terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Charles Dickens nasceu há 200 anos

   

Nasceu em Porton, Inglaterra, em 1812, a sete de Fevereiro, e morreu em Londres em 1870. O rapaz de que falamos sonhava ser escritor, mas tudo parecia conspirar contra o seu desejo. Seu pai foi preso por não poder saldar as dívidas, e ele teve que abandonar a escola, que apenas frequentou quatro anos. Experimentando, por vezes, as agruras da fome, conseguiu, finalmente, empregar-se num armazém onde colava rótulos em frascos de graxa, comungando a comida com os roedores que infestavam o lugar. Em atmosfera quase irrespirável, dormia com outros companheiros nas águas-furtadas de um cortiço londrino. Após dezenas de contos lhe serem recusados, para que ninguém se risse dele, uma noite, às escondidas, mandou pelo correio um manuscrito anónimo à revista “ The Monthly Magazine “. Este, finalmente aceite, foi elogiado pelo editor e aquele rapaz que tão tenazmente tinha lutado contra a adversidade, vagueou pelas ruas londrinas, deixando correr lágrimas de felicidade.
A aceitação e publicação deste conto, haveria de mudar para sempre a sua vida, e alentou Charles Dickens a mandar mais material escrito que de futuro apareceria sob o título “ Sketches by Boz “.

Com esta imagem o Google homenageou os 200 anos do
nascimento de Charles Dickens

Em 1836 publicou os “ Arquivos Póstumos do Pickwick Club”, o seu primeiro romance. A partir de 1858, com uma audiência composta por amigos e artistas, fazia leituras dos seus textos. Em 1859 publicou um dos seus melhores romances – “ História de Duas Cidades “.
Sem dúvida que na história da infância o seu grande porta-voz é Charles Dickens[1]. Conhecido pelos seus sentimentais personagens infantis que, no século XIX, desfizeram em lágrimas o mundo anglófono, porque foi autor de obras notáveis que retrataram a Inglaterra vitoriana: “ Oliver Twist, “ David Copperfield “, “Grandes Esperanças”, “ A Loja de Antiguidades” e “ Contos de Natal “.
Oliver Twist, Dorrit, Pip, David Copperfield, e, sobretudo, a Nell são os protagonistas de obras imortais. A pequena Nell é a protagonista de um episódio lendário na história dos leitores fanáticos. O romance, como todos os de Dikens, saiu em fascículos que mensalmente Charles publicava numa revista. Quando o último ficou pronto, uma multidão impaciente esperava no porto de Nova Iorque o barco que transportava o número correspondente da revista. Ansiosa por saber o destino da pequena heroína, ouviu-se um grito em uníssono para o barco acabado de chegar: “Ela morreu?”
Morrera. O episódio que descreve o falecimento da pequena Nell é tão sentimental que Óscar Wilde (que não perdia oportunidade de ser sarcástico) comentou, imperturbável, que só alguém com coração de pedra poderia lê-la sem ter um acesso de riso. Podemos dizer que a emoção causada por este romance só recentemente foi superada com Harry Potter quando as livrarias abriram as portas à meia-noite para satisfazer o público impaciente.

Colecção “Mil Folhas” –
jornal Público
Tradução de  Lucília Filipe

O episódio das papas de “Oliver Twist” é também uma das cenas mais célebres dos romances de Dickens. O órfão faminto perante o representante da burocracia estatal, saciado, inflexível, com uma monstruosa falta de sentimentos.                                                                   

“ O Natal do senhor Scrooge “, sem dúvida um dos mais conhecidos, influenciou o renascer da tradição, cada vez menos festejada. A descrição que Dickens faz do Natal, é a da sua verdadeira essência: tempo de paz, de caridade e de bondade para com os outros. 
É o próprio Dickens que paga o custo da edição e estabelece o preço em cinco xelins, para que, deste modo, fosse acessível a todos. O livro foi publicado na semana anterior ao Natal de 1843, tornando-se num êxito imediato. No livro, destaca-se o contraste de uma infância infeliz com uma sociedade avarenta, através da história de um agiota sovina, ao qual três espíritos mostram o seu passado, o seu presente e o futuro que o espera se não mudar de atitude.
Charles Dickens escreveu sobre crianças, sobre pobres, e sobre uma sociedade brutalmente injusta. As suas obras são um corolário de critica social.
Hoje é bom retomar este soberbo escritor, porque a diferença entre os nossos tempos e os dele, não é nenhuma!
Armando Palavras


[1] Sem esquecer, contudo, Rousseau.

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