopolizava os canais de acesso ao poder, nem
esgotava a representação social, assim como não servia de intermédio entre a
ditadura e outras instituições.
As pessoas esclarecidas também
sabem que a ditadura do Doutor Salazar foi um modelo político híbrido em termos
formais, embora antidemocrático. Fazendo parte da vaga histórica do fascismo,
mostrava importantes diferenças em relação às ditaduras dessa natureza[1].
Posto isto, passemos ao assunto
que aqui nos traz. Pedro Passos Coelho, há uns dias em Vila Real, no papel de
presidente do Partido Social-democrata, apelou à União Nacional. Dois ou três
dias depois, já no papel de Primeiro-ministro tornou a fazê-lo. Para os mentecaptos
foi um escândalo! Só faltou cair o Carmo e a Trindade! Programas inteiros de
comentadores dedicaram tempo ao tema, e na imprensa escrita escreveram-se
artigos de página onde os provectos sábios congeminaram insinuações e “teses”!
O presidente do Partido
Social-democrata (também Primeiro – ministro) apelou a uma coisa muito simples,
e que qualquer “simplório” entendeu: À União Nacional para ultrapassar a crise.
Será que é preciso ser-se filólogo para perceber o que quer dizer União
Nacional? Qualquer dicionário o elucida. Servimo-nos de um simples dicionário
da língua portuguesa da Porto Editora:
União s.f. 1 – acto ou efeito de unir;
Nacional adj.2gén. 1 – da nação; pátrio.
Unir as pessoas em torno da
Nação, da Pátria. O que o Primeiro-ministro disse, foi o que disseram todos os
líderes políticos mundiais, de todos os tempos, quando os seus países atravessaram mares
tempestuosos como actualmente Portugal atravessa.
Tão simples quanto isto. Ver
coisas onde elas não estão, clinicamente tem um nome.
Armando
Palavras
[1]
Quanto à pobreza franciscana que então se viveu (nada diferente da actual,
provocada pelos socialistas do tempo de Sócrates que arruinaram o país), é assunto que não cabe neste
escrito.
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