As siglas são muito utilizadas na retórica
política e no texto legislativo sobre urbanismo porque ajuda a condensar várias
palavras em poucas letras. Por exemplo: LBPSOTU – Lei de Bases da Política
Pública de Solos, de Ordenamento do Território e de Urbanismo; RJIGT – Regime Jurídico dos Instrumentos de
Gestão Territorial; RJUE – Regime
Jurídico da Urbanização e Edificação.
Jornalistas
e acompanhantes do senhor Presidente da Câmara Municipal, no último périplo por
Paços e Freamunde, ouviram explicações sobre política de incentivos ao
investimento local com recurso a siglas como ARU; PARU; PERU e ORU! Ficou a
faltar CU (Centralidade Urbana)! Uma questão que considero fundamental para
valorizar e salvar a qualidade urbana da cidade de Paços de Ferreira.
A republicação na imprensa da acção política
do senhor Presidente da Câmara sobre Urbanismo, Mobilidade, Mercado de
Habitação, Transportes e Coesão Territorial contém incongruências preocupantes.
Classifica o Concelho de Capital Europeia do Móvel estribando-se na área de
exposição de mobiliário decadente que, na sua opinião, é a maior da Europa. Por
outro lado desafia os proprietários das exposições encerradas a convertê-las em
habitação! Nem sempre será possível ou aconselhável!
Reconheço,
para lá da demagogia, há trabalho feito e vontade de fazer, distinguindo-se dos
seus antecessores que fizeram pouco e mal ao concelho, em trinta e sete anos.
As
fotos publicadas dos investimentos previstos, algumas, indiciam “vícios” e “pecados”
usados por executivos anteriores que foram capturados por interesses privados!
Quem construiu e constrói em Paços de Ferreira compra caro o metro quadrado de
terreno mas, dentro da Câmara Municipal, responsabilizam-se de o tornar barato
e muito rentável! A cidade fica a perder e os investidores ficam a ganhar!
A
montagem de apoio ao texto serve apenas para denunciar e pressionar o poder
político e os proprietários das várias parcelas de terreno, bem no centro da
cidade, a entenderem-se. A edificação proposta, constituída por um corpo
cilíndrico e dois esféricos, é intencional e simboliza a incapacidade do Poder
Político e dos vários proprietários em fazer e gerar uma nova vida para a cidade.
O bloqueio de várias décadas passa pela reestruturação de toda a área. Há
legislação clara e suficiente para o fim em vista. A operação de emparcelamento
dos vários prédios é indispensável, criando condições à construção urbana,
mediante operações urbanísticas de loteamento definindo a edificabilidade. Se,
a iniciativa destas operações não partir dos proprietários, a Câmara Municipal
pode torná-la pública, mediante imposição administrativa. A Câmara Municipal só
terá de proceder à expropriação por causa de utilidade pública da execução do
plano em vista.
A montagem é simbólica e não teve em conta o
PDM (Plano Director Municipal)! Poderá realçar apenas a importância na redução
da impermeabilização do solo que começa a ser preocupante na cidade. O PDM,
desde a sua primeira publicação em Diário da República, esteve sempre em causa
e, pelo que observo, temo que continue a estar! Quando aqui cheguei, há
quarenta e cinco anos, Freamunde tinha identidade e alma! Ficou sem alma com a
demolição do Mercado! Paços de Ferreira era uma vila com índices de utilização
do solo muito baixos e todas edificações tinham quintal! Quarenta e cinco anos
depois, a cidade de Paços de Ferreira mantém intacto um “LAMEIRO”, em zona
central, delimitado pela Avenida dos Templários + Avenida Primeiro Dezembro +
Rua Tenente Leonardo Meireles, que importa dignificar!
Artur Ferreira
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