segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Jorge Lage, um nome plural


JORGE  LAGE
Há quase 60 anos, quando peguei numa revista da obra Marista no Brasil, descobri entre os ex-alunos Maristas brasileiros, o Dr. Jorge Lage. Eu chegado de uma aldeia rural isolada o Dr. (Doutor) parecia-me uma miragem. No meu desejo de criança pensei: - E se um dia...? A revista desapareceu da minha vista mas o facto de haver, lá longe, um Dr. com o meu nome deixava-me a sonhar. Até que um dia aconteceu e recordei aquele Dr. Jorge Lage brasileiro e longínquo. Se esse Dr. Jorge Lage ainda for vivo andará na casa dos oitenta e tais anos. Mais tarde, quando fixei residência em Braga, ao pedir o número telefónico só havia na lista o meu apelido Lage. Passado alguns anos começou a encher-se de homónimos. Isto vem a propósito de ser questionado com frequência se sou desta ou daquela família Lage. Quando andava a estudar havia duas famílias Lage abastadas em Mirandela. A família do veterinário Lage de Fonte Mercê e outra. A minha família Lage (pela linha paterna) tem origem em Jou, concelho de Murça. E em Curros, concelho de Valpaços. A sina do meu nome e apelido têm tomado foros grotescos, ao ponto de eu já quase não ligar a que me chamem o que quiserem: Carlos Laje, Jorge Lajes, José Lage, Rui Lajes e não sei quantos mais. Agora querem colar-me ao treinador de futebol do Benfica, Bruno Lage. Contudo, este texto nasceu de há uns anos para cá me querem colocar no concelho de Arcos de Valdevez, havendo ali um sonante político e escritor, Jorge Lage. Mas, eu sou um transmontano que ama muito a região e isso provoca-me desconforto. Não troco a minha terra por honrarias ou fama. Nasci um simples aldeão e é assim que me vejo e sou feliz. Ainda hoje (12 de Outubro) recebi um telefonema do amigo, Prof. Luís Garcia, a informar-me que estava perante uma honrosa lápide minha na serra do Soajo. E não estava. Assim, para ajudar as pessoas a perceber como há muitas Marias na terra, também há muitos «Jorge Lage» no mundo e eu sou, apenas, mais um. Lembrei-me de fazer uma pesquisa na Google (empresa que já visitei em Pallo Alto – S. Francisco – Califórnia) e tive a surpresa de ver que o nome Jorge Lage é internacional e de figuras prestigiadas, sendo eu, apenas, como já disse, um peão deste puzzle. Desfiando, aparece um Jorge Lage, sócio gerente da Matintel, em Matosinhos. Na Maia, temos Jorge Lage Photagraphy – casamentos. Será um artista da fotografia? No Turismo de Portugal há o dirigente Jorge Lage, filho de amigos meus, com raízes em Rio Torto, Valpaços. Em Vila Real, há o médico gastroenterologista do Hospital da Luz e que aparece noutros locais. Há, mais uns quantos em Espanha e no Brasil todos bem cotados e epitetados. Até em Cuba, existe o Jorge Lage (Dávila), um escritor do poderoso clã cubano Lage. Depois, no Brasil, há-os por muitos estados sendo o mais sonante o clã de São Paulo, havendo até o parque urbano, «Jorge Lage», dos mais importantes desta grande metrópole brasileira. Por fim, resto eu, trabalhador da escrita, transmontano e mirandelense inveterado. Qualquer pesquisa a meu respeito convém acrescentar não meu nome, «Chelas» (a minha terra) ou «escritor», ou «etnógrafo», ou «Clubes da Floresta», ou ainda, «castanhas», «Maias», falares e muitos, muitos outros textos produzidos em mais de trinta anos de colaboração voluntária com o Notícias de Mirandela e outra imprensa. Aos poucos aparece o meu filho, Tiago (Jorge) Lage, lá longe no Canadá, em Alberta e Vancouver (Colúmbia Britânica). Assim, termino este esclarecimento, com uma dor infinda de um filho e netas ausentes, sendo a maior cruz que Deus me deu, a cruel separação deste meu filho, quase como se os meus olhos e o coração estivessem separados do corpo. Quem sabe se um dia nos vamos juntar uns poucos «Jorge Lage» ou «Lage» de várias famílias e nacionalidades? Eu adorava visitar o Brasil… e conhecer o Centro Cultural Português, em São Paulo e aí, de improviso abrir o meu livro da vida para outros lerem.

2 comentários:

  1. Deixo um abraço de total concordância com o que Jorge Golias, com a força moral que lhe assiste por ter sido «um dos pais da revolução da Abril de 1974, ao recordar a surpresa radiofónica, acerca dos contributos do Mirandelense Jorge Lage relativamente à bibliografia que já produziu acerca da Castanha, do castanheiro, do papel relevantíssimo que este produto produziu pelos tempos fora e que ainda hoje representa na economia rural do país. Mesmo que outros fortes motivos não houvesse para apontar este autor e investigador Transmontano como modelo de técnico, de difusor e de promotor nacional, os cinco livros que já colocou ao dispor dos interessados, bastariam para, em dia de exaltação nacional como tem sido o dez de Junho já ter recebido do Ministério da ciência, da agricultura,ou mesmo da Cultura uma condecoração honorífica. O próprio PR que tem estado em todas as frentes da observação pessoal de cada herói,não tem olhado para o lado certo. Nem parece conhecer os bons combatentes de todos os bons combates. Mas Jorge foi Combatente nas linhas da frente, tem a patente de coronel Miliciano, é licenciado em História, foi um técnico dedicadíssimo enquanto destacado para o ensino prático e, como jornalista, é - seguramente - o mais ativo, oportuno, isento e plural da atualidade. É, de facto, uma surpresa tão absoluta, como injustamente ignorada. Daí a gratidão que o país deve a esse destemido intelectual Tansmontano. B. da Fonte

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    1. Caro Doutor Barroso da Fonte, obrigado pelo seu comentário que não mereço. É minha obrigação defender os mirandelenses e os transmontanos. Como é minha obrigação tentar preservar a memória material e imaterial do nosso chão.
      Sobre o reconhecimento, o tempo e os amigos são os melhores observadores. Depois, penso pela minha cabeça, sou católico, humanista, geneticamente estou sempre ao lado dos mais desfavorecidos e rejeito o politicamente correcto e o pensamento único. Esquecia-me de dizer que sou um rural até à medula e transmontano, portanto não faço parte das contas honoríficas dos políticos que se alambuzam na manjedoura do Zé Povinho. Muito obrigado ao meu ilustre amigo e a todos os que por esse Portugal abaixo me apoiam e ajudam. Jorge Lage

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