Como norma imposta pela então
CEE, o país desprezou a agricultura, e seguiu um caminho que nos meteu nesta
embrulhada – a dos serviços. Que não produzem riqueza, nem criam postos de
trabalho nas dimensões da Indústria ou da Agricultura. Agora mais do que nunca. Avisados, os homens da alta finança e
grandes empresários (como Roquete da quinta do Esporão, ou Belmiro de Azevedo
que, além das propriedades que já possui, comprou recentemente um monte com 50 hectares no vale da
Vilariça para desenvolvimento da cultura do Kiwi), estão agora a apostar na
Agricultura. Virá o tempo da Indústria.
Mas esta viragem não é de agora.
Cícero, no seu pequeno volume “Da Velhice”, trata o assunto, dedicando algumas
páginas a esta actividade. Indica grandes cidadãos romanos que se dedicaram a
este género de vida, aos prazeres da agricultura, como Mânio Cúrio, Lúcio
Quíncio Cincinato (16-56), ou Marco Valério Corvino (17-60).
A dado passo afirma:” Têm eles
uma conta a ajustar com a terra, a qual nunca recusa o seu poder e nunca
retorna desinteressadamente o que recebeu: umas vezes menos, mas, na maior
parte, muito e com juros”. E diz que o que mais aprecia não é “apenas o
produto”, mas o “vigor natural da terra”, descrevendo então, de forma bela, o
ciclo da semente (15-51). A seguir deleita-se com a beleza da videira, com a
transformação quase mágica de um grão de figo ou uma grainha “em troncos e em
ramos grossos”. E admira-se com o brotar puro das plantas, em especial com as
videiras (15-52). De novo imprime êxtase na descrição do ciclo da videira, com
a chegada da Primavera, com o aparecimento dos gomos, da uva que enaltece como
produto admirável, interrogando-se: “Existirá produto mais rico e mais belo?”
(15-53). Menciona Hesíodo (que não fez nenhuma referência à agricultura), e o
seu livro sobre os trabalhos do campo, onde enuncia os muitos benefícios da
vida do campo. Lembra Laertes (descrito por Homero) que encontra o reconforto
pela ausência do filho, “a cultivar e a fertilizar a terra”, e a mais bela invenção
da Agricultura: a enxertia (15-54).
A ceifa - Peter Bruegel, o Velho, c. 1565 |
Remata indicando os textos de
Xenofonte, principalmente o “Económico” onde a agricultura é tão
“insistentemente louvada!”, e o episódio entre Lisandro e Ciro-o-Moço, Rei dos
Persas, que havia, ele próprio, cultivado o seu jardim (17-59).
Armando
Palavras
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