Opinião
Enf. Jorge Cadete
Presidente da Secção Regional
Norte da Ordem dos Enfermeiros
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Numa altura em que muitos enfermeiros - nomeadamente os
recém licenciados - estão a sair de Portugal por falta de emprego, este artigo
de opinião do Presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos Enfermeiros,
Jorge Cadete - instituição que representa cerca de 25 mil enfermeiros dos
Diistritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real - é um
alerta para esta situação
Agradeço a vossa melhor atenção
Respeitosos cumprimentos
AP
“Desemprego” e “Soluções para
Jovens Enfermeiros”
Falar em desemprego na enfermagem e encontrar soluções para jovens
enfermeiros, pressupõe uma análise/reflexão sobre a conjuntura atual do país
nas questões de regulação, quer do mercado de ensino de enfermagem quer do
mercado de trabalho na área da saúde.
Numa década a formação de enfermeiros passou de um deficit
a um excesso da oferta, sem o devido equilíbrio entre esta e a respetiva
absorção pelo mercado.
De facto, há doze anos atrás abriam-se processos de
admissão para enfermeiros nos estabelecimentos de saúde e as vagas não eram
totalmente preenchidas. Assistia-se a um mercado de trabalho carenciado.
Perante essa situação, as escolas superiores de enfermagem viram uma
oportunidade de aumentar o número de alunos e de cursos, por ano e assistiu-se
a um novo paradigma no âmbito da formação de novos enfermeiros, com a abertura
de cursos de enfermagem por outros estabelecimentos de ensino, como: escolas de
saúde, universidades e Institutos politécnicos.
Não houve a preocupação de regular a oferta formativa com
a realidade de respostas do mercado de trabalho nacional. Adicionado a essa
situação, passamos a estar confrontados com uma conjuntura económico-financeira
nacional e europeia grave, que implicou fortes constrangimentos orçamentais.
Essas medidas, passaram essencialmente pela diminuição de despesa pública, com
reflexo na capacidade de absorção de recursos humanos. As organizações de
saúde, públicas e privadas, rapidamente adotaram procedimentos de retração na
contratação e de dispensa de trabalhadores com vínculos precários.
Porém, convém não esquecer que os dados disponibilizados
pelas diferentes entidades oficiais nacionais e europeias, dizem-nos que existe
no País um rácio enfermeiro/mil habitantes de 5,7 o que configura um
claro deficit relativamente àquele que
é proposto pela OCDE, que se cifra em 8,7. Basta auscultarmos os
enfermeiros nos diversos contextos da sua prática clínica, quer das
organizações públicas quer privadas, para obtermos a confirmação dessa
evidência de sub-dotação nos serviços.
A emigração tem sido a solução mais utilizada nos últimos
tempos (na SRN, cerca de 900 pedidos de declarações, em 2012). As razões são
óbvias e aceitáveis, porque o jovem enfermeiro necessita de trabalhar,
organizar a sua vida pessoal e não quer perder competências profissionais, que
a inatividade coloca em
risco. Consultem a Ordem dos Enfermeiros (OE) e outras
organizações de credibilidade reconhecida, para serem salvaguardadas as medidas
de cautela e de reserva nos processos de emigração.
Como representante da OE e enquanto presidente da Secção
Regional do Norte (SRN), preocupa-me toda esta situação de compasso e eventual
estagnação dos jovens enfermeiros. Para minimizar alguns dos efeitos inerentes
à situação, principalmente o afastamento de contextos formativos e de alguma
desatualização profissional, a SRN tem realizado, e vai continuar a realizar,
algumas atividades formativas, internas e externas, de temáticas diversas,
disponibilizando-as de forma gratuita aos membros desempregados.
Enf. Jorge Cadete
Presidente da Secção Regional Norte da Ordem dos
Enfermeiros
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