"O Ti João, homem esperto
para o negócio e sempre pronto a pregar as suas partidas e amicíssimo do Ti
António, percebeu o estado em que este ultimamente permanecia e resolveu
convidá-lo para jantar, pois sempre queria ver se o Ti António trocava o jantar
pelas saudades do filho.
O Ti João contou à
mulher, Ti Maria e disse-lhe para arranjar uma galinha.
Já sentados à mesa, ambos
se preparavam para saborear tão delicioso pitéu.
Antes porém, o
comerciante começou a jogar a sua cartada e diz para o Ti António:
-Oh Ti António, se apanhássemos
aqui o seu Franklim, a comer um bocadinho desta galinha…
O Ti António mal ouviu pronunciar o nome do filho desatou a chorar, duma maneira que não mais parecia ter fim.
Entretanto, o Ti João ia
comendo a galinha, consumando-se assim mais uma das muitas partidas que
constantemente programava.
Com os olhos enxutos, o
Ti António preparava-se para começar a comer. Mas de novo o comerciante voltou
a atacar:
-Era tão bom rapaz o seu
Franklim, Ti António! Acredite que era o moço por quem mais consideração tinha,
aqui na região. Deus o tenha em bom lugar.
E de novo as lágrimas
rolaram pelas faces abaixo, por longos momentos.
As cenas repetiram-se. O
Ti João comia e o Ti António chorava.
Até que o Ti António
compreendeu que o esperto do comerciante lhe tinha pregado uma partida. A
galinha já estava quase no fim e ele sem provar um único bocadinho. Foi então, ainda
a soluçar, que com voz trémula pediu ao Ti João:
-Ah! João, meu bom amigo,
deixa-me ao menos a muela da pita!"
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