segunda-feira, 6 de maio de 2019

Do discurso de Rui Rio sobre a questão dos professores



É um discurso inatacável, bem estruturado. Rio chamou à liça o seu currículo e a fama de rigor nas contas públicas (na câmara do Porto, no PSD como secretário-geral de Marcelo e agora novamente no PSD a garantir como líder a redução do passivo). A seguir, passou ao ataque, e disse que não aceitava lições de ex-governantes de Sócrates. O visado era o número dois do Governo, Augusto Santos Silva. Mas, indirectamente, visou todos os que integraram os governos de Sócrates (como Mariana Vieira da Silva, que Sexta -Feira mentiu sobre este assunto). O que também inclui António Costa. Embora Relvas tenha vindo a terreiro para criticar, Rio estancou qualquer tentativa de balcanização do PSD.

"Se o Governo e o Partido Socialista persistirem em recusar as cláusulas de salvaguarda financeira, então o PSD não poderá votar favoravelmente o diploma final, porque, ele, nessa circunstância, pode efetivamente vir a originar excessos financeiros que as finanças públicas poderão não conseguir suportar”

"Ainda nenhum diploma foi votado sobre o descongelamento das carreiras dos professores. Apenas se sabe o que cada partido queria alterar ou rejeitar. Daqui, apenas resulta a proposta para votação final no plenário da Assembleia da República. Por isso, o PSD vai coerentemente manter as suas posições sem qualquer alteração. Vamos propor no plenário a inclusão das propostas de salvaguarda financeira que fizemos na comissão, e que o PS incoerentemente rejeitou.”

"Por isso, se o PS nos obrigar a reprovar a proposta por irresponsabilidade política e financeira da sua parte, o PSD assumirá no seu programa eleitoral, exatamente o mesmo compromisso que consta da proposta que, sobre esta matéria, fizemos na Assembleia da República".

"É pois neste enquadramento, que o senhor primeiro-ministro anunciou ao país, num ato de desespero e numa encenação com fraco sentido de Estado, que para evitar o caos financeiro apresentará a sua demissão se o diploma vir a ser aprovado. Um gesto a fazer lembrar o golpe interno no PS contra António José Seguro. Ou no Parlamento após a derrota eleitoral de 2015. Um ato de fuga às responsabilidades, que se assemelha aquele jogador que, estando a perder o jogo e sem que ninguém lhe toque, se atira para o chão a ver se engana o árbitro e consegue um penálti inexistente".

Acusou António Costa de hipocrisia, falsidade, mentira, taticismo, falta de sentido de Estado.  Lembrou ainda que Costa “traiu” António José Seguro, que arrumou Passos Coelho com taticismo parlamentar e acusou-o de ser um fingido. Rio quis ainda dizer aos portugueses que o PS caminha para uma derrota (ou uma “vitória de Pirro”) nas Europeias e que foi por isso que Costa, o calculista, montou uma “lamentável encenação”.


"Morreram mais de 100 pessoas nos incêndios de 2017 e o primeiro-ministro não se demitiu (…) os membros deste Governo enxamearam a administração pública com os seus familiares e amigos socialistas e o primeiro-ministro não se demitiu. Roubou-se material de guerra em Tancos como quem rouba um galinheiro e não se demitiu. Morrem portugueses porque uma estrada no Alentejo abateu por desleixo na segurança e não se demitiu. Agora, porque a AR — que ele tão bem soube utilizar para formar governo sem ter ganho as eleições — debate um diploma com reduzidíssima implicação financeira, face ao que o próprio Governo já tinha assumido, monta um golpe de teatro amador e ameaça que se vai embora. Comigo, não pode contar para ser figurante em peças de teatro de má qualidade, nem para ser corredor de velocidade em disputas mediáticas".

"O líder socialista quis fabricar um caso político de vitimização para enganar os portugueses. Um número de ilusionismo eleitoral para atacar o PSD e a mim próprio e tentar criar a falsa ideia de que estamos a aprovar medidas que empurrariam o país para uma orgia orçamental (…) Na minha vida nunca pus em causa o equilíbrio financeiro das instituições por que fui responsável. Nem na gestão política, nem na gestão profissional enquanto economista. Se há matéria em que poucos me podem dar lições é sobre questões de rigor na gestão dos dinheiros públicos. O despesismo dos dinheiros do Estado nunca fez nem fará parte da minha forma de atuar na política. Do mesmo não se podem orgulhar outros d0s que nos últimos dias nos têm cinicamente tentado dar lições de finanças em tudo o que é espaço mediático, principalmente aqueles que participaram nos governos presididos pelo engenheiro Sócrates. Haja alguma decência e algum respeito pela verdade”.

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