No passado fim-de-semana realizaram-se
as festas de Lagoaça, cujo cartaz se publica ao lado. São dedicadas à Senhora
das Graças. É uma festa recente, com origem no século XIX. A devoção a Nossa
Senhora das Graças, denominada também da Medalha Milagrosa, resultou da
aparição de Maria a Santa Catarina de Labouré, noviça da congregação das Filhas da Caridade no convento de Paris, a 27 de Novembro de 1830.
A senhora das Graças foi ainda muito
venerada no período colonial brasileiro. A primeira igreja do Brasil a ela
dedicada foi construída em Salvador, por Diogo Álvares, o Caramuru.
A sua iconografia não difere do relato da vidente: “ (…) estava de pé,
vestida com um vestido de seda, cor de branco aurora. Cobria-lhe a cabeça um
véu azul que descia até aos pés (…) as mãos estenderam-se para a terra,
enchendo-se de anéis cobertos de pedras preciosas, mais belas umas que as
outras (…) jorrando feixes de luz em todas as direcções (…)”.
Normalmente
é representada sobre o globo terrestre esmagando a cabeça de uma serpente que
simboliza as forças satânicas. Aliás, iconografia fundamentada na passagem
bíblica da Mulher do Apocalipse que
escapa à serpente (Ap. XII; 13- 18); a Serpente antiga do Génesis (II; 1-5), ou
a de Amós (IX; 1-4)
Os
únicos elementos que existem sobre a origem desta festa em Lagoaça,
encontram-se publicados na revista denominada Terra Nossa (2002) que era editada pela sua Comissão de Festas, mas
onde se não citam fontes: no ano de 1869 é nomeado seu mordomo António Augusto
Lopes Antunes. Em 1885 a
Junta pagou a Francisco Manuel Lopes 18$600 por despesas que fez para essa
festa.
São
ainda referidos escassos elementos sobre os anos de 1886, 1887 e 1889. Os
restantes (também escassos) são já do século XX.
Foi
sempre uma festa de arromba. Na região não conhecemos nenhuma com a sua
dimensão. Além do foguetório (sempre extraordinário), os programas religioso,
recreativo e cultural são sempre soberbos. A titulo de exemplo: o ano que
passou (2011), a sua Comissão de Festas, patrocinou uma colectânea de autores
transmontanos (c. de 75), com mais de 400 páginas, editada pelo empresário
António Neto (Exoterra).
Mandocas
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