domingo, 8 de dezembro de 2019

A educação do ministro da educação


  
O problema do Sistema de Ensino em Portugal é uma questão endémica à qual não há volta a dar. E se houver levará décadas a resolver, porque a sua origem é ideológica. Só um sistema político transparente e legitimo sem premissas corruptivas a resolveriam numa década.
Esta semana saíram a público dois relatórios referentes ao ano de 2018: O do CNE e o do PISA. O primeiro é um rosário de propaganda governamental redigido em 377 páginas [Relatório Estado da Educação 2018 (Edição 2019), publicado pelo Conselho Nacional de Educação]. A introdução do mesmo, intitulada “À procura da Mudança” (pp.4-9) assim o diz. O segundo, cujos resultados foram publicados pelo jornal Público e pelo jornal i, retrata com crueza o experimentalismo (gramsciano, como quem diz soviético!) desta governação iniciada em Outubro de 2015 (versus 2005!).
Sobre o primeiro relatório, o da propaganda, o ministro da Educação, Brandão Rodrigues,  nada disse, como é óbvio, mas sobre o do PISA atirou a culpa para terceiros como é costume nos do costume. Sem referir o nome, as culpas foram directas para o seu antecessor, Nuno Crato. De quem assim actua pouco ou nada de bom se pode esperar.
Vejamos em poucas palavras o mandato de um e o do outro.
Entre 2012 e 2015, as competências de interpretação e leitura tinham aumentado dez pontos, colocando-se bem acima da média. Agora caíram 6, ficando-se o saldo positivo dos últimos seis anos em 4 pontos. Em Ciências, a subida com Crato tinha sido de 11 pontos e a descida de Brandão foi de 9 (um desastre completo). Em Matemática, a subida do PISA anterior foi 5 e o último manteve a cotação. Foram seis anos lamacentos, de estagnação.
Quase metade (43,6%) dos nossos alunos não consegue interpretar um texto com situações básicas.
Sobre isto o comentariado do costume, pago a preço de ouro, nada diz.
O sucesso não se decreta, adquire-se (conquista-se). Umas vezes com uma ponta de sorte (coisas da vida), mas, sobretudo, com uma pedagogia de trabalho, esforço, rigor e persistência.
Entretanto, tratam-se os professores como se fossem atrasados mentais, obrigando-os a avaliar os seus alunos de forma asquerosa. Mas ninguém vê, ninguém sabe de nada ...

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