Normalmente
os homens bons acreditam nos acordos, quando estes são propostos com boa-fé,
como foi o caso deste – de Salvação Nacional – proposto em boa hora pelo
Presidente da República. Que ajam, pede-lhes a Nação.
Quando
ontem ouvimos as justificações de António José Seguro, onde justificava
atabalhoadamente a rasgadela desse acordo, ouvimos o que desde o início das
conversações esperávamos. Em nada nos espantou. Aliás, foi uma justificação de um
demagogo, puro e simples. Pressionado pelo pela facção de poder do seu partido.
E
sobre essa justificação por aqui ficamos até ouvirmos as justificações da
maioria, esmiuçarmos os textos de compromisso das duas partes e, sobretudo,
ouvirmos a intervenção do Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco
Silva.
O
que ontem aconteceu é mais profundo do que se pensa. Os partidos, como os
clubes de futebol, associações, etc., são grupos; grupos humanos que professam
doutrinas, formas de ver o mundo. E alguns destes grupos humanos são
influenciados (por vezes manipulados) por outros. O Partido socialista é como
os outros partidos um desses grupos. Influenciado por outro. Que, na verdade, é
constituído por muitos homens bons, mas também por uma miríade de gente
medíocre, inculta, muitas vezes ignorante (e mais não diremos a este respeito –
por respeito aos homens bons).
Na
verdade, o acordo não foi conseguido por culpa da maioria, mas por culpa do
Partido Socialista. Porque o texto de Lessing, datado de 1778, considera que essa
gente (a outra gente) é o resultado da actuação de uma força centrípeta, existente
no seio da sociedade civil que visa compensar as forças centrífugas que a
conduzem à fragmentação. O escritor e filósofo alemão descreve os homens que
compõem esse “agrupamento” como sendo homens desejosos de ultrapassar os
limites impostos pelo “patriotismo”. Era isto que, na essência, descrevia
Lessing através do seu personagem Falk. Mas o próprio Lessing conclui que esta
bela intenção (a que juntava os limites impostos pela “religião” e pela
“grandeza social”) era parcial.
Por
muito boas intenções que tenham, ficam a anos-luz dos verdadeiros. Alguns são naturalmente
conhecidos: Péricles e Aristóteles (leia-se a constituição de Atenas que lhe é
atribuída). Não por o serem, mas pelas funções politicas e de cidadania que desempenharam.
Quanto
à rasgadela do acordo, o Presidente saberá avaliar. Mas inclinamo-nos para que
esta maioria acabe a legislatura em 2015.
Armando
Palavras
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