terça-feira, 20 de outubro de 2020

O gato que plantava afetos


 " Nós que vigiávamos cada ninho, desde a sua construção até ao desaninhar (...), sabíamos que o ladrão do cuco escolhia sempre como hospedeiro o ninho de um pássaro mais pequeno, não fosse o diabo tecê-las e ter que se haver com o dono".

António Mosca, O gato que plantava afetos, ed. Cidade Berço, Guimarães, 2020, p. 66.

1 comentário:

  1. O ANO AGRÍCOLA

    As Sementeiras

    ... Já o fim do Verão pintara de fogo e mel as folhas das videiras e dos carvalhos e aqui e além das cerejeiras, os freixos haviam trocado o verde forte pelo amarelo garrido e os castanheiros, chegados mesmo ali ao povo, começavam a acastanhar os ouriços , emprestando à paisagem uma serenidade repousante. Era como se a terra , esgotada do longo parto das colheitas, se deixasse languidamente esmorecer e repousar, num pós-parto de retempero ...

    Chegava a altura de recomeçar o ciclo, todos os anos religiosamente repetido, de preparar a terra, com a raiva de um condenado e o carinho de um amante , para lhe emprestar as sementes, na esperança de devolução com juros ajustados, no Verão seguinte. ...
    (...)
    IN QUEM ME DERA NAQUELES MONTES...

    ANTÓNIO MOSCA

    ResponderEliminar

As Lições da História

         https://www.editoraself.pt/product/as-licoes-da-historia/