"Personagem Olho-te e
vejo-te nesse corpo airoso como és: Elegante, olhar felino, esbelto, sedutor.
Saio de mim e entro em ti para te ver por dentro Medindo toda a extensão dessa
mão cheia de amor. Fechas a porta com trincos de ferro e não me deixas entrar.
Circulo. Vou às traseiras. Há uma janela aberta para flanquear. Desço um
degrau. Espreito p’la frincha de luz. Neste raio luminoso dançam grãos de
poeira vindos de ti. Está sentado no computador – dizes palavras ocas Lança-las
ao vento, à brisa, à tempestade e ao mar. Do outro lado ficam os que te amam
Porque a tua personagem prende, encanta, seduz o olhar Arrasta multidões nas
canções que ninas para embalar. Então o mundo se inclina para tu passares,
cantando hossanas! Perfumam-te de alfazema, madressilvas e alecrim Porque és
rei, príncipe, flor alada, canteiro de jardim. Por detrás da cortina olho
embasbacada a tua alma. Ris-te! Uma lágrima teimosa desliza nos meus pés.
Depois do fogo-de-artifício com pérolas de luz Rasgam no meu peito melodias de
azul a colorir a noite. Despes a roupagem! Lanças gargalhadas revoltas na
folhagem Vejo-te altivo, arrogante, mordaz. Por detrás da personagem Nua. Saio.
E eu que até no corpo sou pequena Entro na tua sombra e já não sei quem és.
15/01/013 Donzilia Martins"
Donzilia Martins |
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