Ontem (27 de Janeiro de 2013)
comemorou-se o bicentenário do seu livro mais popular: “Orgulho e Preconceito”.
A sua biógrafa, Paula Byrne que
em 2011 descobriu o retrato da escritora que se reproduz, lançou recentemente
uma biografia de Jane, “The Real Jane Austen – A Life in small Things” (Harper
Press, 2013).
Filha de um pastor, escreveu
apenas seis romances durante a sua curta vida. Todavia, foi a escritora mais
amada da literatura inglesa. Delicadamente irónicos, mas profundos, os seus
romances de amor, de costumes e de casamento, transformaram a arte de escrever
ficção.
As suas obras são reconhecidas
como obras-primas. “Orgulho e Preconceito” (1813) abre com a sua famosa frase,
irónica e penetrante: “É uma verdade universalmente reconhecida que um homem na
posse de uma boa fortuna deve estar a precisar de uma esposa”. A sua escrita
perfeita e sóbria contrastava com o melodrama romântico da sua época.
George Barnett Smith em 1895
escreveu que Austen passou uma vida calma e transparente sem nunca ser
empurrada “para a fúria por pedras traiçoeiras nem por correntes violentas”. E
acrescentou no mesmo ano: “ Tal como Shakespeare, pegou na escória vulgar da
humanidade tal como estava e, por meio da sua maravilhosa capacidade de
alquimia literária, transformou-a em ouro puro. Todavia, não teve, ao que
parece, consciência da sua força, e na longa lista de escritores que adornaram
a nossa nobre literatura não existe provavelmente nenhum tão destituído de
pedantismo ou afectação, tão deliciosamente auto-repressivo, ou tão livre de
egoísmo como Jane Austen” (The Gentleman’s Magazine, nº 258). E o grande
campeão de vendas, autor de “Ivanhoe”, sir Walter Scott (1771-1832), foi um dos
poucos a reconhecer-lhe a dimensão do génio, ao dizer que ela tinha “ o toque
requintado que torna os vulgares lugares-comuns em coisas e personagens
interessantes”.
Os seus romances acabam sempre
bem, mas revelam a situação das mulheres da sua classe e do seu tempo. Ela que
se distinguiu em temas do amor e do casamento nunca se casou, sendo, no
entanto, uma mulher viva e atraente. Mas sobre a sua vida, embora curta, as
suas curtas ligações amorosas, ficamos por aqui. Discreta, irónica espirituosa
e compassiva, a sua escrita magistral dá-nos a medida da mulher.
Em síntese, “Orgulho e
Preconceito”, trata da vida amorosa de quatro casais, cujas esposas são as
filhas casadoiras da senhora Bennet, a viver numa comunidade do Sul de
Inglaterra.
Elizabeth e Darcy são o par ideal
do romance. Estando ao mesmo nível intelectual, são duas pessoas que se
desejam. Paralelamente, apresentam-se três versões diferentes de encontros de
casais. O da bela e doce (mas também néscia) Jane com o bondoso senhor Bingley;
a história da mais nova das irmãs Bennet, Lydia, que namorisca qualquer um que
vista uniforme. Acaba por fugir com Wickham, um homem sem escrúpulos, que acaba
por ser sobornado para deposar Lydia que já havia perdido a virtude; finalmente
temos a deprimente união de Charlotte, com 27 anos, com o reverendo Collins.
Era, à época, o casamento, o
único recurso que restava às mulheres, para sua segurança económica.
Armando Palavras
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