domingo, 5 de julho de 2020

Reflexões JBM « “Saber Ler a História dos Povos “ - 3 (independência do Kénia)


J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho

Braga, Julho_20
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A Independência do Kenya (Kénia) só na aparência foi um “parto” manos doloroso para europeus e africanos que a Independência da Tanzânia, Zanzibar incluído. O Kenya tem ligações ao mar como as tem a Tanzânia. O Kenya tem na fronteira norte a Somália, a qual faz parte do chamado “corno de África” com capital em Mogadíscio ou Mogadishu, que tem pelo menos um hotel de luxo onde sempre há hóspedes que são ocidentais, mormente do EUA. Por isso mesmo, sujeito a frequentes ataques terroristas do al-Shabaab, filial da Al-Qaeda. As tropas do Governo Somali, seja ele qual fôr, nada podem fazer na defesa do hotel, até porque há terroristas infiltrados nessas tropas. Por outro lado, nas montanhas desse país há um campo de treino militar, dirigido pelos Chefes militares da Al-Qaeda ao qual as tropas do Governo não conseguem chegar. 
A fronteira do Kénia com a Somália é muito extensa e “porosa” . É por isso impossível ao Governo do Kénia impedir a entrada de terroristas bem armados produzidos e existentes na Somália. em Nairobi, capital do Kénia, há também pelo menos um grande hotel de luxo ligado a um supermercado moderno. Nesse conglomerado (o Dusit compound) há sempre muitas pessoas que são ocidentais. 
Por isso esse parque é um alvo apetecido para o al-Shabaab que ataca e foge rapidamente para o abrigo donde partiu. Por outro lado, embora só 12% dos regiosos do Kénia professem a religião muçulmana, há um número suficiente de mesquitas, cujos clérigos, sem dúvida radicais, escondem facilmente terroristas nas suas paróquias, pois (o Swahili) é língua comum e têm hábitos comuns. Os EUA têm cometido a tolice de bombardearem a área circundantes do hotel de Mogadíscio o que tem levado à morte de muitos civis inocentes e soldados do Governo, matando também terroristas, mas poucos. Claro, que isso tem aumentado (e muito) a má fama local dos americanos e levado ao desânimo das tropas do governo somali. É, ao mesmo tempo uma boa justificação para os chefes terroristas tentarem matar americanos (e outros) em “tudo quanto é sítio” dentro da Somália e no Kénia.
O território onde se situa o Kénia, como o da Tanzânia e Zanzibar, foi “descoberto” pelo navegador português Vasco da Gama e os portugueses colonizaram então o Kénia, mas por pouco tempo. Por razões de negócios, antes e durante a colonização, ao Kénia chegaram, viveram (e vivem) povos multicoloridos de várias origens: Negros Bantu, Arabes (Muçulmanos), Persas, Ingleses, Alemães, Portugueses e outros europeus. A obtenção da Independência do Kénia não foi menos turbulenta que a da Tanzânia. Culminou em Dezembro 12, 1963, tendo Jomo Kenyatta como Presidente. Depois disso advieram variados períodos de governação, mono partidária, os quais levaram à situação multipartidária actual, tendo pelo meio lutas intestinas com derramamento de sangue. 
 Na fase de guerrilha, para obtenção da Independência Jomo Kenyatta foi o chefe do grupo chamado MAU MAU, também chamado “Seita” MAU MAU . Os MAU MAU mataram muitos brancos, mas a contra-guerrilha de Ingleses, e outras nacionalidades, também matou muitos MAU MAU e alguns dos seus chefes. Jomo Kenyatta esteve preso e só foi solto para tomar o poder do País.     
A Divida Externa do Kénia é , em 2020, de 57.000 milhões de dólares, sendo 72% débito à China.  Os países afrianos, para efeitos económicos têm uma organização chamada  NEPAD na sigla em inglês Nova Parceria para o Desenvolvimento da África.  A NEPAD já pediu a todos os credores uma redução ou perdão da dívida de todos os países africanos. Apesar de algum progresso económico a severa pobreza dos naturais no Kénia é tão grande como nos outros países africanos.   

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