domingo, 29 de setembro de 2019

É bom que fique claro que o Presidente da República não é um criminoso.


Mário Adão Magalhães


Lapidar.
Isto de Tancos é pior que deus-mo-livre.
Na altura de tão ridículo que foi, dei-lhe pouca atenção porque qualquer importância que se lhe pudesse dar, e porque aquilo não era assim tão paroquial nem assunto de caserna, como de resto as devidas entidades estavam a fazer crer, o melhor era ficar aquém; bem distante daquela dimensão.
Tratava-se de segurança do Estado, do povo português. Logo estávamos todos em causa, com a nossa (in)segurança.
Havia contornos - digo-o com toda a humildade, que parecem haver tido inspirados na "Ida à Guerra" do imenso Raúl Solnado.
"No limite podia não ter havido furto nenhum" - verberava com ar categórico o senhor Azeredo Lopes. O valor fiduciário era de xis - agora nem vale verificar, como se fossem esses valores mais em causa, e também apareceram materiais que eram "deste tamanho" - gizava o senhor chefe maior de estado, com o competente sorriso triunfal. A televisão tem-no reiterado de tal modo que quase tenho a sensação as minhas teclas, estas que dígito aqui, aqui e assim, se inserem num aclive sonoro.
- Creio que precisava que as teclas do computador deviam transmitir para vocês que leem, o mesmo som emitido amiúde na televisão.
Isto é tão importante - foi desde o primeiro minuto, tão interessante, que me custa compreender que quase todos os agentes que superintendem, e os outros que por esta ou aquela razão haviam pronunciar-se, não o fizeram.
Com o tempo, ao sabor e à oportunidade do calendário político e demais interesses, foi sendo mexido, até que por fim se consuma a exoneração do senhor Azeredo e as respectivas descendências e circunferências. Faz-se luz, mas porque o calendário - os calendários, assim o exigiam - exigiram até à data fatal.
As eleições.
De modo algum estou a dizer que o assunto não mereça tratamento - oportunamente escrevi-o.
Lembro: Devia ter sido encarado desde o primeiro minuto, como um assunto gravíssimo de Estado.
Mas a política... Bem! As eleições...
E então quando o senhor Presidente da República tem que vir dizer: "É bom que fique claro que o Presidente da República não é um criminoso"...
É uma vergonha.
O senhor Presidente da República não é um criminoso. Criminosos somos nós elementos que compomos o Estado.
Cada povo tem o(s) governo(s) que merece.
Batemos... Portugal bateu outra vez no fundo.

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