É um discurso
inatacável, bem estruturado. Rio chamou à liça o seu currículo e a fama de
rigor nas contas públicas (na câmara do Porto, no PSD como secretário-geral de
Marcelo e agora novamente no PSD a garantir como líder a redução do passivo). A
seguir, passou ao ataque, e disse que não aceitava lições de
ex-governantes de Sócrates. O visado era o número dois do Governo, Augusto
Santos Silva. Mas, indirectamente, visou todos os que integraram os governos de
Sócrates (como Mariana Vieira da Silva, que Sexta -Feira mentiu sobre este
assunto). O que também inclui António Costa. Embora Relvas tenha vindo a terreiro para
criticar, Rio estancou qualquer tentativa de
balcanização do PSD.
"Se o Governo e o Partido Socialista persistirem em recusar as cláusulas de
salvaguarda financeira, então o PSD não poderá votar favoravelmente o diploma
final, porque, ele, nessa circunstância, pode efetivamente vir a originar
excessos financeiros que as finanças públicas poderão não conseguir suportar”
"Ainda nenhum diploma foi votado sobre o descongelamento das carreiras dos
professores. Apenas se sabe o que cada partido queria alterar ou rejeitar.
Daqui, apenas resulta a proposta para votação final no plenário da Assembleia
da República. Por isso, o PSD vai coerentemente manter as suas posições sem
qualquer alteração. Vamos propor no plenário a inclusão das propostas de
salvaguarda financeira que fizemos na comissão, e que o PS incoerentemente
rejeitou.”
"Por isso, se o PS nos obrigar a reprovar a proposta por irresponsabilidade
política e financeira da sua parte, o PSD assumirá no seu programa eleitoral,
exatamente o mesmo compromisso que consta da proposta que, sobre esta matéria,
fizemos na Assembleia da República".
"É pois neste enquadramento, que o senhor primeiro-ministro anunciou ao
país, num ato de desespero e numa encenação com fraco sentido de Estado, que
para evitar o caos financeiro apresentará a sua demissão se o diploma vir a ser
aprovado. Um gesto a fazer lembrar o golpe interno no PS contra António José
Seguro. Ou no Parlamento após a derrota eleitoral de 2015. Um ato de fuga às
responsabilidades, que se assemelha aquele jogador que, estando a perder o jogo
e sem que ninguém lhe toque, se atira para o chão a ver se engana o árbitro e
consegue um penálti inexistente".
Acusou
António Costa de hipocrisia, falsidade, mentira, taticismo, falta de sentido de
Estado. Lembrou ainda que Costa “traiu”
António José Seguro, que arrumou Passos Coelho com taticismo parlamentar e
acusou-o de ser um fingido. Rio quis ainda dizer aos portugueses que o PS
caminha para uma derrota (ou uma “vitória de Pirro”) nas Europeias e que foi
por isso que Costa, o calculista, montou uma “lamentável encenação”.
"Morreram mais de 100 pessoas nos incêndios de 2017 e o primeiro-ministro
não se demitiu (…) os membros deste Governo enxamearam a administração pública
com os seus familiares e amigos socialistas e o primeiro-ministro não se
demitiu. Roubou-se material de guerra em Tancos como quem rouba um galinheiro e
não se demitiu. Morrem portugueses porque uma estrada no Alentejo abateu por
desleixo na segurança e não se demitiu. Agora, porque a AR — que ele tão bem
soube utilizar para formar governo sem ter ganho as eleições — debate um
diploma com reduzidíssima implicação financeira, face ao que o próprio Governo
já tinha assumido, monta um golpe de teatro amador e ameaça que se vai embora.
Comigo, não pode contar para ser figurante em peças de teatro de má qualidade,
nem para ser corredor de velocidade em disputas mediáticas".
"O líder socialista quis fabricar um caso político de vitimização para
enganar os portugueses. Um número de ilusionismo eleitoral para atacar o PSD e
a mim próprio e tentar criar a falsa ideia de que estamos a aprovar medidas que
empurrariam o país para uma orgia orçamental (…) Na minha vida nunca pus em
causa o equilíbrio financeiro das instituições por que fui responsável. Nem na
gestão política, nem na gestão profissional enquanto economista. Se há matéria
em que poucos me podem dar lições é sobre questões de rigor na gestão dos
dinheiros públicos. O despesismo dos dinheiros do Estado nunca fez nem fará
parte da minha forma de atuar na política. Do mesmo não se podem orgulhar
outros d0s que nos últimos dias nos têm cinicamente tentado dar lições de
finanças em tudo o que é espaço mediático, principalmente aqueles que
participaram nos governos presididos pelo engenheiro Sócrates. Haja alguma
decência e algum respeito pela verdade”.
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