segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

A propósito da “vergonha” de Ferro Rodrigues


Eis que nos acabam de chegar (quentinhas) estas duas cartas abertas (ilustradas) a Sua Exª o Presidente da Assembleia da República.  Já não nos bastava a técnica fascista utilizada por Maria Flor Pedroso (na RTP), para termos agora que aturar a mesma no Parlamento, vinda de quem vem!

Exmo. Sr. Dr. Ferro Rodrigues,

Escrevo-lhe enquanto cidadão comum deste país e que foi seu aluno há muito anos atrás na decorrência de um mestrado em Políticas de Gestão de Recursos Humanos no ISCTE.
Como o devido respeito, confesso que, enquanto meu ex-professor, não guardei do Dr. Ferro Rodrigues a melhor das impressões.
Eu fiz o meu percurso académico a pulso, sempre a trabalhar e a estudar em simultâneo, e na altura em que os nossos caminhos se cruzaram eu já tinha uma maturidade profissional considerável na área antes mencionada, pelo que achei a sua intervenção docente pouco rica, tipicamente livresca, de alguém que nunca tinha passado pela vida prática naqueles domínios. Enfim, um mal sistémico tão típico e pernicioso da academia em Portugal, em que os docentes, na maioria dos casos, se limitam ao longo da sua vida útil activa a reproduzir os seus estudos/investigações de doutoramento.
Mas ontem, Sr. Dr. Ferro Rodrigues, a sua imagem perante este cidadão aqui signatário caiu a um nível que nem me atrevo, por pudor e respeito, a classificar.
A sua reprimenda ao deputado André Ventura roçou os limites do non sense, da arrogância e do medo!
Sim, do medo, Sr. Dr. ferro Rodrigues. V.Exa  tem medo do deputado André Ventura, medo das verdades que ele, politicamente incorrecto (e ainda bem que assim é) vai debitando. E nesse sentido, o Presidente da Assembleia da República  não foi imparcial como o cargo que ocupa exige, antes totalmente parcial, vestindo a camisola de militante do partido a que pertence.
O Sr. Dr. Ferro Rodrigues deu um péssimo exemplo de (falta de) democracia e prestou um mau serviço ao país.
Acusou V.Exa o deputado André Ventura de colocar em causa as supostas virtudes da casa da democracia, quando se referiu à mesma da forma como ontem o fez.
Mas nunca vimos V.Exa manifestar-se tão agastado e  indignado perante inúmeras situações, essas sim muitíssimo graves, e que justificam plenamente a atitude do Dr. André Ventura, tais como:
                - Deputadas  a pintar as unhas no hemiciclo;
                - Deputados a assinarem presenças por outros que faltam;
                - Deputados que dão moradas falsas para receberem subsídios;
                - Deputados que utilizam esquemas para que viagens de avião lhes sejam pagas e aos seus familiares;
                - Deputados que brincam com as redes sociais no hemiciclo;
                - Deputados que desenvolvem a sua própria actividade profissional no hemiciclo, utilizando as ferramentas informáticas colocadas ao seu dispor pelos contribuintes portugueses;
                - Deputados que estão no parlamento para fazer negócios e defender interesses ínvios ao país.

                - Deputados a fazerem "corninhos" para alguém na Assembleia (o Autor que me desculpe)
Perante tudo isto, nunca ouvimos uma posição a este nível veemente do Sr. Dr. Ferro Rodrigues. LAMENTÁVEL!
O Sr. Dr. Ferro Rodrigues, obviamente, deve um pedido de desculpas público ao deputado André Ventura, bem como a todos os restantes deputados do hemiciclo, incluindo aqueles que estupidamente aplaudiram a sua intervenção.
Mais, V.Exa deve um pedido de desculpas público a todos os portugueses, à Nação portuguesa!
E, naturalmente que, de seguida, só lhe resta assumir com humildade e dignidade a única decisão possível: renunciar ao cargo que exerce e demitir-se.
Os 2 milhões de portugueses que vivem miseravelmente com pensões  abaixo de 400 euros mensais vão-lhe ficar agradecidos, tal como os outros 2 milhões de portugueses que vivem no fio da navalha com o salário mínimo nacional. E ainda as muitas centenas  de milhares de jovens (muitos qualificados) que têm sido obrigados  a sair do país nos últimos anos para terem uma vida condigna!
https://www.youtube.com/watch?v=53dqcGNltpA
O parlamento a que o Sr. Dr. Ferro Rodrigues preside, se não é exactamente uma casa da vergonha, é, sem qualquer sombra de dúvida, uma casa de mordomias. Mordomias chocantes perante a realidade da vida dos cidadãos comuns que esse mesmo parlamento e V.Exa incluído, deveriam estar apostados em defender.
Concluo, Sr. Dr. Ferro Rodrigues, sugerindo-lhe, a mero título de refrescamento democrático, que volte a ouvir José Afonso, especialmente o seu álbum "Vampiros", cuja imagem aqui lhe deixo:
Certo de que V.Exa não deixará de honrar a Pátria, apresento os meus melhores cumprimentos.
José Coelho Martins


