O líder da Fenprof esperava “maior
abertura” do seu partido face ao que é “essencial” para os professores no que
toca ao tempo de serviço congelado. E assume estar magoado com a posição do PCP
e com os remoques de que está a ser alvo por parte de militantes comunistas.
Clara
Viana - PÚBLICO
8 de Maio de
2019, 6:48
Nogueira diz que só soube da resposta ao
seu apelo pela comunicação social RUI GAUDENCIO
Não é só à direita que as posições das direcções partidárias em relação ao
tempo de serviço dos professores estão a causar amargos de boca. Também à
esquerda a “falta de abertura” do PCP e do BE face ao que os professores
consideram essencial – a aprovação da recuperação integral do tempo de serviço
dos docentes – está a causar mal-estar, principalmente entre os
dirigentes sindicais que são militantes destes dois partidos.
É o caso do líder da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário
Nogueira, que em declarações ao PÚBLICO não esconde a sua mágoa face à posição anunciada nesta
segunda-feira pelo PCP, o partido de que é
militante de base e que vai contribuir para deitar por terra a contagem
integral do tempo de serviço congelado.
“Poderia ter havido uma maior consideração
pelos professores e isso põe-nos a pensar”, indicou Nogueira, que na
segunda-feira apelou directamente aos partidos de esquerda para que se
abstivessem na votação das condições propostas pelo PSD e CDS, no sentido de
fazer depender a concretização da contagem do tempo de serviço das condições
económicas do país. Porque a inclusão destas condições é “melhor do que ver
apagado os anos que os professores trabalharam”, que passou a ser o que está em
cima da mesa na votação da próxima sexta-feira no Parlamento, alertou. O apelo não surtiu efeito: PCP e BE anunciaram que vão mesmo
votar contra.
OS CARRASCOS DOS PROFESSORES |
“Estes mesmos critérios da sustentabilidade económica também estão
inscritos nos Orçamentos do Estado que o PCP e o BE aprovaram”, lembra
Nogueira. Questionado sobre se está a pensar desfiliar-se do PCP devido à
posição agora assumida por este partido, o líder da Fenprof comentou que ainda
não teve “tempo para pensar nisso”, mas também não descartou esta
possibilidade.
“Quando se aceita estar numa vida mais pública, consegue-se muitas vezes
viver com os insultos e ataques que muitas vezes vêm de onde já se espera. Não
é isso que mata. O que mói é quando vêm de pessoas mais próximas, como o meu
camarada Carlos Carvalhas, e isso põe-nos a pensar sobre o futuro”, resume
Nogueira.
Em campanha no Alentejo, o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, disse nesta terça-feira que “houve uma apreensão [do secretário-geral da Fenprof], que se
compreende perfeitamente. Mas a grande questão é que não podemos enganar e
iludir os professores”, votando favoravelmente os critérios da direita “a
troco de uma mão cheia de nada”. “Acho que, mais cedo ou mais tarde, os
professores vão assumir que fizemos bem”, disse.
O líder da Fenprof revelou ainda que só soube da posição do PCP e do BE
quanto ao modo como vão votar no Parlamento pela comunicação social.
Numa carta aberta dirigida a todos os líderes partidários, a plataforma das
dez estruturas sindicais que têm liderado a luta pela recuperação integral
apelou nesta terça-feira para que respeitem “os compromissos assumidos junto
dos docentes”, tendo em conta na votação de sexta-feira o que, para os
professores, é essencial”.
O líder da Federação Nacional da Educação, João Dias da Silva, está ainda à
espera de que esta carta “e o que têm vindo a dizer nos últimos dias” possa
reverter o esperado chumbo no Parlamento. “Não temos tido contactos formais,
mas quando estamos no mesmo espaço com outros temos dito o que nos preocupa e
deixado as nossas mensagens”, adiantou Dias da Silva, que é militante do PSD.
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