segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Jane Austen (1775-1817) – Bicentenário de “Orgulho e Preconceito”


Ontem (27 de Janeiro de 2013) comemorou-se o bicentenário do seu livro mais popular: “Orgulho e Preconceito”.
A sua biógrafa, Paula Byrne que em 2011 descobriu o retrato da escritora que se reproduz, lançou recentemente uma biografia de Jane, “The Real Jane Austen – A Life in small Things” (Harper Press, 2013).
 
 
Filha de um pastor, escreveu apenas seis romances durante a sua curta vida. Todavia, foi a escritora mais amada da literatura inglesa. Delicadamente irónicos, mas profundos, os seus romances de amor, de costumes e de casamento, transformaram a arte de escrever ficção.
As suas obras são reconhecidas como obras-primas. “Orgulho e Preconceito” (1813) abre com a sua famosa frase, irónica e penetrante: “É uma verdade universalmente reconhecida que um homem na posse de uma boa fortuna deve estar a precisar de uma esposa”. A sua escrita perfeita e sóbria contrastava com o melodrama romântico da sua época.
George Barnett Smith em 1895 escreveu que Austen passou uma vida calma e transparente sem nunca ser empurrada “para a fúria por pedras traiçoeiras nem por correntes violentas”. E acrescentou no mesmo ano: “ Tal como Shakespeare, pegou na escória vulgar da humanidade tal como estava e, por meio da sua maravilhosa capacidade de alquimia literária, transformou-a em ouro puro. Todavia, não teve, ao que parece, consciência da sua força, e na longa lista de escritores que adornaram a nossa nobre literatura não existe provavelmente nenhum tão destituído de pedantismo ou afectação, tão deliciosamente auto-repressivo, ou tão livre de egoísmo como Jane Austen” (The Gentleman’s Magazine, nº 258). E o grande campeão de vendas, autor de “Ivanhoe”, sir Walter Scott (1771-1832), foi um dos poucos a reconhecer-lhe a dimensão do génio, ao dizer que ela tinha “ o toque requintado que torna os vulgares lugares-comuns em coisas e personagens interessantes”.
Os seus romances acabam sempre bem, mas revelam a situação das mulheres da sua classe e do seu tempo. Ela que se distinguiu em temas do amor e do casamento nunca se casou, sendo, no entanto, uma mulher viva e atraente. Mas sobre a sua vida, embora curta, as suas curtas ligações amorosas, ficamos por aqui. Discreta, irónica espirituosa e compassiva, a sua escrita magistral dá-nos a medida da mulher.

Orgulho e preconceito

Em síntese, “Orgulho e Preconceito”, trata da vida amorosa de quatro casais, cujas esposas são as filhas casadoiras da senhora Bennet, a viver numa comunidade do Sul de Inglaterra.
Elizabeth e Darcy são o par ideal do romance. Estando ao mesmo nível intelectual, são duas pessoas que se desejam. Paralelamente, apresentam-se três versões diferentes de encontros de casais. O da bela e doce (mas também néscia) Jane com o bondoso senhor Bingley; a história da mais nova das irmãs Bennet, Lydia, que namorisca qualquer um que vista uniforme. Acaba por fugir com Wickham, um homem sem escrúpulos, que acaba por ser sobornado para deposar Lydia que já havia perdido a virtude; finalmente temos a deprimente união de Charlotte, com 27 anos, com o reverendo Collins.
Era, à época, o casamento, o único recurso que restava às mulheres, para sua segurança económica.
Armando Palavras

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