domingo, 6 de abril de 2025

As casas regionais de Trás-os-Montes e as suas influências sociais

 

As casas regionais de Trás-os-Montes e as suas influências sociais

 

Em 23 de Setembro de 1905 nasceu a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa que teve diversas sedes na capital. Atualmente ainda usufrui de sede própria, no Campo Pequeno. Mas um terceiro andar não se presta a garantir comodidade para eventos numerosos. Daí que a direção já tenha negociado, com a Câmara de Lisboa, um espaço térreo, na baixa de Lisboa, com condições próprias para acolher eventos de toda a ordem numa das mais antigas comunidades regionais. As obras vão começar.

Completando-se agora os 120 anos desta Instituição, saúdo a liderança diretiva e o exemplo de resistência, de coragem e de aventureirismo dos transmontanos que, pelos tempos fora, sempre souberam entreajudar-se nas grandes causas, optando-se pela prática da solidariedade, da tolerância e do comunitarismo.

Os transmontanos e alto-durienses foram, desde 868, os habitantes do Condado Portucalense, que Vímara Peres coordenou, como prémio da sua astúcia em libertar-se dos muçulmanos, no espaço entre os Rios Douro e Minho, e que existiu até à Batalha de Pedroso, em 1071, no rescaldo da qual o território perdeu a autonomia e regressou à alçada de Leão e Castela durante 25 anos, até 1096.

Nesse ano, Afonso VI ofereceu à filha mais nova, D. Teresa, o Condado Portucalense que, a partir daí, voltou a ganhar autonomia. E ao mesmo tempo, Afonso VI aproveitou para legar à filha Urraca, a mais velha, todo o território da Península Ibérica. No entanto, esta injustiça hereditária redundou no renascimento do Condado criado por Vímara Peres. Foi a partir daí que Portugal se expandiu, à medida que o território se foi libertando dos muçulmanos até ao sul.

Com esta alusão pretendo justificar que os “proto Portugueses” dos dois Condados que antecederam o Portugal que somos, nunca se deixaram influenciar por serem pobres e se agarrarem ao terrunho mais pobre e mais longínquo do Terreiro do Paço. Há, hoje, certa gente que se cruza connosco e nos olha como se fossemos uns coitadinhos.

Pela ampla diáspora da Lusofonia, em todas as épocas, dos primeiros a marcar terreno nos diversos continentes foram, e/ou ficaram, transmontanos. Onde quer que cheguem, logo se interligam, se agregam e se entre ajudam. As casas regionais foram e continuam a ser uma espécies de quiosques ou postos de apoio. Ou seja temos orgulho no que fomos, do que somos e daquilo que seremos, sem reservas.

Esta narrativa histórica ocorre-me partilhá-la quando decorrem os 120 da anos da Casa-Mãe de Lisboa, do Porto, de Guimarães, de Braga, de Coimbra, do Algarve, de Tomar, de Viana de Castelo e do estrangeiro, como sendo: do Brasil, dos USA, de Luanda, de França e outras que possam existir, embora não tenham celebrado escritura pública.

 

O luto aos 40 anos da Instituição

No último dia 29 de Março, a congénere do Porto realizou a sua assembleia geral, relativa aos 40 anos da sua atividade. Além do almoço de trabalho e da discussão e aprovação por unanimidade, seguiram-se algumas justíssimas invocações aos associados mais influentes que a Casa teve, como: Eduardo Taveira da Mota, e os juízes conselheiros: Francisco Diogo Fernandes e Mário Rua Dias. Pela sua influência cultural e artísticas, desde a primeira hora, foi proclamado, como sócio benemérito e honorário, o popular jurista Normando Valongueiro Machado. Foi igualmente homenageado, como sócio benemérito, o Engenheiro Nuno Fernandes, pelo contributo material que custeou, em recuperações várias na sede da Associação.

Os 40 anos que esta assembleia geral comemorou, valeram pelos últimos acontecimentos que enlutaram a comunidade, pelo desaparecimento de um dos mais dedicados obreiros desta causa Transmontana: Diogo Fernandes. Durante o ano que já decorreu, o Vice-Presidente da Assembleia, José Maria Barroso Gonçalves, lealíssimo com todos os órgãos sociais, assumiu, como lhe competia, todas as diligências, e Nuno Fernandes aceitou substituir a imagem do Pai, da Mãe e dos irmãos, para que a Casa Regional do Porto se mantenha fiel aos propósitos estatutários.

A direção correspondeu plenamente, embora tenha retardado alguns compromissos, por exemplo, a apresentação de livros de autores Transmontanos. Mas já no próximo dia 12, sábado, ali estará, a partir das 15 horas, A. F. Caseiro Marques para a apresentação do seu último livro, a que chamou: «  Era Abril e estive lá ». Como o título pretende inferir, este ilustre jurista marcou uma carreira notável, como foi o caso do «Padre Max» (que foi meu condiscípulo, durante sete saudosos anos).

Caseiro Marques nasceu em 1951 e licenciou-se em Direito e foi surpreendido, como todos nós, pela revolução dos cravos. 

