Um sorriso do tamanho da vida! |
No último dia 12 a Associação Solveira Viva, apoiada pelo município de Montalegre e pela junta de freguesia de Solveira, promoveu uma homenagem a João Calvão da Silva, um "filho da terra" recentemente desaparecido. Foi uma sessão, iniciada com uma missa solene, à qual se seguiu a inauguração de uma rua e um busto e, por fim, um almoço convívio que juntou centenas de amigos em volta desta forte personalidade. A cerimónia ficou também marcada pela entrega da "Medalha de Mérito Municipal" por parte do município.
Nasceu
em 1952 na freguesia de Solveira. Passou pelo Mosteiro de Singeverga e pelo
Colégio de Lamego. Formou-se em Direito, onde foi professor até jubilar. Aí
conheceu Mota Pinto, primeiro ministro, que em 1983 o foi buscar para
Secretário de Estado Adjunto, até 1985. Calvão da Silva atravessou o Cavaquismo
como presidente da Comissão de Fiscalização da TAP e membro do Conselho
Superior do Ministério Público. Também integrou o Conselho Superior da
Magistratura, até 2009. Na década de 90 chega a deputado pelo PSD nas
legislativas de 1995, integrando a Comissão de Assuntos Constitucionais até
1999. Com Passos Coelho na liderança do PSD, em 2010, o professor de Direito de
Coimbra é convidado para vice-presidente do partido. «Por um imperativo ético»
aceita o convite de Passos para ministro da Administração Interna do XX Governo
Constitucional, cargo que ocupou entre 30 de outubro e 26 de novembro de 2015.
Fernando Nogueira que foi presidente do Partido Social Democrata associou-se a
esta homenagem e aí afirmou que «João Calvão da Silva foi um exemplo de
dedicação à vida, à família, à sua comunidade, às instituições onde trabalhou.
Era pessoa brilhante, jovial, alegre e um bom homem. Devem existir mais
homenagens à vida. Hoje em dia valoriza-se muito pouco o percurso de vida das
pessoas porque vivemos na tirania do efémero».
Fernando
Queiroga presidente da Câmara de Boticas, disse que o seu município também se
associou a esta homenagem que foi um barrosão vizinho e uma pessoa com quem
tinha muita afinidade e que ainda hoje mantenho com o seu filho. Foi um homem
simples, mas com uma capacidade enorme. Um agradecimento às gentes de Solveira
e ao município de Montalegre. Orlando Alves, Presidente da Câmara de
Montalegre, declarou que foi um barrosão ilustre; um académico e professor com
mérito reconhecido. Prestigiou a família, a terra e a academia a que pertencia.
Foi um político que deixa obra. Um homem que merece ser lembrado para sempre e
foi esse contributo que a Câmara de Montalegre também quis dar». O filho, João
Nuno Calvão, mostrou-se agradecido.
«No
final deste reconhecimento guardo um sentimento de profunda alegria e profunda
comoção. Vim cá muitas vezes ao longo da vida do meu pai. Não compartilhei
tanto como gostaria dos amigos e dos momentos da vinda à terra natal do meu
pai. Assistir a uma homenagem de toda a aldeia, de todo o município e receber
os abraços das pessoas que conheceram o meu pai, é algo que nunca esquecerei.
Estou muito grato a toda a organização e ao presidente do município que colocou
de lado a parte política e mesmo não conhecendo o meu pai entendeu que devia
homenageá-lo. Esse calor, numa terra fria, é algo que é inesquecível para mim.
Ande
eu por onde andar, nunca deixarei de ser um dos de Solveira» Carlos Antunes,
presidente da Associação Solveira Viva, natural dessa freguesia, encerrou os
testemunhos, afirmando: «Estou muito orgulhoso por terem estado presentes nesta
homenagem mais de 200 pessoas. Também estou orgulhoso pela qualidade dos
intervenientes. Foi um momento intimista onde reunimos amigos e colegas do João
Maria Calvão da Silva. Trouxemos a aldeia de Solveira connosco. Estou cansado,
mas muito satisfeito».
Muito bonito, os da terra, incluindo o poder municipal e o vizinho, associaram-se a esta justa homenagem. Homenagem que me deixa cheio de orgulho de ver mais um dos nossos, um transmontano e neste caso um grande Barrosão. Os Barrosões que tenho a honra de conhecer e de ser amigo, até na amizade e reconhecimento são grandes. Parabéns aos Presidentes, Orlando e Queiroga, ao Padre Fontes, aos que souberam dignificar-se a associarem-se a tão elevado e meritório acto pejado de humanismo. Parabéns ao Doutor Barroso da Fonte pelo seu belo e oportuno texto a destacar tão significativo acto. Porém, lamentando, quando olho para a minha Terra, Município de Mirandela, os que lá mandam sonegam um reconhecimento justo aos grandes que morreram (Nuno Nozelos) e aos vivos, como o grande e Primeiro Capitão de Abril, Coronel Jorge Golias. A alguns dos grandes mirandelenses assenta bem (mal) a lamentação de Jesus Cristo quando foi mal recebido em Nazaré.
ResponderEliminarCalvao da silva
ResponderEliminarGostaria muito de ter estado presente na homenagem ao Senhor Professor Doutor João Calvão da Silva mas apenas soube no próprio dia.
Foi meu companheiro de viagem, de Coimbra para Lisboa, nas quintas feiras em que me deslocava para o Supremo Tribunal de Justiça, onde fui Juiz Conselheiro, agora jubilado.
Discutia os nossos acórdãos e comentou vários dos meus acórdãos.
Ofereceu-me livros seus e trocávamos mensagens e telefonemas regularmente.
Foi um brilhante académico, respeitado em todos os quadrantes jurídicos.
Além da ligação jurídica, ligava-nos a mesma costela barrosã de que muito falámos também
Um homem que merecia uma homenagem em vida mas mais vale tarde que nunca e parabéns a quem a promoveu e ao Dr Barroso da Fonte por texto tão brilhante.