
ALEXANDRE PARAFITA RIBEIRO ALVES
Foi
preciso o ex-presidente da Câmara de Vila Real sair desse cargo, para deputado
da Assembleia da República, para distinguir dois dos mais produtivos e fecundos
escritores do distrito de Vila Real, onde produziram literatura abundante e de
caráter científico, seja no campo da antropologia, da monografia ou das áreas
do misticismo, em que a Região Transmontana é riquíssima.
A
notícia acaba de chegar-nos pela Academia de Letras de Trás-os-Montes. E de
imediato a proclamo, porque os meus quase setenta e três anos de jornalismo,
dos 86 de idade, sempre em defesa dos Transmontanos, exigiam que abordasse este
tema.
Abracei
esta aposta em 30 de Junho de 1962, dia e ano em que, nos primeiros Jogos
Florais (do movimento Setentrião), me foi atribuído o primeiro prémio de
reportagem, no valor de mil escudos, que nessa altura me deram para ânimo para,
na Toca da Raposa, convidar para jantar: o João Granja da Fonseca, o Padre
Albano Silva e o saudoso Padre Maximino Barbosa de Sousa. Tenho comigo as
assinaturas dos três, na brochura que a organização distribuiu aos presentes no
Teatro Avenida, na sessão de entrega dos prémios.

Essa
data foi uma satisfação que marcou a minha tendência para a organização de
jogos florais em Chaves, Montalegre, Guimarães, Vila das Aves, Vizela e nos
quinze Encontros Nacionais de Poetas realizados entre 2000 e 2015. Foi por essa
altura que retomei o jornal nacional Poetas & Trovadores que ainda
paira na cabeça de inúmeros autores e artistas plásticos que colaboraram,
leram, arquivaram e mencionam, como se ainda perdurasse. Esse periódico, que
existiu durante 35 anos, entre 1982 e 2015, deu espaço, voz e visibilidade ao
mundo dos poetas lusófonos que muitos jornais nunca publicariam por não fazerem
parte da “elite cultural” estabelecida.
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Escrevo
este naco de leitura na tarde do dia em que - finalmente - dois autores
Transmontanos, do melhor que temos no universo da lusofonia, mormente o
distrito onde nasceram e ensinaram a vida inteira, desde que nasceram, até ao
fim do primeiro quarteirão do século XXI. É por isso que, como quarto
outorgante da Academia de Letras de Trás-os-Montes, com sede em Bragança e com uma
direção que sabe o que faz e me fez chegar a notícia nos seguintes termos:

«É
com grande honra que partilhamos a notícia da atribuição da Medalha de Prata de
Mérito Municipal aos nossos estimados associados Alexandre Parafita e Joaquim
Ribeiro Aires, no âmbito das comemorações do Centenário da cidade de Vila Real,
celebrado no passado dia 20 de julho de 2025. A Câmara Municipal de Vila Real
distinguiu personalidades que se notabilizaram pelo seu contributo cívico,
cultural e académico para a cidade e para a região. Entre os homenageados,
destacamos com especial orgulho dois membros da nossa Academia de Letras de
Trás-os-Montes: Alexandre Parafita – jornalista de reconhecido mérito na
imprensa regional e nacional, escritor de vasta obra na literatura infantil e
tradicional, docente no Liceu de Vila Real e mais tarde na Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD); e Joaquim Ribeiro Aires – historiador
dedicado à memória viva de Vila Real, antigo docente da Escola de São Pedro,
jornalista e subdiretor do jornal Notícias de Vila Real e autor de várias obras
sobre a história local. Felicitamos calorosamente ambos os homenageados por
esta distinção justa e merecida, que muito enobrece a ALTM e fortalece os laços
entre a nossa Academia e a cidade de Vila Real.»

Como
sócio fundador da Academia de Letras de Trás-os-Montes e de ex-presidente do
Conselho Fiscal na terceira direção da Academia, subscrevo este aplauso
à Câmara de Vila Real. E só lamento que a mesma cidade, mas com políticos
diferentes, não tenha louvado boa meia dúzia de outros Vila-realenses, como,
por exemplo: o Monsenhor João Parente e o seu irmão Salvador Parente, Silva
Gonçalves, Natália Marinho Ferreira-Alves e outros que, neste momento, não
consigo recordar. Certo é que Vila Real foi viveiro de vários e sóbrios
escritores, artistas e personalidades de proa e outras que a história perpetua,
como é o caso de Carvalho Araújo.

Alexandre
Parafita e Ribeiro Aires mereciam esta distinção, pela vida profissional,
social, familiar e cívica que construíram. Um exemplo claríssimo que envergonha
tudo e todos é o de João Parente, que nasceu há 93 anos em Águas Santas,
freguesia de São Tomé do Castelo, Vila Real, a 13 de maio de 1932. Completou o
curso de Teologia no Seminário de Vila Real em 1957 e, mais tarde, licenciou-se
em Teologia na Universidade Católica do Porto. Exerceu diversas funções
pastorais, incluindo a presidência da Comissão Diocesana da Catequese. A obra
que produziu, quer para a sociedade Vila-realense, quer para a cultura portuguesa,
quer em outros domínios, deverá entristecer quem ao longo de 93 deu tudo e a
todos. No mínimo merecia que o seu nome figurasse no museu que criou e ofereceu
graciosamente aos atuais e futuros concidadãos.
Como
decano dos jornalistas Portugueses felicito, vivamente, este reconhecimento.
Pelo seu enorme contributo intelectual em prol da região, Alexandre Parafita e
Ribeiro Aires mereciam esta distinção e muito mais.
Barroso
da Fonte
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