segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Oposição ao governo comunista de Cuba protestou hoje nas ruas ...

 

Cuba retira acreditações aos jornalistas da agência EFE na véspera de protesto da oposição

Numa declaração onde expressa preocupação com o “clima de tensão e confronto” no país, a Conferência de Bispos Católicos de Cuba pediu “mudanças necessárias” para melhorar a vida dos cubanos.

O Governo de Cuba retirou as acreditações aos cinco jornalistas que a agência de notícias espanhola EFE tem no país, sem explicar se a medida é temporária ou definitiva. A decisão surge quando a ilha se prepara para o que se prevê vir a ser mais um dia de contestação ao regime, depois da repressão aos protestos de 11 Julho, os maiores em décadas. Como fez no Verão, o Presidente, Miguel Díaz-Canel, disse que os seus apoiantes estão “prontos para defender a revolução”: desde sábado há alguns jovens apoiantes do Governo acampados no centro de Havana.

“Chamaram-nos urgentemente e pediram-nos que entregássemos as acreditações. Quando perguntámos o motivo invocaram a normativa sobre a imprensa estrangeira”, explicou à AFP Atahualpa Amerise, coordenador da redacção da EFE em Cuba. Questionados sobre o motivo exacto, os responsáveis do Centro de Imprensa Internacional não souberam responder. Os três redactores, um fotógrafo e um operador de câmara sabem apenas que estão impedidos de trabalhar. Amerise diz que é a primeira vez que uma equipa de imprensa estrangeira é sancionada assim na ilha.

Os sinais de aumento da tensão têm-se sucedido nos últimos dias, à medida que se aproxima a data da chamada Marcha Cívica pela Mudança, convocada pela plataforma Archipiélago para esta segunda-feira, e declarada ilegal pelo Governo. Numa declaração onde expressa preocupação com o “clima de tensão e confronto” no país, a Conferência de Bispos Católicos de Cuba pediu “mudanças necessárias” para melhorar a vida dos cubanos e “clemência” para os presos dos protestos de 11 de Julho – 1175 pessoas foram detidas e, segundo o grupo de direitos humanos Cubalex, 658 ainda estão na cadeia.

Os opositores têm denunciado pressões e ameaças, ao mesmo tempo que o jornalista e activista dos direitos humanos Guillermo Fariñas foi detido, diz a sua família. O histórico dissidente, que em 2010 recebeu o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, fez ao longo dos últimos 20 anos 23 greves de fome em protesto contra o Governo.

O principal líder do movimento Archipiélago, o dramaturgo Yunior García, descreve as pressões nos últimos dias como brutais. Temendo a reacção do regime, anunciou que se manifestará sozinho este domingo – sem desconvocar a manifestação, apela a que se “procurem soluções engenhosas para evitar pôr os manifestantes em risco”, explicou numa entrevista por telefone à BBC Mundo.

Os cerca de 30 membros coordenadores do Archipiélago começaram por pedir autorização para realizar a marcha, inicialmente prevista para dia 20 de Novembro em várias províncias, um passo inédito. O Governo anunciou então um “Dia Nacional da Defesa” e exercícios militares para a mesma data, altura em que os promotores decidiram adiantar a convocatória para dia 15.

Desde então, os media oficiais têm descrito a convocatória para o protesto como “provocação” e “tentativa de desestabilização”, acusando o próprio García de receber financiamento dos “amos do norte” e de procurar “um confronto do Exército com o povo”. Díaz-Canel foi à televisão assegurar que os cubanos “estão alerta” e “preparados” para “defender a revolução” face “à estratégia dos imperialistas” que a querem destruir.

FONTE: https://www.publico.pt/2021/11/14/mundo/noticia/cuba-retira-acreditacoes-jornalistas-agencia-efe-vespera-protesto-oposicao-1984910


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