Música de CARLOS EMÍDIO PEREIRA
(1970)
Por BARROSO da FONTE
Soube
pela imprensa local e nacional que Francisco Carvalho, pai do “Chiquinho da Ágata!”,
Presidente da SAD e presidente honorário do Grupo Desportivo de Chaves, tem
alimentado muitas tribunas do jet set mediático, pelo facto de haver
muita concorrência nessa indústria da fama fácil, graças ao século da
extravagância, da libertinagem e da futilidade.
Diz
o povo que cada um come do que gosta. E se o amor é tão forte que supera a
loucura das paixões assolapadas, viva cada qual aquilo que entende, por bem,
desde que não prejudique terceiros. Essa crise de relacionamento conjugal é
hoje o pão nosso de cada dia. E quem sou eu para dar lições de moralidade num
tempo e num lugar onde se entra no Parlamento como se fosse num clube de
swinger's, como sucedeu no primeiro dia da instalação parlamentar, com um
assessor de saia?
Em
1970 a direção do Grupo Desportivo de Chaves convidou-me para escrever a letra
para o Hino do Clube que, em 27/9/1974, comemorava as bodas de prata. A mesma
direção solicitou ao Amigo de saudosa memória Carlos Emídio Pereira que fizesse
a música para essa letra. Já éramos, mas ainda ficámos mais amigos. Entretanto
ele faleceu. E como não registou essa música na Sociedade Portuguesa de
Autores, nem declarou essa autoria em documento, como propriedade sua, mais
tarde não pôde, nem conseguiram os herdeiros, reclamar os direitos autorais em
tribunal. Como música e letra resultaram num bem cultural que foi confiado ao
GD Chaves, a Espacial editou-a em CD e, desde aí, comercializou-a como se fosse
criação popular. Os direitos de autor foram para quem se apropriou de trabalhos
intelectuais alheios. Da minha parte prescindi desses direitos a favor do GDC.
Já não recordo quem presidia nessa altura à Direção. A verdade é que nem me
responderam.
Consultei,
agora que soube das divergência de fundo do casal, que Ágata, a cantora desse
“meu” Hino, afirmou aos mass media que o ex-companheiro Francisco
Carvalho não lhe dá os direitos por cantar o hino do Desportivo de Chaves. Diz
ainda mais: que está barrada pelo «ex» no Estádio municipal de Chaves e que
proibiu que o hino oficial do clube fosse ouvido nos jogos realizados em
Chaves. «O Francisco retirou a minha voz dos jogos porque não queria ouvir o
eco da minha entoação».
Devo confessar que não conheço pessoalmente o Sr.
Francisco Carvalho, nem algum dos seus filhos. Penso que era ele o presidente
da Direção quando o Desportivo ainda não era SAD.
***
Música de
CARLOS EMÍDIO PEREIRA
(1970)
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O
Desportivo de Chaves nasceu em 1949 e só na época de 1972/3 subiu da III à II
divisão nacional. Em 1974 completou 25 anos e a direcção dessa época
convidou-me para escrever a letra e ao Carlos Emídio Pereira para escrever a
música. Desde aí, é sempre cantada quando há jogos no seu Estádio. No início
deste século, a Ágata, mãe do actual Presidente, Bruno de Carvalho, gravou-a em
CD, através da Espacial. Mas em vez de pedir autorização aos autores e de
escrever os nomes da letra e da música, omitiram os seus nomes e chamaram-lhe
«populares» Na sua edição de 02-11-2007, o Jornal Notícias do Douro deu
essa notícia nos seguintes termos: «Discográfica que editou CD do Desportivo
de Chaves «matou» os autores da letra e da música». Mas já que a APEL não
deu andamento ao processo, fica aqui desmistificado o «roubo».
Há
muitas formas de matar pessoas vivas. E a Espacial cometeu essa proeza, ao
editar um CD, registado na SPA com o n° 3200637, em 2003, plagiando a letra e a
música e registando-as com a palavra “popular”, quando o autor da letra está
vivo, como se vê por estas palavras que assina, e o autor da música, Carlos
Emídio Pereira, que faleceu há 14 anos, mas tem o filho, António Maria Pereira,
a viver em Vila Real, pertencendo-lhe os direitos artísticos do Pai.
Como
se sabe, as obras literárias e artísticas têm dono, tal como uma propriedade
que se herda ou um automóvel que se compra. E, do mesmo modo, também os
direitos desses bens se transmitem aos herdeiros, até 75 anos para além de
morte dos seus criadores. Quem tiver dúvidas sobre a legitimidade que aqui se
reclama poderá consultar a imprensa da época, nomeadamente o Notícias de
Chaves de 28/9/1974. Aí se pode ler, sob o distintivo do Clube: «letra
da marcha do Grupo Desportivo de Chaves - Comemorativa das suas Bodas de Prata
que ocorreram ontem, dia 27-9-1974. Música de Carlos Emídio Pereira, Letra de
Barroso da Fonte, interpretação de Avelino Aurélio (Bio)». Na altura, o
Álvaro Coutinho e o António Saldanha publicaram um livro sobre o glorioso
Desportivo de todos nós. Aquele já faleceu. Mas este ainda está vivo.
Tal
como na época de 1972/73 fui eu que, na qualidade de vice-presidente e a
convite da Câmara, formei o elenco com: o Engº Luís Gonzaga, o Prof. Viegas, o
Rafael, o Cardoso e outros cujos nomes já não me ocorrem, formámos a direção
que levou, pela primeira vez, o GDC da III à 2ª divisão. Com alguns desses
liderámos a Comissão Administrativa e, nesse escaldante defeso, lutámos, de noite
e de dia, para recuperarmos o 1º lugar da subida. Nunca mais deixei de ser um
fervoroso simpatizante do Chaves, mesmo quando fui vereador na Câmara de
Guimarães (1986-1990), com o pelouro do Desporto. Fui o único dirigente do
Chaves que, nesse ano da subida, teve um processo disciplinar, movido pela F.
P. de Futebol (com o nº 219/1973), e do qual só fui amnistiado em 15 de Maio de
1974, graças ao 25 de Abril desse ano.
Espero
que este desaguisado folhetim que deveria ser, apenas, de carácter familiar não
venha, agora, toldar a carreira do Glorioso Desportivo de Chaves.
Em
nome dele estou disponível para não agravar a união de que o Glorioso precisa
para voltar à I Liga. Se me aperceber de que o esforço dos Flavienses e
simpatizantes em geral serve de trampolim para alguém cavalgar em noites de lua
cheia, não permitirei que algo daquilo que fiz pelo clube, nomeadamente o Hino
cuja letra ofertei, com imenso gosto e sem contrapartidas, ao Clube de todos,
certamente teremos de usar outra linguagem.
Barroso
da Fonte
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