segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ISLÂNDIA - o seu exemplo

Há cerca de dois meses que vinhamos recebendo textos de pessoas amigas neste sentido - sobre a questão islandesa. Não estavamos devidamente informados, e como eram textos da internet, tivemos que fazer uma consulta por vários "canais". Por essa razão só agora elaborámos este escrito sobre tal questão.


Geografia

A Islândia é um país nórdico insular europeu, situado no Oceano Atlântico Norte. O país possui uma população de cerca de 320 000 habitantes e uma área total de 103 000 km ². A sua capital e maior cidade é Reiquiavique, cuja área metropolitana abriga cerca de dois terços da população nacional.

Reiquiavique sobrevoada pela Aurora Boreal
 (fonte: internete)
Localizada na Dorsal Meso-Atlântica, a Islândia é muito activa vulcânica e geologicamente, o que define sua paisagem. O interior é constituído principalmente por um planalto caracterizado por campos de areia, montanhas e espaços gélidos, enquanto vários grandes rios glaciais correm para o mar através das planícies. Aquecida pela corrente do Golfo, a Islândia tem um clima temperado em relação à sua latitude e oferece um ambiente habitável.
História

O povoamento da Islândia começou em 874, quando o chefe norueguês Ingólfur Arnarson se tornou o primeiro morador norueguês permanente da ilha.
islândia3, Lagos glaciários continentais
com muitos campos de gelo
Nos séculos seguintes, os povos de origem nórdica e céltica instalaram-se no território da Islândia. Até o século XX, a população islandesa era fortemente dependente da pesca e da agricultura e o território do país era, entre 1262 e 1918, parte das monarquias norueguesa e, mais tarde, dinamarquesa. No século XX, a economia e o sistema de protecção social da Islândia desenvolveram-se rapidamente e, nas últimas décadas, o país tem implementado o livre comércio no Espaço Económico Europeu, acabando com a dependência da pesca e partindo para novos domínios económicos no sector de serviços, finanças e de vários tipos de indústrias. A Islândia é uma economia de livre mercado com baixos impostos em comparação com outros países da OCDE. O país mantém um sistema de previdência social nórdico, com prestação de saúde universal e de ensino pós-secundário subsidiado para os seus cidadãos.
islândia, vista aérea dos picos
vulcânicos de Skaftaell

Cultura

Lagoa Azul, um dos locais
 mais belos do Mundo
A cultura islandesa é baseada no património das nações nórdicas e no seu estatuto como uma sociedade desenvolvida e tecnologicamente avançada. A herança cultural do país inclui a cozinha tradicional islandesa, a poesia e as Sagas islandesas medievais. Nos últimos anos, a Islândia tornou-se uma das nações mais ricas e desenvolvidas do mundo. Em 2007, o país foi classificado como o mais desenvolvido do mundo pelo Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas e com o quarto maior PIB per capita do planeta.

A crise

Em 2008, quando a falência de grandes instituições financeiras dos EUA arrastou bancos e países para crises da dívida pública sem precedentes, a Islândia fazia parte desta lista. O sistema bancário do país falhou, causando contracção económica significativa e agitação política que levaram à antecipação das eleições parlamentares fazendo de Jóhanna Siguröardóttir a nova chefe de Governo do país.
Quatro anos passados, o país apresenta ao mundo um crescimento económico notável.
Em Novembro de 2011,de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Islândia iria fechar o ano com um crescimento do PIB de 2,5%, prevendo-se novo crescimento de 2,5% para 2012 – números que representam quase o triplo do crescimento económico de todos os Estados-membros da União Europeia – que em 2011 ficaram pelos 1,6% e que descerão para os 1,1% em 2012. A taxa de desemprego no país vai ainda descer para os 6%, contra os actuais 9,9% da zona euro.
islândia2, A queda de água de Svartifoss
Contra factos não há argumentos e nem as agências de rating conseguem ignorar os efeitos positivos das decisões políticas. "A economia da Islândia está a recuperar das falhas sistemáticas dos seus três maiores bancos e voltou a um crescimento positivo depois de dois anos de contracção severa", disse em Novembro de 2011 a Standard & Poor’s, depois de ter subido o rating do país para BBB/A-3 (a Fitch manteve a Islândia com rating "lixo").

E isto porquê?

Das consecutivas decisões que o país foi tomando – e que continua a tomar – desde 2008 que não há vítimas a registar, a não ser os banqueiros e políticos que levaram à crise da dívida pública. No rescaldo do colapso financeiro, a população compreendeu rapidamente que também tinha a sua quota parte de culpa na iminente bancarrota e preparou-se para apertar o cinto. Mas não da forma como os Estados-membros da UE o têm feito: consecutiva e sem resultados à vista.
A nacionalização dos três grandes bancos islandeses no rescaldo do seu colapso por pressão popular em 2008 e a queda do governo abriu caminho à recuperação. O país continua a pagar o resgate de 2,1 mil milhões do FMI mas esse valor não impede o crescimento económico, potenciado ainda por medidas como a criação de uma comissão constituinte de cidadãos sem filiação partidária que agora é consultada em quase todas as decisões políticas[1] e pela contínua busca e julgamento dos responsáveis pelo estalar da crise. Resultado: para além dos números já avançados, está previsto um crescimento de 2,7% do PIB islandês em 2013.

Esta revolução islandesa está a passar despercebida nos media internacionais.

E Portugal? O Estado falhou no essencial. E por quem era ocupado o Estado? Por eles. Os príncipes da República que andam por aí de “consciência tranquila”, a tratar da sua vidinha, porque cá dentro houve quase que um pacto para se não falar do passado, para nunca se apurarem as culpas daqueles que aqui nos trouxeram, a este sarilho enorme. À falência e à miséria de um Povo[2].
Os políticos portugueses julgam-se perpetuamente imunes devido à enorme resignação do Povo, que nunca lhes irá pedir contas e por aí fora. Não é o que se sonda no ar. A vontade de as pedir tem aumentado de dia para dia e há-de tornar-se geral.
Estas falcatruas enfraqueceram o regime, por isso o que sobra é a mudança. De regras, de homens, de partidos. Terá de ser lenta e gradual…certa.
Armando Palavras




[1] As mudanças constitucionais, foram outra vitória popular: a coligação aceitou criar uma assembleia de 25 islandeses sem filiação partidária, eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais, etc. A nova Constituição será inspirada na da Dinamarca e, entre outras coisas, incluirá um novo projecto de lei, o Initiative Media - que visa tornar o país porto seguro para jornalistas de investigação e de fontes e criar, entre outras coisas, provedores de internet.
[2] Lembram-se de um Secretário de Estado que se virou para determinada classe profissional e lhe disse mais ou menos assim, ou seguem ou são trucidados? Assim ou coisa parecida. Qualquer coisa assim foi. Estava a falar com uma parte do Povo!

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