Carta aberta a uma vergonha.
Caro presidente da Assembleia da República, no último plenário apontou o dedo a André Ventura por abusar da palavra “vergonha”, algo que, para si, era ainda mais vergonhoso.
O Ferro Rodrigues que fala agora sobre vergonha, embora agora a segunda figura mais importante de Estado, foi implicado por uma das vítimas no processo Casa Pia, que envolveu pedofilia e favores sexuais. Foi mais do que um caso de polícia, colocando Portugal gravemente em causa.
O Ferro Rodrigues que exige a outros respeito democrático é o mesmo que disse convicto num telefonema com António Costa se estar “cagando para o segredo de justiça”.
Não pretendo defender André Ventura, mas não vou permitir que a sua hipocrisia perfaça a imagem que o senhor sempre teve. A imagem de alguém que, sem qualquer vergonha, nunca se importou de usar os cargos que ocupou para colocar a nação em causa.
Não me esqueço do Ferro Rodrigues que defendeu a reposição das subvenções vitalícias para ex-deputados e ex-governantes, que com apenas oito anos de serviço publico teriam direito a um cheque mensal até ao fim das suas vidas (a duplicar aos 60 anos de idade) enquanto há portugueses que trabalham 30 e 40 anos para terem uma reforma miserável. Teve o desplante de afirmar que “os ordenados que os deputados recebem são maiores que os de muitos portugueses mas inferiores aos de deputados de outros países da Europa”.
O Ferro Rodrigues que evoca moralidades ilibou, em abril de 2018 os deputados ilhéus que cruzaram na comunicação uma campanha de desculpabilização por terem recebido em duplicado os apoios públicos para as viagens que faziam entre os arquipélagos e o continente. Embora não tenham “cometido nenhuma ilegalidade” não hesitou em perdoar a falta de ética que agora faz questão de defender, porque está habituado ao tempo em que cada um, deputados e partidos, viviam com éticas próprias e deixavam as consequências para os contribuintes.
O Ferro Rodrigues que criticou a justiça por investigar o caso Galpgate, onde três secretários de Estado aceitaram viagens pagas pela Galp para assistir a um jogo de Futebol, considerando a investigação absurda. Acabou na demissão dos três governantes que mais uma vez considerou não terem feito nada de errado. Nesse mesmo ano, a Galp teve um perdão fiscal acima dos 100 milhões de euros.
Faz alertas, quase como se tivesse autoridade para a repreensão, mas quando ainda era líder da bancada parlamentar do partido socialista, em 2014, não evitou a visita ao grande amigo e ex-primeiro ministro José Sócrates, no estabelecimento prisional de Évora.
Foi o deputado que em plena discussão sobre o Orçamento de Estado para 2015, fez questão de elogiar José Sócrates e salientou que este “resistiu até ao fim”. Chamou de “enganados” aqueles que “atrelaram o PS ao comboio da austeridade”, embora fosse o seu partido, nas mãos de José Sócrates através da assinatura do memorando de entendimento, que oficializou a rispidez dos anos que se seguiram.
Termino com a certeza de que Eduardo Ferro Rodrigues, atual presidente da Assembleia da República, é a desgraça anunciada que coloca a democracia em causa. Uma vergonha, entre outras tantas, que ainda pensa que pode apontar o dedo.
  G M  

As escutas telefónicas entre o Ferro, o Costa e o Pedroso( SIC):

1 comentário:

  1. NAO TEM OUTRA ALTERNATIVA SENAO O PEDIDO DE DEMISSAO. O NUMERO 2 DE PORTUGAL NAO PODE TER ESTAS PALAVRAS PERANTE O POVO PORTUGUES.

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