As casas regionais de Trás-os-Montes e as
suas influências sociais
Em 23 de Setembro
de 1905 nasceu a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa que teve diversas
sedes na capital. Atualmente ainda usufrui de sede própria, no Campo Pequeno.
Mas um terceiro andar não se presta a garantir comodidade para eventos
numerosos. Daí que a direção já tenha negociado, com a Câmara de Lisboa, um
espaço térreo, na baixa de Lisboa, com condições próprias para acolher eventos
de toda a ordem numa das mais antigas comunidades regionais. As obras vão
começar.
Os transmontanos e
alto-durienses foram, desde 868, os habitantes do Condado Portucalense, que
Vímara Peres coordenou, como prémio da sua astúcia em libertar-se dos
muçulmanos, no espaço entre os Rios Douro e Minho, e que existiu até à Batalha
de Pedroso, em 1071, no rescaldo da qual o território perdeu a autonomia e
regressou à alçada de Leão e Castela durante 25 anos, até 1096.
Nesse ano, Afonso
VI ofereceu à filha mais nova, D. Teresa, o Condado Portucalense que, a partir
daí, voltou a ganhar autonomia. E ao mesmo tempo, Afonso VI aproveitou para
legar à filha Urraca, a mais velha, todo o território da Península Ibérica. No
entanto, esta injustiça hereditária redundou no renascimento do Condado criado
por Vímara Peres. Foi a partir daí que Portugal se expandiu, à medida que o
território se foi libertando dos muçulmanos até ao sul.
Com esta alusão
pretendo justificar que os “proto Portugueses” dos dois Condados que
antecederam o Portugal que somos, nunca se deixaram influenciar por serem
pobres e se agarrarem ao terrunho mais pobre e mais longínquo do Terreiro do
Paço. Há, hoje, certa gente que se cruza connosco e nos olha como se fossemos uns
coitadinhos.
Pela ampla diáspora
da Lusofonia, em todas as épocas, dos primeiros a marcar terreno nos diversos
continentes foram, e/ou ficaram, transmontanos. Onde quer que
cheguem, logo se interligam, se agregam e se entre ajudam. As casas regionais
foram e continuam a ser uma espécies de quiosques ou postos de apoio. Ou seja
temos orgulho no que fomos, do que somos e daquilo que seremos, sem reservas.
Esta narrativa
histórica ocorre-me partilhá-la quando decorrem os 120 da anos da Casa-Mãe de
Lisboa, do Porto, de Guimarães, de Braga, de Coimbra, do Algarve, de Tomar, de
Viana de Castelo e do estrangeiro, como sendo: do Brasil, dos USA, de Luanda,
de França e outras que possam existir, embora não tenham celebrado escritura
pública.
O luto aos 40
anos da Instituição
Os 40 anos que esta assembleia geral comemorou, valeram pelos últimos acontecimentos que enlutaram a comunidade, pelo desaparecimento de um dos mais dedicados obreiros desta causa Transmontana: Diogo Fernandes. Durante o ano que já decorreu, o Vice-Presidente da Assembleia, José Maria Barroso Gonçalves, lealíssimo com todos os órgãos sociais, assumiu, como lhe competia, todas as diligências, e Nuno Fernandes aceitou substituir a imagem do Pai, da Mãe e dos irmãos, para que a Casa Regional do Porto se mantenha fiel aos propósitos estatutários.
A direção correspondeu plenamente, embora tenha retardado alguns compromissos, por exemplo, a apresentação de livros de autores Transmontanos. Mas já no próximo dia 12, sábado, ali estará, a partir das 15 horas, A. F. Caseiro Marques para a apresentação do seu último livro, a que chamou: « Era Abril e estive lá ». Como o título pretende inferir, este ilustre jurista marcou uma carreira notável, como foi o caso do «Padre Max» (que foi meu condiscípulo, durante sete saudosos anos).
Caseiro Marques nasceu em 1951 e licenciou-se em Direito e foi surpreendido, como todos nós, pela revolução dos cravos.
Victor Louro, que foi seu colega de curso, afirma no prefácio que «o autor não foi à guerra, mas ficou em contacto com uma parte dessa realidade. O 25 de Abril foi confrontado com aquilo que nem sabia bem o que era, e muito menos, o que viria a ser. Foi então que esteve face à realidade dos presos políticos em Caxias. Este livro dá-nos, de maneira singela, uma versão dos acontecimentos». E a apresentação deste livro vem na hora certa, já que se aproxima mais uma celebração dessa data.
Barroso da Fonte