A
demissão do Professor Vítor Gaspar foi uma demissão digna. Preparada com todo o
cuidado durante um mês para que os danos causados fossem mínimos. A quem se deve
todo este cuidado e toda essa orgânica? Principalmente ao primeiro-ministro.
Já
a demissão do dr. Paulo Portas, foi tratada com total irresponsabilidade. A
quem se deve essa demissão e a forma como foi feita? Ao próprio Paulo Portas
que a apresentou ao primeiro-ministro, meia hora antes de se demitir, apanhando
o próprio chefe de governo (e a nação) de surpresa. E o próprio Presidente da
República. Porque o objectivo era fazer estrondo.
Posto
isto, o que é que vemos na enxurrada de comentários? A mediocridade do costume,
com a ressalva de algumas excepções a que lá iremos – Que o culpado da situação
foi o Primeiro-ministro! Quando Pedro Passos Coelho aguentou firme e não
abandonou o barco como o fez por calculismo eleitoralista o dr. Portas.
Será
que vivemos num país diferente? Não. Vivemos no mesmo país. Só que os
comentadores são os do costume, ainda por cima incultos e ignorantes. Para
alardearem os seus argumentos citam Hamlet (Shakespear), a história do rei
Artur, e por aí fora, sem perceberem o que escrevem. Fossem por nós examinados
e nem à oral iriam.
Qualquer
indivíduo mediano, pelo exemplo da Quarta-feira (negra), sabe do risco que é
para Portugal incorrer na asneira das eleições antecipadas. Mas esta gente
insiste na patetice.
Dois
dos comentadores que fizeram asserções acertadas foram o Dr. Marques Mendes e o
Professor Marcelo Rebelo de Sousa. O resto, deitado no lixo já era tarde. Senão
vejamos o que dizem os próprios centristas.
Filipe Anacoreta Correia |
Filipe
Anacoreta Correia, subscritor de uma moção de estratégia global ao Congresso
(do CDS) e potencial candidato à liderança do partido, criticou com dureza a
decisão de Paulo Portas. Diz: “Foi precipitada, incoerente e totalmente
irresponsável”. E acrescenta: “É tempo de olhar para o futuro”, porque a
“conduta de Paulo Portas à frente do partido prejudica o país”.
Paulo Portas e Pedro Melo |
O
advogado e conselheiro nacional do CDS, Pedro Melo, também considerou a atitude
de Portas politicamente irresponsável. E saiu em defesa da actual ministra das
Finanças, Maria Luís Albuquerque. Ele disse:” Estranho que isso seja o
argumento (para a demissão de Portas), porque a nova ministra é muito
competente. Posso atestá-lo”. Acrescentando: “Admito que seja um mero pretexto
para sair do Governo numa altura em que o pais está numa situação muito
difícil”.
E
então para esses cavalheiros (na sua maioria figuras que nos levaram à bancarrota,
ou para ela contribuíram) a culpa é do Primeiro-ministro?
Essa
gente defende eleições antecipadas porque a sua conta bancária e bens lhes
permitiria viver como até aqui, durante uma boa meia dúzia de anos. E o povo?
Aqueles que dependem do vencimento mensal?
Armando
Palavras
Post-scriptum
A
fuga de Paulo Portas há muito que a adivinhávamos. Fez o mesmo com Marcelo
Rebelo de Sousa, Durão Barroso e Santana Lopes. Não há duas sem quatro!
Estivéssemos na posse de um dado fundamental, a demissão do ministro das
Finanças, e talvez acertássemos no alvo (dia).
Esta
demissão de Paulo Portas estava programada. A desculpa da nomeação da nova
ministra das Finanças é véu para as ventas dos parvos. E estava programada
porquê? Porque como dizia Barroso da Fonte, está-lhe no sangue. E como lhe está
no sangue, Portas tem que estar com os do seu sangue. O objectivo desta
demissão foi humilhar o Primeiro-ministro, derrubando-o. Só que Portas
esqueceu-se que Pedro Passos Coelho viveu em África e em Trás-os-Montes.
A
melhor forma de o fazer era depois da demissão do Professor Vítor Gaspar. Sem
dois ministros de Estado o governo não funcionaria. Se fosse numa situação
normal teria sido uma jogada inteligente, numa situação de protectorado foi a
jogada de pulha! Porque prejudicou o país e quem o elegeu. E esta jogada não
foi elaborada isoladamente. Foi com o conluio de outras forças politicas, o que
é mais grave. Mas sobre esta questão vamos ficar por aqui, porque não demora
muito a que o tempo nos dê razão. Deixemos, para já, assentar a poeira.
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