sábado, 30 de março de 2019

Trás-os-Montes está na cauda das regiões mais pobres da Europa

 Terras de Barroso

Por BARROSO da FONTE

Tenho orgulho em ter nascido em Trás-os-Montes. E em defender o Entre Douro e Minho que foi uma espécie de quintal hortículo, enquanto Condado Portucalense e, por isso, primeira capital histórica de Portugal.

 Nascer rico, por abrir os olhos ao mundo numa cidade como Lisboa, Londres ou Nova Iorque, não confere àqueles que aí entram na vida: corpulência, sabedoria e direito para humilhar os outros. Todos chegamos ao mundo, envoltos numa placenta ensanguentada, com olhos semiabertos e a deitar a língua de fora, para expelir saliva espumosa como todos os seres vivos. Diz o ditado que «quem vê um povo, vê o mundo todo». A riqueza material, a sabedoria, a competência e, sobretudo, a dignidade cívica, ganham-se depois, através daquilo que identifica as pessoas, de boas ou más, ricas ou pobres, cultas ou petrificadas de corpo e alma.
Leio no JN de 19 de Março que «se o Norte fosse um país seria o quarto mais pobre da União Europeia». Essa página é ilustrada com gráficos a cores e confirma que abaixo da Região Norte de Portugal, só a Bulgária, a Croácia e a Roménia são mais pobres. 
Pessoalmente não tenho vergonha por ter nascido em Trás-os-Montes. Nem sou subserviente perante pessoas que sejam mais do que eu, sejam ricas ou pobres. Tenho – isso sim – vergonha dos Sócrates, dos Varas, dos Oliveiras e Costa, dos Duartes Lima, dos Pinhos, dos jarretas e pernetas que roubaram as caixas gerais, os bancos que agora nos roubam a nós, que temos de pagar, com língua de palmo, esses crimes que mereceriam prisão perpétua aos seus autores.
Mas tenho vergonha de ser governado, como se leu na mesma edição do JN, por um Executivo que «em família abre porta a decisões informais», como se demonstra na página 8 do mesmo JN. Essa prova provada tem o selo da instituição «Transparência e Integridade» que alerta para «os sinais preocupantes desses exemplos e o risco de as decisões serem tomadas em círculos informais, sem documentação que permita fiscalizar as políticas públicas e a desilusão dos cidadãos para com a política».


A rebaldaria com que o ministro Pedro Nuno Santos defende que a mulher (dele) não pode ser prejudicada por ser quem é, é muito pobre porque é um argumento recorrente, prejudica as instituições, desacredita a democracia e vulgariza o uso e o abuso de um dos crimes mais conhecidos da administração pública que é o peculato». Muitos funcionários públicos têm sido condenados por esse crime, perdendo o emprego, repondo os prejuízos e cumprindo prisão.
Ainda a mesma edição do JN dedica a página 12 a mostrar os autores e as provas do crime, ao ser anunciado mais um atestado de pobreza, em crescendo das zonas periféricas, com a promulgação do programa Navegante. É uma tirania, é um embuste, é a morte anunciada do Norte e do país real.

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