terça-feira, 19 de junho de 2012

Dois momentos de poesia - Silvio Teixeira e Zé Manel (Faragata)






Zé Manuel ( Faragata)




O Ato

O sumo de uma laranja jorra através dos meus dentes,
Depois do prato da canja com letras desordenadas e quentes.
Palato vitaminado, exótico, com muitos cês,
Dignos de um prato erótico e sabores que ninguém vê.
Deito a foice à seara e, no espaço, marco o eito
Deste trigal de palavras, que ceifo e ponho a jeito.
Lavro terra no papel, para nova sementeira,
Disponho os grãos de trigo, depois da debulha na eira.
E nesta dança frenética, extasiado de espanto,
Ejaculo letra a letra, sobre uma folha em branco.
Idealizo uma tela, de cores visto-a com tempo,
Onde em cada pincelada perpetuo este momento.
Oh! Como bailam as letras! Que bailado intermitente…
Uma a uma rumo à tela; parecem estrelas cadentes!
Bendita sopa de letras onde comem os sentidos
Elixir de alquimista que dá cor e vida aos livros.
                                  J.F.

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