sábado, 10 de outubro de 2020

Cavaco Silva - "Neste momento, Portugal corre um grande risco"


 O jornal Sol dedica seis páginas de entrevista ao Presidente Cavaco Silva. Realizada por Sebastião Bugalho, aconselha-se. Um documento …

"Neste momento, Portugal corre um grande risco"

No 35.º aniversário da sua primeira vitória, Cavaco Silva lançou o seu 24.º livro, que dedica aos seus netos e às novas gerações. É duro com o Governo ao qual deu posse há cinco anos, mas escusa-se a entrar na arena política da atualidade. ‘Há demasiados insultos’ entre os políticos de hoje. Os elogios vão para Ursula Von der Leyen e para Pedro Passos Coelho.

por Sebastião Bugalho

Continua a ir trabalhar todos os dias. No gabinete do Sacramento, sempre acompanhado por Maria Cavaco Silva, não deixa escapar um relatório da Comissão Europeia ou um estudo do Banco de Portugal. Continua a escrever, ora memórias, ora artigos científicos como economista, e mantém uma distante mas atenta vigilância à vida do país. O seu novo livro – Uma Experiência de Social-Democracia Moderna – é, nas suas palavras, diferente dos restantes. Cavaco, aos 81 anos, permanece uma voz ativa no Conselho de Estado e pontuou a sua pós-presidência com posições marcantes: a substituição da procuradora-geral da República, a eutanásia ou, mais recentemente, a obrigatoriedade da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento. Nesta entrevista, relembra as primeiras conversas com Sá Carneiro, o congresso da Figueira, as noites em que limou as arestas finais da revisão constitucional de ‘89 com Constâncio e Vitorino e a projeção das grandes obras públicas dos seus Governos, que preenchem os capítulos da sua última publicação. Nela, como ao longo da conversa, há uma constante: a família. Nas vésperas de celebrar 57 anos de casamento, descreve a vida familiar como «uma alegria permanente». Nos tempos livres, gosta de ver Netflix. Na política, 35 anos depois da primeira vitória, Aníbal Cavaco Silva assume «orgulho» no que deixou feito. Esta é parte da sua história.

Neste seu último livro, afirma que somente os seus Governos foram verdadeiramente social-democratas em Portugal...


Eu tive dez anos, mais de oito com maioria absoluta. Foram condições únicas para aplicar essa social-democracia. Imagine o Dr. Passos Coelho, obrigado a aplicar um programa para tirar Portugal da bancarrota, que era a herança que tinha recebido do Governo socialista anterior. Teve que subordinar-se a um programa que tinha sido negociado pelo Governo que o antecedeu. Eu tive dez anos... Tive uma certa sorte... Durão Barroso teve um Governo bastante curto, Pinto Balsemão teve um Governo bastante curto e o mesmo aconteceu com Santana Lopes. Eu... alguns dizem que é sorte ter chegado a primeiro-ministro naquela altura... Mas cheguei porque ganhei eleições... Repare que a nossa social-democracia tem uma originalidade na sua aplicação, que é o facto de partirmos de uma sociedade estatizada sem esse ser o resultado de uma vontade do povo. Enquanto os outros países admitiam nacionalizações como resultado de idas às urnas, da vontade popular, aqui não. Toda essa estatização da economia e da sociedade portuguesa havia ocorrido sem ouvir os portugueses, sem uma força democrática por trás. Foi esse país estatizado que eu recebi há 35 anos, quando fui eleito primeiro-ministro pela primeira vez.

FONTE: https://sol.sapo.pt/artigo/711331/neste-momento-portugal-corre-um-grande-risco

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