quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Crónicas do Tempo da Guerra

 

" Estático como as coisas mortas, indeciso como as horas sem destino, inconstante como as tardes tropicais, aqui estou, entre a ânsia de ver passar a vida e a certeza de não poder vivê-la".

Barroso da Fonte, in: Crónicas do Tempo da Guerra, Ed. Cidade Berço, Guimarães, 2019, p. 73.

2 comentários:

  1. Mucondo, 26-9-65

    8 (18-11-1965 )

    À hora em que me assento à mesa para escrever o diário de hoje, nos grandes estádios da Metrópole os clubes nacionais lutam com tenacidade pela vitória que os prestigiará ao longo de mais um campeonato que hoje principia.
    O entusiasmo nesta primeira hora é emocionante. É a hora das ilusões e dos projectos. Para a assistência que da bancada ou do peão, espera assistir a um bom futebol, o indiferentismo começa nos pés do defesa, nos remates do avançado, nas fintas do médio. Muitos dirigentes, a esta hora, estão já arrependidos dos elementos que negociaram , muitos sócios das massas com que contribuíram, muitos adeptos das esperanças que teceram. E enquanto este ambiente de nervosismo , de esperança e emoção se vive ao longo desse Portugal de lés-a´-lés, cá por Angola, os aparelhos de rádio são todos mobilizados para relatar aos renegados, o panorama vivo e concreto que aí se vive.
    Em todos os recantos do aquartelamento se descobrem grupetos acompanhando, com o mesmo nervosismo, o desenrolar do jogo dos seus clubes predilectos. ...
    (...)

    In Crónicas do Tempo da Guerra ... BARROSO DA FONTE

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  2. O LUAR NASCEU

    O luar nasceu
    e tu não vens
    porquê
    se te espero
    sempre a esta hora
    quando as sombras de todas as coisas
    me parecem tu??

    Levo os bolsos vazios
    da tua presença
    e os meus pés macabros
    inscrevem-se nesta terra tropical
    ritmados com esta amálgama
    de pequenas coisas
    da noite imensa.

    Leio nas estrelas
    o destino dos búzios
    que se embrulham nas algas
    como se a lua tivesse enxovais
    para vestir o
    MAR

    Quero ver os peixes
    dançar merengues e batuques
    ao toque do quissange
    batendo as palmas
    quando tu chegares.

    Até as silhuetas das palmeiras
    se vão curvar
    diante das tuas formas inconfundíveis!

    Por isso vem
    que eu peço às estrelas
    pedras preciosas
    para os teus cabelos.

    Barroso da Fonte -In Trinta Anos de Poeta

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