A razão pela qual eu emigrei
Deixei esta terra que me viu nascer,
ANTÓNIO MAGALHÃES (Em Sheffield ) |
Os amigos, a família, a vida que era dura,
Fiz as malas e parti mesmo sem saber,
Se iria ganhar, se iria perder,
Nesta penosa e difícil aventura.
Foram muitas as batalhas a travar,
Algumas difíceis de vencer é verdade,
Mas a que nunca consegui superar,
A que tanto me fez chorar,
Foi a dor triste e sofrida da saudade.
Do medo e da incerteza fiz-me forte,
Arregacei as mangas e nunca deixei de lutar,
Crendo que com o trabalho e alguma sorte,
Sem nunca perder o norte,
As dificuldades haveria de superar.
A persistência da atitude que se toma
Faz a diferença entre vencer ou perder,
Por isso, país novo aprendo o idioma,
Porque se é certo que com boca se vai a Roma,
Só lá chegaremos se nos fizermos entender.
E nas minhas preces não é demais o que peço,
A não ser forças para continuar esta vida,
Há festa e há alegria no dia do meu regresso,
Mas Deus sabe o quanto me entristeço,
quando é chegado o dia da partida.
Longe estou dos que trago no pensamento,
Por isso os alojei no meu coração,
Para que estejam comigo a todo o momento,
Como quem da tempestade acalma o vento,
Como quem os tem sempre à mão.
Este lamento, esta triste melancolia,
É dor, é sofrimento de verdade,
Tanto que nem mesmo eu sabia
O quanto um emigrante sofria,
O quão profunda era a dor da saudade.
Deixei para trás o meu país, a minha gente,
Levei comigo o desejo de regressar,
E agora que conheci outra cultura tão diferente,
Não é que mudasse de opinião assim de repente,
Mas aos dois países quero sempre voltar.
No meu coração há um cantinho,
Para estes dois países eu acomodar,
Um porque com o tempo lhe ganhei carinho,
Acolheu-me quando me fiz ao caminho,
O outro no meu coração sempre há de ficar.
Do meu país fica uma enorme saudade,
Os amigos, a família que sempre tanto amei,
Mas no fundo a grande verdade,
Foi a procura de vida melhor e felicidade,
A grande razão pela qual eu emigrei.
António Magalhães
(Possivelmente Poemas)
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