Por BARROSO da FONTE
Tenho orgulho
em ter nascido em Trás-os-Montes. E em defender o Entre Douro e Minho que foi
uma espécie de quintal hortículo, enquanto Condado Portucalense e, por isso,
primeira capital histórica de Portugal.
Nascer rico,
por abrir os olhos ao mundo numa cidade como Lisboa, Londres ou Nova Iorque,
não confere àqueles que aí entram na vida: corpulência, sabedoria e direito
para humilhar os outros. Todos chegamos ao mundo, envoltos numa placenta
ensanguentada, com olhos semiabertos e a deitar a língua de fora, para expelir
saliva espumosa como todos os seres vivos. Diz o ditado que «quem vê um povo,
vê o mundo todo». A riqueza material, a sabedoria, a competência e, sobretudo,
a dignidade cívica, ganham-se depois, através daquilo que identifica as
pessoas, de boas ou más, ricas ou pobres, cultas ou petrificadas de corpo e
alma.
Leio no JN de 19 de Março que «se o Norte fosse um
país seria o quarto mais pobre da União Europeia». Essa página é ilustrada com
gráficos a cores e confirma que abaixo da Região Norte de Portugal, só a
Bulgária, a Croácia e a Roménia são mais pobres.
Pessoalmente não tenho vergonha por ter nascido em
Trás-os-Montes. Nem sou subserviente perante pessoas que sejam mais do que eu,
sejam ricas ou pobres. Tenho – isso sim – vergonha dos Sócrates, dos Varas, dos
Oliveiras e Costa, dos Duartes Lima, dos Pinhos, dos jarretas e pernetas que
roubaram as caixas gerais, os bancos que agora nos roubam a nós, que temos de
pagar, com língua de palmo, esses crimes que mereceriam prisão perpétua aos
seus autores.
Mas tenho vergonha de ser governado, como se leu na
mesma edição do JN, por um Executivo que «em família abre porta a decisões
informais», como se demonstra na página 8 do mesmo JN. Essa prova provada tem o
selo da instituição «Transparência e Integridade» que alerta para «os sinais
preocupantes desses exemplos e o risco de as decisões serem tomadas em círculos
informais, sem documentação que permita fiscalizar as políticas públicas e a
desilusão dos cidadãos para com a política».
A rebaldaria com que o ministro Pedro Nuno Santos defende que a mulher (dele) não pode ser prejudicada por ser quem é, é muito pobre porque é um argumento recorrente, prejudica as instituições, desacredita a democracia e vulgariza o uso e o abuso de um dos crimes mais conhecidos da administração pública que é o peculato». Muitos funcionários públicos têm sido condenados por esse crime, perdendo o emprego, repondo os prejuízos e cumprindo prisão.
Ainda a mesma
edição do JN dedica a página 12 a mostrar os autores e as provas do crime, ao
ser anunciado mais um atestado de pobreza, em crescendo das zonas periféricas,
com a promulgação do programa Navegante. É uma tirania, é um embuste, é a morte
anunciada do Norte e do país real.
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