segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Segurança marcou festa dos 75 anos da sinagoga do Porto

Segurança marcou festa dos 75 anos da sinagoga do Porto
foto Leonel de Castro/Global Imagens

A cerimónia dos 75 anos da Sinagoga do Porto foi marcada pela presença do embaixador de Israel em Portugal e de altos dignatários judeus vindos expressamente de Londres, Israel, Argentina e Estados Unidos da América.
Discretos, porque à civil, elementos de forças de segurança portuguesa e israelita não despegavam os olhos perante qualquer movimento. Um carro da PSP acentuou, também, o clima de segurança que rodeou, este domingo, a celebração dos 75 anos da fundação da Sinagoga Kadoorie-Mekor Haim.
Bandeira de IsraelAs razões eram muitas: foram 280 os convidados de vários cantos do Mundo para a cerimónia, aberta pelo presidente da Comunidade Israelita do Porto, o norte-americano Dale Jeffries. No templo, estavam o embaixador de Israel, Ehud Gol, Marinho e Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados e o deputado Carlos Abreu Amorim, estes dois elogiados pelo "destacado envolvimento" no processo que culminou com a recente reabilitação do fundador da sinagoga, capitão Barros Basto, pelo Parlamento português. Dale Jeffries, após dissertar sobre a vida e obra de Barros Basto, salientou a presença de "rabinos de Londres, da Argentina, de Israel e dos Estados Unidos, que vieram porque acham a sinagoga um símbolo para os judeus do mundo inteiro".

Orações em hebraico

As comemorações, dirigidas pelo rabino da Comunidade Israelita do Porto (com 39 elementos), Daniel Litvak, foram seguidas de orações, em hebraico, proferidas pelos rabinos convidados, bendizendo Portugal e as suas gentes, a comunidade israelita no país, o capitão Barros Basto e os 75 anos sobre a construção da sinagoga.
No final das intervenções religiosas, foi dada a palavra aos convidados, altura aproveitada por Marinho Pinto para, salientando o seu ateísmo, abordar as perseguições aos judeus em Portugal e concluindo que nem tudo é passado: "As fogueiras da inquisição ainda não se apagaram totalmente e nem todas as religiões são tratadas da mesma maneira".
De salientar que a comemoração das bodas de diamante do templo judeu ocorre cerca de um ano depois de a Assembleia da República ter reabilitado formalmente o nome do seu fundador. A decisão foi tomada por uma comissão parlamentar que declarou, por unanimidade, que "Barros Basto foi separado do Exército devido a um clima genérico de animosidade contra si motivado pelo facto de ser judeu", em 1937, recomendando ao Governo a sua reintegração no Exército, a título póstumo. v
Surpreendente foi a separação de homens e mulheres durante a cerimónia religiosa. Isto acontece sempre que o culto é dirigido por um rabino.
 
Publicado às 00.00 ÓSCAR QUEIRÓS (Jornal de Noticias online)



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