Sindicato Independente dos Médicos acusa Governo de
"maquilhar a realidade"
Segundo o sindicato, os Médicos de Família nos Centros de Saúde "estão
à beira do colapso e fortemente desmotivados" em grande parte devido a
algumas "acusações infundadas e injustas de alguma comunicação social e de
utentes de falta de empenho" quando na verdade o verdadeiro problema está
na falta de recursos humanos.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) apelou, este sábado, para
que o Governo "se concentre na organização de soluções em vez de maquilhar
a realidade" no dia em que se registaram mais novos casos de covid-19 no
país desde o início da pandemia. Os 1.646 novos casos registados este sábado
são equivalentes a mais de 5.000 na Alemanha ou 8.000 em Espanha.
O SIM diz que "há semanas" que está a alertar o
Governo "para a gravíssima insuficiência de médicos nas equipas dos
Serviços de Urgência, em especial nas áreas metropolitanas", poder ler-se
num comuniado disponível no site oficial do sindicato. "Urgências
encerradas em vários períodos, Urgências a desviar doentes do INEM, equipas
médicas abaixo dos mínimos, médicos exaustos ultrapassando em muito as horas
extraordinárias obrigatórias, apresentação de minutas de isenção de
responsabilidade, recusa em fazer mais horas extraordinárias, unidades de
cuidados intensivos próximas de esgotamento (apesar do aumento dos ventiladores
os profissionais são em igual número ou até menor) algo que com a chegada
do inverno levanta seriíssimas preocupações", apontam ainda no
comunicado.
Segundo o sindicato, os Médicos de Família nos Centros de Saúde "estão
à beira do colapso e fortemente desmotivados" em grande parte devido a
algumas "acusações infundadas e injustas de alguma comunicação social e de
utentes de falta de empenho" quando na verdade o verdadeiro problema está
na falta de recursos humanos. "Os Médicos de Saúde Pública,
manifestamente em número insuficiente, estão afogados em inquéritos
epidemiológicos e tarefas burocráticas. Têm trabalhado centenas, milhares de
horas extraordinárias e sem qualquer compensação!", afirma ainda a
instituição.
Na visão do sindicato, a responsabilidade pela situação é do Ministério da
Saúde que, na sua visão, teve tempo suficiente para se preparar para a entrada
do outono/invero durante a pandemia mas "com a permanente preocupação em
adornar a realidade, negligenciou a preparação e aprovisionamento em recursos
humanos (que não só os médicos) quer dos hospitais quer dos cuidados de saúde
primários quer das unidades de saúde pública" acusam.
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