quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Fuga de Paulo Portas


A demissão do Professor Vítor Gaspar foi uma demissão digna. Preparada com todo o cuidado durante um mês para que os danos causados fossem mínimos. A quem se deve todo este cuidado e toda essa orgânica? Principalmente ao primeiro-ministro.
Já a demissão do dr. Paulo Portas, foi tratada com total irresponsabilidade. A quem se deve essa demissão e a forma como foi feita? Ao próprio Paulo Portas que a apresentou ao primeiro-ministro, meia hora antes de se demitir, apanhando o próprio chefe de governo (e a nação) de surpresa. E o próprio Presidente da República. Porque o objectivo era fazer estrondo.
Posto isto, o que é que vemos na enxurrada de comentários? A mediocridade do costume, com a ressalva de algumas excepções a que lá iremos – Que o culpado da situação foi o Primeiro-ministro! Quando Pedro Passos Coelho aguentou firme e não abandonou o barco como o fez por calculismo eleitoralista o dr. Portas.
Será que vivemos num país diferente? Não. Vivemos no mesmo país. Só que os comentadores são os do costume, ainda por cima incultos e ignorantes. Para alardearem os seus argumentos citam Hamlet (Shakespear), a história do rei Artur, e por aí fora, sem perceberem o que escrevem. Fossem por nós examinados e nem à oral iriam.
Qualquer indivíduo mediano, pelo exemplo da Quarta-feira (negra), sabe do risco que é para Portugal incorrer na asneira das eleições antecipadas. Mas esta gente insiste na patetice.

Dois dos comentadores que fizeram asserções acertadas foram o Dr. Marques Mendes e o Professor Marcelo Rebelo de Sousa. O resto, deitado no lixo já era tarde. Senão vejamos o que dizem os próprios centristas.
Filipe Anacoreta Correia
Filipe Anacoreta Correia, subscritor de uma moção de estratégia global ao Congresso (do CDS) e potencial candidato à liderança do partido, criticou com dureza a decisão de Paulo Portas. Diz: “Foi precipitada, incoerente e totalmente irresponsável”. E acrescenta: “É tempo de olhar para o futuro”, porque a “conduta de Paulo Portas à frente do partido prejudica o país”.
Paulo Portas e Pedro Melo
O advogado e conselheiro nacional do CDS, Pedro Melo, também considerou a atitude de Portas politicamente irresponsável. E saiu em defesa da actual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque. Ele disse:” Estranho que isso seja o argumento (para a demissão de Portas), porque a nova ministra é muito competente. Posso atestá-lo”. Acrescentando: “Admito que seja um mero pretexto para sair do Governo numa altura em que o pais está numa situação muito difícil”.
E então para esses cavalheiros (na sua maioria figuras que nos levaram à bancarrota, ou para ela contribuíram) a culpa é do Primeiro-ministro?
Essa gente defende eleições antecipadas porque a sua conta bancária e bens lhes permitiria viver como até aqui, durante uma boa meia dúzia de anos. E o povo? Aqueles que dependem do vencimento mensal?
Armando Palavras
 
 
Post-scriptum
 
A fuga de Paulo Portas há muito que a adivinhávamos. Fez o mesmo com Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso e Santana Lopes. Não há duas sem quatro! Estivéssemos na posse de um dado fundamental, a demissão do ministro das Finanças, e talvez acertássemos no alvo (dia).
Esta demissão de Paulo Portas estava programada. A desculpa da nomeação da nova ministra das Finanças é véu para as ventas dos parvos. E estava programada porquê? Porque como dizia Barroso da Fonte, está-lhe no sangue. E como lhe está no sangue, Portas tem que estar com os do seu sangue. O objectivo desta demissão foi humilhar o Primeiro-ministro, derrubando-o. Só que Portas esqueceu-se que Pedro Passos Coelho viveu em África e em Trás-os-Montes.
A melhor forma de o fazer era depois da demissão do Professor Vítor Gaspar. Sem dois ministros de Estado o governo não funcionaria. Se fosse numa situação normal teria sido uma jogada inteligente, numa situação de protectorado foi a jogada de pulha! Porque prejudicou o país e quem o elegeu. E esta jogada não foi elaborada isoladamente. Foi com o conluio de outras forças politicas, o que é mais grave. Mas sobre esta questão vamos ficar por aqui, porque não demora muito a que o tempo nos dê razão. Deixemos, para já, assentar a poeira.


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