quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Fortaleza nas turbulências ...

 

FORTALEZA NAS TURBULÊNCIAS …

    SILERE NON POSSUM

         (Não me posso calar – Sto Agostinho)

          Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”

                                     (Alexandre Soljenitsyne)                   

                   Carta aos meus amigos – nº 65                                                        

                      BRAGA , 23 -  NOVEMBRO - 2023

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PAX

   A frase que encima esta minha Carta semanal é de um Bispo meu amigo, que não calcula que a vou usar, e que teve a gentileza de me enviar no mail que me endereçou a propósito da minha última Carta. Não pode calcular, Senhor Bispo, o alento que me deu! Muito obrigado. Na realidade, num mundo de cobardias e micro-cobardias (as piores e mais deletérias) e que pululam em multidões, sinto que este mundo anda muito mal frequentado. E, cada vez mais, desaba sobre mim um grande desalento e a sensação de que já não há muito a fazer. Mas, se tivermos “ fortaleza nas turbulências….”, tudo pode alterar-se no sentido de me tornar mais resiliente ( palavra da moda). Vivemos tempos de enormes e tempestuosas turbulências, a todos os níveis em todos os grupos sociais, religiosos ou culturais para não falar no campo conspurcado da política…

  Fiz o meu serviço militar obrigatório (3 anos) na Armada como Oficial da Reserva Naval e aprendi muito sobre muitos aspectos. Uma das minhas aprendizagens foi sobre o comportamento a ter quando há turbulência do mar com tempestades, ventos fortes e vagas passando por cima do navio de guerra. Fortaleza! Fortaleza com as pernas a tremer e os vómitos sem controlo, mas fortaleza. Agarramo-nos com força e determinação a algo próximo e fixo, apanhar de frente, o vento frio e a água salgada do mar que nos “ batia” forte. Acreditar firmemente que «depois da tempestade vem a bonança» dava-me alento para suportar o que parecia não suportável. Não desistir. Ou se se quiser ser mais veemente: ACREDITAR! A tempestade passará. Virá outro tempo de tranquilidade. Ora eu tenho de acreditar que perante tanta e tão horríveis turbulências que abalam os alicerces da nossa Cultura há já sinais de “ resistência” pacífica e que me dá a esperança nesta catástrofe cultural que nos abala. São pequenos grupos motivados mas nem sempre acarinhados por quem tem o dever de os apoiar e não combater como “ vírus” maléficos ( “ eles” lá sabem porquê!). E o que é curioso, é que são grupos de jovens e não de velhos saudosistas carregados de memórias mas que não voltam mais.

«Cada época e cultura são salvas por um pequeno punhado de homens que têm a coragem de serem inactuais»  ( G. K. Chesterton).

Chesterton tinha razão. Só se salva, a cultura e a Pessoa Humana, se se quiser, souber e se estiver decidido a ser forte na turbulência que procura destruir ou, usando uma palavra mais “ in” desconstruir a nossa Cultura. Há já muito tempo que se abriu uma verdadeira guerra cultural contra a nossa civilização e muitos de nós ainda não deu conta que a guerra está a ser ganha contra quem defende outros paradigmas perante as ditas “ micro-cobardias” da maioria que , cheia de medo, ainda que pense o contrário, se cala e acomoda.

  Há cerca de um ano, li (e reli!) um livro notável: « Comment être chrétien dans un monde qui ne l`est plus – le pari bénédictin», de Rod Deher e que me permito recomendar como prenda de Natal ( há versão original em inglês).Neste livro, um pai de família conversa connosco sobre como ser forte e resistir às turbulências devastadoras que nos assaltam sem nos deixarmos devorar pelos “ desconstrutores” da nossa Cultura e a termos “fortaleza nas turbulências…».

« Ter consciência de que estamos em guerra é o primeiro passo para a ganhar» ( Peter Kreef). Depois, agir de acordo com os nossos valores “ contra ventos e marés”!

«FORTALEZA NAS TURBULÊNCIAS…»!

  Como poderia calar este incentivo que o Senhor Bispo teve a gentileza de me enviar!

  Como poderia, igualmente, calar-me e não deixar de dizer um enorme MUITO OBRIGADO a outro Bispo que se disponibilizou para conversarmos sobre estas turbulências que procuram destruir-nos e a não deixarmos que o consigam!

   SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes

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