sábado, 3 de agosto de 2013

A União Nacional



Como toda a gente informada sabe a União Nacional que se começou a organizar em Julho de 1930, tornar-se-ia no partido da situação (salazarista). Mas era composto por um leque diversificado de antigos militantes de diferentes áreas: católicos, republicanos e monárquicos. Pretendia-se que legitimasse popularmente a ditadura então implantada. Serviu ainda para enquadrar a massa humana que iria controlar a máquina administrativa do Estado. Mas ao contrário dos modelos fascistas, a União Nacional caracterizava-se por adesões fluidas e sem praticamente motivação ideológica. Não monopolizava os canais de acesso ao poder, nem esgotava a representação social, assim como não servia de intermédio entre a ditadura e outras instituições.
As pessoas esclarecidas também sabem que a ditadura do Doutor Salazar foi um modelo político híbrido em termos formais, embora antidemocrático. Fazendo parte da vaga histórica do fascismo, mostrava importantes diferenças em relação às ditaduras dessa natureza[1].
Posto isto, passemos ao assunto que aqui nos traz. Pedro Passos Coelho, há uns dias em Vila Real, no papel de presidente do Partido Social-democrata, apelou à União Nacional. Dois ou três dias depois, já no papel de Primeiro-ministro tornou a fazê-lo. Para os mentecaptos foi um escândalo! Só faltou cair o Carmo e a Trindade! Programas inteiros de comentadores dedicaram tempo ao tema, e na imprensa escrita escreveram-se artigos de página onde os provectos sábios congeminaram insinuações e “teses”!
O presidente do Partido Social-democrata (também Primeiro – ministro) apelou a uma coisa muito simples, e que qualquer “simplório” entendeu: À União Nacional para ultrapassar a crise. Será que é preciso ser-se filólogo para perceber o que quer dizer União Nacional? Qualquer dicionário o elucida. Servimo-nos de um simples dicionário da língua portuguesa da Porto Editora:
União s.f. 1 – acto ou efeito de unir;
Nacional adj.2gén. 1 – da nação; pátrio.
Unir as pessoas em torno da Nação, da Pátria. O que o Primeiro-ministro disse, foi o que disseram todos os líderes políticos mundiais, de todos os tempos,  quando os seus países atravessaram mares tempestuosos como actualmente Portugal atravessa.
Tão simples quanto isto. Ver coisas onde elas não estão, clinicamente tem um nome.
Armando Palavras




[1] Quanto à pobreza franciscana que então se viveu (nada diferente da actual, provocada pelos socialistas do tempo de Sócrates que arruinaram o país), é assunto que não cabe neste escrito.

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