Coube-lhe ingressar na Armada em Agosto de 1972, na Classe de Fuzileiro do 21º CFORN. Recaíram nele funções de instrutor na Escola de Fuzileiros e de instrutor no Serviço de Justiça. Três anos depois foi promovido a 1º Tenente e aposentou-se em 1983, para fazer carreira jurídica durante 40 anos. Durante 25 anos foi autarca e, em 1998, fundou o Notícias de Vila Real de que foi diretor. Apesar de jubilado, ainda hoje nele mantém colaboração permanente. Entretanto publicou diversos outros livros e é presidente da Assembleia Geral da Academia de Letras de Trás-os-Montes.

Victor Louro, que foi seu colega de curso, afirma no prefácio que «o autor não foi à guerra, mas ficou em contacto com uma parte dessa realidade. O 25 de Abril foi confrontado com aquilo que nem sabia bem o que era, e muito menos, o que viria a ser. Foi então que esteve face à realidade dos presos políticos em Caxias. Este livro dá-nos, de maneira singela, uma versão dos acontecimentos». E a apresentação deste livro vem na hora certa, já que se aproxima mais uma celebração dessa data.

Barroso da Fonte

Rússia ataca Jardim de Infância em Kryvyi Rih, cidade onde Zelensky cresceu


Estas nove crianças que brincavam no jardim foram assassinadas pelos mísseis russos...

Ataque russo mata 18 pessoas, incluindo nove crianças, na cidade de Zelensky

Um ataque com míssil matou pelo menos nove crianças em Kryvyi Rih, onde o Presidente da Urânia cresceu. “A Rússia não quer um cessar-fogo e nós vemos isso”, afirmou Zelensky.

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/russia-lanca-ataque-contra-ucrania-e-mata-varias-criancas-num-parque-infantil_v1646007



José António Saraiva - Estou Aqui!

 Jornal Sol

XV Caminho deSantiago - Caminho Francês

 

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Em Braga: Cimeira da imprensa local e regional foi mistério positivo.



 

Em Braga:

Cimeira da imprensa local e regional foi mistério positivo

 

Os 21 anos de ligação ininterrupta ao jornalismo (nacional, regional e local) que, em Abril de 1974, já somava, permitiram-me, na qualidade de correspondente do JN, DN e Diário Popular, na cidade de Guimarães, convencer outros correspondentes de outras publicações, a fundar uma associação que zelasse pelos direitos de quem escrevia ou comunicava notícias na imprensa da época.

Esse organismo chamou-se Gabinete de Imprensa de Guimarães (GIG) e, dia 3 de Março de 1976, nascia o primeiro recurso que garantia apoio e proteção aos seus aderentes. Fossem da direita, do centro ou da esquerda política, todos os associados dispunham do mesmo tratamento. A Câmara local concedeu um espaço, a título gracioso, e dali em diante tudo mudou. Até essa altura, somente existiam no país dois organismos: AID e AIND; aquele para os jornalistas «profissionais» e este para os «amadores» que eram uma espécie de bombeiros voluntários da imprensa: chamavam-se correspondente locais.

Existia uma espécie de sindicato, para um ou outro mais atrevido que, perante o patronato, simulava uma certa autoridade. A censura, mais tarde, exame prévio, foi um obstáculo que irritou a liberdade de imprensa, até à chegada da primavera ideológica. A existência desse obstáculo limitava a função do jornalismo. E o signatário, que cedo se intrometeu nessa faina, teve de requerer ao Ministério da Defesa, autorização para cumprir, no norte de Angola, os 26 meses de oficial Ranger que desempenhava a dupla função de combatente miliciano e de repórter. Esta acrescida tarefa ainda hoje a usa, porque dela se serviu quando, em 1975, se transferiu de Chaves para Guimarães. Na qualidade de jornalista daqueles órgãos acima referidos, tendo apenas um cartão de representante do JN e do Notícias de Chaves, viu-se, algumas vezes, com dificuldades de acesso a, por exemplo, certas empresas têxteis, que negavam a entrada, fosse a quem fosse, para obter informações.

Foi por essas e por outras que os representantes dos jornais, chegaram ao entendimento de legalizar o Gabinete de Imprensa, para dar formação intensiva, de seis meses, simultaneamente, a quantos aderissem ao projeto. E, assim, em nove concelhos do distrito de Braga tudo decorreu como se previra.

Que foi na hora certa e com o rumo ajustado, nota-se através da formação intensiva de três centenas de titulares do «Cartão de Acreditação», aprovado pelo então Secretário de Estado da Comunicação Social, Carlos de Sousa Brito; e pela confiança que depositou na designação do líder do Gabinete de Imprensa de Guimarães, ao nomeá-lo delegado da Direção-Geral da Comunicação Social do Norte. Foi esta a primeira associação diretiva, pós 25 de Abril, a olhar para o futuro da comunicação social, mormente no que respeitava à inexistente legislação do sector. 

