Lições
das eleições americanas
A esquerda continua a apostar no Estado, quando já está mais do que comprovado que o Estado não é solução.
Fátima Bonifácio24 de Novembro 2024
Já tinha
havido antes o exemplo de Bolsonaro. Mas o Brasil não é uma grande potência, e,
geopoliticamente considerado, sobrevive anichado numa coisa chamada o ‘Sul
Global’ (os BRICS), que não assusta ninguém. O Brasil não conta à escala
global, pelo que o poder do seu Presidente é e já era no tempo de Bolsonaro
muito modesto. Mas Trump é hoje em dia o homem mais poderoso do Mundo, interna
e externamente. Internamente conquistou o poder absoluto: a Presidência, o
Congresso, o Supremo Tribunal. Pode fazer o que lhe apetecer. É extraordinário
dizer isto de um homem que é um narcisista patológico, um carroceiro e um boçal
com um programa sinistro: deportar milhões de pessoas que estejam ilegalmente
nos EUA. Não contente com isso, tenciona travar e se possível retroceder a
globalização económica instaurando novamente o proteccionismo alfandegário
entre nações. Com estas duas medidas, nas quais se focou durante toda a
campanha eleitoral, pretende fazer a América novamente grande – MAGA: Make
America Great Again.
O mais extraordinário é que não lhe ouvimos uma única palavra dirigida ao povo
mais ou menos necessitado. E foi este povo e o povo todo quem lhe deu a vitória
eleitoral. Também não houve uma única concessão à ideologia das elites
democráticas, muito preocupadas com problemas identitários e a identidade de
género. Kamala, e bem, fez da liberdade e autonomia das mulheres uma das suas
bandeiras. Surpreendentemente, o assunto não mobilizou: a maioria das mulheres
votou Trump, um conhecido anti-aborto e misógino.
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