sexta-feira, 16 de outubro de 2020

“Tudo ao molho e fé em Deus”!


Quando os Ingleses em Agosto “proibiram” os seus concidadãos de viajarem para Portugal, sabiam do que falavam. Conhecem os portugueses de ginjeira. Com eles fizeram um dos mais longos acordos, na época medieval, com o casamento de Dona Filipa de Lencastre e Dom João I. Conhecem bem as aldrabices lusitanas! Claro que os lusos não foram de modas, chamaram-lhes os nomes todos e mais alguns. Mas eles não se importaram porque sabiam bem da marosca dos números apresentados da Covid.

Os números da última semana, principalmente os de hoje (2608 infectados e 21 óbitos) sublinham a atitude dos ingleses, seguida um mês depois pela Suíça e pela Bélgica.

Há muito que neste espaço se chama a atenção para a manipulação dos números, porque não se entende que a subida da última semana seja tão grande quando as temperaturas têm sido tão elevadas.

O matemático Carlos Antunes indica hoje a verdadeira razão desta subida: o contacto social que coincidiu com a abertura das escolas. Estas abriram a 16 de Setembro e a subida dos números verifica-se a partir de 23 de Setembro.

A devido tempo alertámos para a asneira, mas a pressa dos poderes públicos era grande e manipularam a população com a ajuda do komentariado do costume. E gente boa apanhando a onda lá ia dizendo isto e aquilo e que as escolas deviam abrir por isto e por aquilo e porque se não podia prejudicar esta geração e mais isto e aquilo com aquela conversa fiada do costume.

Na verdade, as escolas poderiam ter aberto, mas não naquelas condições escabrosas; desde logo com turmas com 30 alunos (!), onde os professores estão a dois palmos dos seus alunos, e estes a um dos seus colegas. Essa foi logo a primeira e grande asneira, quando tecnicamente era de fácil resolução sem o Estado gastar um tostão. Mas já lá vamos. A seguir mantiveram-se horários e distribuições de serviços idênticos ao período anterior à pandemia. Insistiram ainda na asneira ao não programarem medidas certas de punição para atitudes de indisciplina.

Tudo isto poderia ter sido programado por gente que sabe da coisa, mas a cultura socrática e lurdesca continua a dominar o sistema de ensino. Um mês depois das escolas abertas, a indisciplina dos alunos é idêntica ao período anterior à pandemia, e nos recintos escolares anda tudo “à molhada e fé em Deus”.

O que é que então se deveria ter feito?

1-    Tanto alunos como professores e funcionários deviam marcar presença nas escolas apenas num período do dia: ou de manhã, ou à tarde. E, nalguns casos poderia estender-se para um horário nocturno; 

[a maioria das pessoas não faz ideia do esforço que um professor faz ao dar uma aula de duas horas seguidas com máscara! Agora imaginem quando são quatro horas!]

2-    As turmas deveriam ter sido divididas em duas: uma semana teriam aulas presenciais e na outra semana com aulas à distância;

3-    Reduzir os conteúdos e reduzir as horas lectivas;

4-    Criar legislação própria para as atitudes de indisciplina.

Quatro pontos essenciais que poderiam ter contribuído para que a coisa tivesse corrido bem.

E porque razão não se tomaram medidas tão simples? Porque ainda há gente a komentar nas rádios e nas televisões, que Portugal não é um país corrupto! Para esta gente, os 78 mil milhões da roubalheira socrática, o caso BES, Lex, Fateira, Novo Banco, BPN e por aí adiante, é fruto de um país decente!

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