Coincidiu com a chegada ao panorama nacional do então jovem Luís Marques Mendes, ex-secretário de Estado da Comunicação Social e impulsionador do Estatuto da Imprensa Regional. Na qualidade de secretário de dois governadores civis de Braga, ascendeu a membro dos governos de Cavaco Silva. A sua apetência política e jurídica que prestou aos dois influentes governantes do distrito de Braga, Eurico de Melo e a Fernando Alberto, cedo contribuiu para catapultar Marques Mendes, não só como Secretário de Estado, mas também como ministro, conselheiro de Estado e, agora, candidato a Presidente da República. Enquanto responsável máximo pela Comunicação Social, dada a aprendizagem que hauriu a partir da cidade onde nasceu (Guimarães) e cresceu (Fafe), nunca perdeu os efeitos positivos da Cidade Berço e da popularidade que irradiava, por estas exigências que herdou da Família e que se relacionavam com o simbolismo da Portugalidade.

Obviamente que a imprensa de Fafe aderiu, em força e qualidade, ao projeto que o Gabinete de Imprensa, sediado na vizinha Guimarães, proporcionava aos seus associados. Entre 1976 e 1985, Marques Mendes preparou-se, em Coimbra, para ser um destinatário privilegiado no amplexo da área científica de que o país precisava.

Em 1985 o signatário desta narrativa que, entretanto fora eleito vereador da Câmara de Guimarães, por quatro anos, cessou funções de delegado no Norte da Delegação da Comunicação Social. Marques Mendes pretendeu convidá-lo para diretor-geral. Mas a estrutura política local entendeu que o fundador do GIG não deveria abandonar a autarquia, dado o facto do partido ter ter ganho as eleições, sem que os dois vereadores que estavam na iminência de abandonar o elenco, fossem substituídos, como foi o caso do parlamentar Lemos Damião. Face a essa situação, o jovem governante solicitou ao signatário deste texto, então vereador vimaranense, a elaboração de uma lista de medidas necessárias e urgentes para mexer, profundamente, na legislação nacional, que foi adotada pelo mais novo e irrequieto governante.

Nos dias 15 e 16 de Março último a ANIR (Associação Nacional da Imprensa Regional) reuniu em Braga meia centena de representantes desta nova associação, dirigida por Eduardo Costa. Aí esteve Marques Mendes que falou daquilo que fez em prol da comunicação social. Aqui deixo excertos do seu testemunho:

«Em 1985, chego ao Governo e tenho a minha primeira experiência governativa. Tinha 28 anos e foi-me atribuída a pasta da Secretaria de Estado da Comunicação Social. Obviamente que os grandes dossiês que tinha na altura entre mãos eram outros: o início do processo de privatização da imprensa nacional, o desafio de criar a primeira lei de rádios que permitisse legalizar as chamadas rádios locais, o processo de fusão das agências de notícias. Estes eram, portanto, os grandes dossiês, aqueles que moviam as grandes atenções políticas e mediáticas e davam origem a inúmeros debates parlamentares. Agora, achei por bem acrescentar à agenda tradicional o tema da imprensa regional, devo dizer até que com surpresa para as pessoas que trabalhavam no meu gabinete. As pessoas do meu gabinete achavam um pouco estranho, porque não conheciam esta imprensa, ou se conheciam, não atribuíam grande importância e, por isso, não compreendiam sobretudo o grande enfoque que queria colocar na imprensa regional. Surpresa maior surgiu quando dei orientações e criei uma pequenina equipa para preparar um projeto de estatuto da imprensa regional. O primeiro estatuto da imprensa regional é desse meu tempo e da minha responsabilidade. Era absolutamente essencial para dar o ponto de partida para uma nova era, um novo ciclo na forma de abordagem da imprensa regional.»

«Um outro grande momento foi a criação de um conjunto de incentivos de natureza financeira para a modernização e a reconversão tecnológica da imprensa regional. E porquê? Porque achei também que não chega ter um estatuto, porque senão corre-se o risco de este ser apenas uma espécie de letra-morta, um papel, uma formalidade. O importante era justamente o contrário, era tratar do futuro da imprensa regional, que precisava de ser modernizada e tecnologicamente mais avançada. Havia, na altura, um conjunto de instrumentos para o fazer, mas precisavam de surgir a montante os instrumentos financeiros. O porte pago que já existia, mas que existia em más circunstâncias e condições, também era preciso ser reformulado e reformado».

A ANIR nasceu em 2016 e contará com 208 aderentes. Como sócio fundador do GIG e do IPIR, em 1976, 1984 e APIR (Barcelos) respetivamente, confesso que nunca ouvira falar desta nova coletividade, apesar de saber - agora - que o seu atual Presidente e fundador, Eduardo Costa, fora membro fiel das três primeiras associações da imprensa. Gostei de ver o vídeo e de ouvir algumas personalidades nacionais, mormente Luís Marques Mendes que pode e deve incluir, no seu curriculum de candidato Presidencial, o muito que fez pelo setor.

Barroso da Fonte

Arquitectos portugueses no Médio Oriente

 



Memórias do Regimento de Infantaria 13

 Entrada livre

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