Essa imagem está a
correr nas redes sociais e alguns até consideram que se tornou um símbolo.
Publicada em vários sites
internacionais, mostra a jovem (tem 18 anos, é de Lagos), de
cabelos longos, abraçada a um agente (Sérgio) do corpo de intervenção de capacete e viseira
fechada na manifestação em Lisboa no dia 15 de Setembro.
José Manuel Ribeiro,
fotojornalista da Reuters, estava no local. “Saí da Praça José Fontana [onde
começou a manifestação] e tinha decidido que ficaria junto aos escritórios do
FMI porque achava que seria ali que podia acontecer alguma coisa mais grave. A
certa altura vi um vulto a dirigir-se a um polícia e pensei: ‘É agora!’ Rodeei
outro agente e fotografei. Não estava à espera que fosse um abraço”, conta.
Enviou a imagem. Continuou a trabalhar. E só mais tarde percebeu que tinha sido
destacada pela Reuters. “Quando cheguei a casa de madrugada percebi que tinha
sido publicada na Nova Zelândia” e no dia seguinte viu-a nas páginas do jornal
brasileiro O Globo.
“Decidi à última
juntar-me à manifestação” contra as medidas de austeridade. “Estava a gostar de
ver o povo unido, apesar de eu não ser de gritar. Mas é bonito ver o povo unido
por uma causa.”
Quando percorria com
centenas de milhares de outras pessoas a Avenida da República percebeu “que
havia confusão” num certo ponto. “Soube então que estava ao pé do FMI.
Aproximei-me porque tinha curiosidade. Estava só ali, a observar a reacção dos
polícias porque sei que por detrás deles há muito poder e que eles são marionetas.
Estão ali porque recebem dinheiro para alimentar os filhos. Às vezes vemos os
polícias partir para a violência e aproximei-me porque queria perceber o que é
que eles eram capazes de fazer. Porque eles também são o povo, também estão a
ser prejudicados com as medidas [do Governo].”
A certa altura,
fixou-se num agente em particular. “Já tinha sido lançada uma bomba de fumo”,
diz. “Já tinha olhado para ele, quando ele ainda não tinha a viseira. Tinha um
olhar triste. Mas tinha um olhar aberto também. Sou muito sensível nestas
coisas”, conta a aluna de Artes Visuais. “Fui ter com ele e perguntei-lhe: ‘Por
que é que vocês estão aqui? Para provocar alguma reacção má?’ Ele disse: ‘É o
meu trabalho.’ Depois perguntei: ‘Não gostava de estar deste lado?’ E ele não
respondeu. Olhou em frente.”
Adriana voltou a
afastar-se, os gritos à sua volta continuavam, depois pensou: “Pensei uma,
duas, três vezes. E aproximei-me dele. Acredito que se der amor, recebo amor. E
foi por isso. Queria ter um gesto de amor. Queria ter uma reacção boa naquele
momento, não quero ter sentimentos maus. Aproximei-me dele, abracei-o. Ele
ficou estático. Depois afastou-se suavemente. Não me afastou, afastou-se.”
Retirado de vários orgãos de comunicação social
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